Muitas pessoas que conheço que puderam concretizar boas ideias creditam suas venturas a um espírito inquieto, algo dentro de si que não os deixava ficar parados. Entre esses caras, um que tem se destacado como “startupeiro” brasileiro, tendo até ganhado o prêmio jovem brasileiro na categoria empreendedor, é Marco Gomes.
A história de Marco começa com muitos anos (em internet, 8 anos são pelo menos duas eras inteiras) de experiência acumulada trabalhando como desenvolvedor e coordenador em agências como a Click – nada como aprender com o dinheiro dos outros.
Insoniaware
Um fator decisivo na virada de Marco-mais-um-desenvolvedor para Marco-Gomes-da-boo-box chama-se insônia. Mais precisamente uma coisa que eu chamo de insoniaware: pequenos softwares escritos em uma boa noite de insônia produtiva.
Meu primeiro contato com ele foi quando, por conta de uma palestra que eu daria sobre Ajax no Intercon em 2006, ele me apresentou um destes insoniawares: “Fiz uma aplicaçãozinha em uma noite, só pra aprender a manipular XML e resposta de API, chama-se Wallpapr“.
Marco é desta geração na qual eu me incluo também que foi impactada com o Getting Real, o livro no qual o pessoal da 37Signals compartilha alguns de seus melhores insights sobre desenvolvimento, design e negócios.
Programar é grátis
A partir da inspiração da 37Signals, Marco trouxe seu próprio livro, seu manifesto, sua campanha: programar é grátis. “Você não pode esperar arrumar um estágio, ou emprego, que te ensine (de mão beijada) a ser um bom desenvolvedor. Um bom desenvolvedor se cria sozinho, nas madrugadas selvagens dos canais de IRC e grupos de e-mail.”
Foi numa destas madrugadas selvagens que Marco mandou um email para o Raphael Vasconcellos “mostrando uma foto da Gisele Bündchen de All Star, dizendo que a gente podia vender o All Star dela, mas foi só isso, sequer lembrei disso no outro dia, estava meio bêbado de sono”.
boo-box: concretizando uma ideia
Os dois amadureceram a ideia e o plano de negócios e com a ajuda de um excelente design – nessas horas não é nada mal ter bons amigos diretores de arte da agência click – desenvolveram e lançaram a boo-box. O produto apareceu no techcrunch, depois recebeu investimento da Monashees Capital, recebeu Marcos Tanaka como CEO e o resto é história.
Este espírito do Marco se resume em uma parábola que ele, brincando, sempre conta: se você tem uma ideia, você tem que concretiza-la ou ela fica lá pairando no mundo das ideias procurando outra pessoa até que alguém vai lá e a concretiza no seu lugar. “É uma boa maneira de exemplificar o que acontece se você ficar de bundamolismo e não implementar logo o que pensou”, diz ele.
Como ensina o Getting Real, a implementação multiplica o valor da ideia, boa ideia mal implementada não vale muita coisa. E é da energia de um praticante de “le parcours du combatant” aplicada a implementação de boas ideias – e com ótimos amigos que o ajudaram muito até aqui – que resulta este exemplo de startupeiro que é o Marco Gomes.
Pronto para a conversa
E da mesma maneira que assume ter recebido ajuda de tantos amigos, Marco se dispõe à conversa com quem quiser:
Não tenho experiência ainda pra pagar de guru e escrever livros sobre empreendedorismo, mesmo porque ainda não atingi nem um passo da longa caminhada que planejo pra minha carreira, mas adoro conversar sobre o que aprendi com quem está interessado nos mesmos assuntos que eu. Se quiser falar comigo, para ensinar e aprender, estou sempre acessível via e-mail e respondo todas as mensagens.