Muita gente me pergunta se nosso meio startup (formado basicamente por empreendedores + tecnologistas + investidores) está passando por uma bolha e se ela vai estourar. Para dizer que sim, já teve especialista que se embasou em gráficos e teorias de outros mercados; teve jornalista que se baseou na vida dura do e-commerce brasileiro (aqui é muito caro adquirir e manter clientes); ouvi até investidor dizer que a coisa tá feia porque vai ter Copa do Mundo e Eleições; teve empreendedor apontando que a quantidade e o volume de investimentos vem diminuindo.
Sobre teorias: é fácil construir argumentos – assim como as “métricas da vaidade”. Sobre e-commerce: tenho certeza que não vivemos só disso. Sobre os jogos, incluindo o político: o mercado é emocional; Andy Grove escreveu um livro para provar que nos negócios apenas os paranóicos sobrevivem; mas nem preciso citar exemplos de que tempos de mudança e de dureza são muito mais favoráveis a empreendedores do que a especuladores. Sobre o número de investimentos: de um ano para cá, vem acontecendo vários investimentos de capital semente que os investidores e empreendedores não querem que a imprensa divulgue (para que os outros não invistam nas mesmas áreas).
Eu acredito que há outras perguntas mais interessantes (do que bolha estourando) – como algumas que fiz para um dos vice-presidentes da Zendesk, que esta semana pediu para abrir capital na Bolsa americana e visitou nossa redação em São Paulo. Perguntei várias coisas, que ainda não posso compartilhar com vocês porque me comprometi com o período de silêncio que obrigatoriamente antecede os IPOs, mas posso adiantar que isso tudo foi uma grande aula de paciência, uma verdadeira oficina de zen. A visita foi um dia depois de eu receber de uma entidade um kit de especiarias indianas, um traje para yóga e um convite para um evento cultural sobre o tema. E isso foi um dia depois de eu ter baixado um app de mantras.
Isso tudo me parece uma lição sobre ver o lado bom das coisas. Eu sei que temos de lidar com o Heartbleed, com a NSA e até a US AID andou causando o horror por aqui. Por isso mesmo que temos de focar no fato de que temos cada vez mais gente ajudando a orientar e qualificar empreendedores, construir produtos e reconstruir negócios, oferecer APIs e investimento, abrir as portas e os olhos, criptografar o dinheiro e até o correio eletrônico. Não sei se é bolha, sei é que não se pisa no pé do outro nem se deixa de andar. O empreendedor é um sofredor mas também é um corajoso imparável.
Este editorial integra a newsletter Startupi News 2, enviada em 13 de Abril de 2014. Assine na barra lateral.