Terminamos o Ping Pong da semana passada com um alemão, e começamos esta com outro. Jan Riehle, de 34 anos, passou bons anos de sua vida representando investidores europeus no Brasil e sendo o que chama de “investidor-anjo” ativo –nesta, trabalhou em contato com startups como a ClickOn e o BrandsClub. Agora, ele passa para o lado negro da força e atua como CEO da Itaro.com.br, uma oficina virtual para carros.
Fundada em 2012, a Itaro fechou recentemente uma rodada de investimentos com a Simile Ventures, em conjunto com Rising Venture e Unique Partners. O valor do aporte não foi divulgado, mas a companhia afirma que espera faturar R$ 10 milhões no ano de 2013.
O que te inspira na vida e no trabalho?
O que mais me inspira, tanto no trabalho quanto na vida, é o desafio de poder construir alguma coisa significativa, que possa mudar a vida das pessoas.
Você lembra como foi seu primeiro contato com a tecnologia?
Foi quando eu tinha seis anos. Desenvolvi um jogo de “pulo e corrida” no Commodore 64 (um computador doméstico comumente chamado de C64) do meu pai.
O que te fez começar a empreender? Como você se preparou para ser um empreendedor?
Comecei minha primeira empresa com 20 anos, sempre pensando em construir algo grande, que pudesse ajudar e mudar a vida das pessoas. E, foi pensando nisso, que comecei a me preparar para empreender. Fiz MBA pelo Institut Européen d’Administration dês Affaires – INSEAD e dois Mestrados em Ciência. Depois, atuando como representante de investidores europeus no Brasil, cuidei de empresas como ClickOn e Brandsclub. Depois, cofundei alguns outros e-commerce como um investidor anjo “ativo” – como a eÓtica, a OndaLocal e a Juv & You. Aí enxerguei a oportunidade de focar uma loja on-line no nicho automotivo, começando com a oferta de pneus, mas com planos de aumentar o portfólio vendendo também acessórios. E assim comecei a empreender no Brasil.
Quando você começou esta startup, qual foi sua visão de sucesso?
A Itaro se transformar na maior distribuidora de produtos automotivos para B2C e B2B do Brasil.
No Brasil, todo mundo é meio técnico da seleção e quer escalar o time dos sonhos. Como você fez para escalar o seu time?
Os sócio e parceiros eu costumo buscar na INSEAD. Colaboradores buscamos só nas principais Universidades do país, como a USP ou a FGV, por exemplo.
Além disso, é preciso vender o projeto para a pessoa. Mostrar que a Itaro.com.br é um local bom para trabalhar. Hoje, temos um ex-executivo da Pirelli, o Carlos Magno, que chegou para ser Diretor Comercial da Itaro. É mais um que acreditou no projeto.
Você gasta quanto do seu tempo com vendas?
100% do meu tempo são vendas. Como CEO, você tem que ser 100% vendedor. Você acaba vendendo para funcionários, sócios, clientes, investidores e todas as pessoas que, de alguma forma, tenham algo a ver com a sua empresa. Não estou falando de vender apenas produtos, é uma questão de vender ideia, conceito e visão.
Prefere bootstrap ou empreender com o dinheiro de sócios?
O ideal é começar com o próprio dinheiro, com as próprias pernas. Depois, passar a contar com o dinheiro e a força de investidores. Crescimento rápido e orgânico, infelizmente, raramente combina.
Você venderia sua empresa e se desligaria dela? Como isso aconteceria?
Sim, já vendi algumas. Isso acontece, faz parte do mercado. Mas, como bom empreendedor que sou, acabaria buscando outra empresa ou ideia para empreender.
Para onde o mercado brasileiro vai? E as startups vão junto, vão na frente ou atrás?
Estou otimista. Acredito que é momento de uma saudável consolidação e sobrevivência das empresas mais aptas. Para o final do ano, deve haver expansão do mercado e das empresas. Para próximos cinco anos, o cenário é bastante promissor. E claro que as startups vão junto.
Você se sente realizado? já conquistou o sucesso? Sua noção de sucesso alterou conforme a trajetória da startup?
Nem um pouco. É muito cedo e muita coisa ainda vai acontecer.
Quais startups te deixam mais feliz como cliente?
O Gaveteiro é uma startup que me deixa super feliz como cliente. A eÓtica, a OndaLocal, a Printi e a Emprego Ligado também são startups que me deixam muito satisfeito.
Se você fosse se tornar sócio investidor de uma startup, qual ou quais seriam elas?
Qualquer startup que atinja um grande mercado e tenha uma incrível equipe por trás.
Quais dicas você daria para quem está pensando em empreender uma startup?
Se você ainda está pensando e não agiu, não criou nada, você não é um empreendedor.
Se você estiver começando algo, mas está sozinho, vá, olhe para os outros e busque bons parceiros. Atualmente, os mercados são extremamente complexos para se construir uma empresa sem um parceiro ou colega.