No final de junho, participei da banca avaliadora de pitches do Start-up Lab, que teve o The Hub São Paulo como anfitrião em parceria com a Artemisia. O evento deu a oportunidade aos responsáveis pelos oito projetos pré-aprovados de apresentarem seu plano de negócios durante 5 minutos para os avaliadores, além do público de aproximadamente 80 ouvintes. Após os elevator pitches, houve ainda um open space, no qual todos puderam falar livremente com os empreendedores.
As startups apresentadas todas foram do chamado setor 2.5 – empresas com caráter de ONG, filantrópico, de apoiar o desenvolvimento ou o meio ambiente, mas que dão lucro, como por exemplo uma empresa que instala telhados verdes, outra de produtos de limpeza não-poluentes. É um setor que está bem quente, com muitos investidores de olho.
A banca avaliadora inteira também tinha apenas 5 min para comentar cada projeto. Então, quando chegava a minha vez, não dava tempo para repetir os elogios, apenas para criticas que não haviam sido feitas e sugestões sobre como melhorar.
A maioria dos pitches realmente não estavam muito bem preparados. Se você tem só 5 minutos para falar de uma oportunidade, tem que explicar o que faz em 30 segundos e usar o resto do tempo para justificar porque aquilo vai dar certo e como pretende executar o plano.
Houve apresentações em que o empreendedor estava claramente empolgado com o negócio, mas não tinha um plano ou estrutura para ele. Outros tinham um plano de negócios, mas faltava brilho no olho que demonstrasse que estavam dispostos a dar o sangue – e não é possível fundar uma startup sem sangrar um pouco.
A principal observação sobre tudo isso é que: quanto menos tempo o empreendedor tiver para apresentar seu projeto, mais tempo ele precisa para preparar a apresentação. Vale a pena estruturar a apresentação e ensaiá-la muito. Basicamente, se sua família e amigos ainda não se cansaram de ouvir seu pitch, você não está pronto 🙂
Algumas pessoas não participam deste tipo de evento porque querem guardar seu negócio como um segredo. Entretanto, é muito mais interessante você obter feedback sobre seu projeto do que escondê-lo, pois as pessoas podem apontar pequenas falhas e melhorias que você só perceberia na prática – e aprender na prática é muito mais caro.
Tem bastante dinheiro à disposição de novos negócios no Brasil. E bastante ideias muito boas de empresas e produtos. A questão, além de fazer os investidores encontrarem os empreendedores, é ter essas startups já bem planejadas, para que o investidor não as descarte.
A ideia é só um dos elementos necessários, é muito importante ter ainda um plano de como executar as ideias e ainda uma equipe, pessoas capazes de aplicarem o planejamento. Enquanto muita gente tem boas ideias, poucas estão comprometidas a sacrificar todo seu tempo livre, tempo com a família e amigos e lazer por vários meses para planejar até que a ideia seja realmente sólida antes de procurar investidores.