Um sistema online de gestão escolar acelerado in Rio está ganhando tração nas escolas particulares e prepara uma estratégia para escolas públicas. Depois de anos alguns customizando software para escolas, a WPensar passou a desenvolver seu produto online como auto-serviço e desde novembro conta com a ajuda de uma sócia diferenciada, a aceleradora carioca Pipa (que está credenciada para o Start-Up Brasil e fazendo campanha para atrair também empreendedores estrangeiros).
O software tem um grande número de funcionalidades, que podem ser acionadas conforme a necessidade, em 6 tipos de módulos. Recentemente, a empresa atraiu outra sócia, mais diferenciada ainda: a gestora de investimentos de impacto Vox Capital, sediada em São Paulo e afeita a negócios sociais. Digo diferenciada porque com abordagens que não são tão óbvias e comuns no nosso ecossistema. O aporte foi por meio da estratégia Vox Labs, como se fosse uma categoria de acesso para startups – pois o ticket médio tradicional da Vox seria de vários milhões, para empresas que estão em outro momento.
“Nós já temos clientes e um modelo de negócios definido. A Pipa está nos ajudando a arrumar a casa, questões de branding e fazer networking. Focamos em produtivizar mais o software e conhecemos pessoas que nos dão uma noção melhor de como lidar com investidores”, posiciona Bruno Damasco, co-fundador da WPensar (junto com Gustavo Horta e Matheus Moreira). “Nosso foco é cuidar da gestão para que as escolas se preocupem com o ensino. Escolas privadas e públicas perdem muito tempo e recursos cuidando da gestão. O Brasil tem 250 mil escolas mas 70% delas não tem software de gestão. Nosso produto é para as particulares, que são 50 mil, mas estamos montando uma versão para públicas até o final do ano”, conta.
“Temos por volta de 90 clientes únicos em 225 unidades. Pegamos o dinheiro para aumentar a equipe comercial e dar escala às vendas. Nossa venda é feita inteiramente online, vem como lead e nossos vendedores negociam. 90% dos clientes nem reclamam de ter que comprar pela Internet”, explica. “Não somos nem os mais caros nem os mais baratos, mas somos de alta qualidade. Em questão de usabilidade somos os melhores”, defende o empreendedor, com o que eu arrisco em concordar, pois naveguei pelo software e achei muito bem resolvido, em termos de utilidade, e bem fácil em termos de uso.
Veja abaixo dos slides o relato de Bruno sobre a criação da empresa, num processo que ouso relacionar ao (críticos, comentai!) customer development.
Para o acelerador Dhaval Chadha, sócio da Pipa, “a grande maioria dos especialistas no mundo de educação hoje concordam que o desafio do Brasil nessa área passa antes que mais nada por uma melhoraria de gestão das escolas e secretarias. Se os professores e alunos nem estão na sala de aula e a gestão financeira não está organizada, temos um trabalho anterior à melhoria de conteúdo e ferramentas. O time dessa empresa é impressionante. Jovens talentosos e com uma energia contagiosa. Se existem uma turma que vai lá e faz, é essa”.
O representante da Vox Capital, Daniel Izzo (que também é colunista do Startupi), concorda que ” existe uma enorme carência em ferramentas de gestão para escolas, que faz com que diretores e gestores gastem tempo e recursos extras em atividades que não geram um impacto direto na formação dos estudantes. A ferramenta desenvolvida pela WPensar busca ajudar os gestores de escola a se dedicarem ao que mais interessa: educação”.
Com a palavra, Bruno Damasco, co-fundador da WPensar, relembra toda trajetória da empresa, por meio do customer development.
“Tudo começou no meu terceiro ano, em 2006, quando eu estava fazendo vestibular, e ao mesmo tempo era professor, dando aulas de reforço de matemática, química e física. Acabei conhecendo pessoas que trabalhavam em escolas, professores e diretores. Vi que havia muita desorganização nos processos da escola e tive a ideia de montar um software que ajudasse as escolas com isso.
Estava começando a ter noções de programação e design na época, pois trabalhava numa empresa em que se produzia conteúdos multimídia para exposições e eu fazia softwares interativos. Acabei iniciando a faculdade (eng. de Produção UFF) em 2007 sem dar início ao projeto. Cursei 2 anos de faculdade até começá-lo.
Assim em 2009, consegui um sócio (Matheus Moreira) para ajudar a montar o código e iniciamos criando um sistema de gestão para uma pequena escola da cidade de Niterói. Ficamos meses próximos de todas as pessoas da instituição para entender bem a fundo os processos. O resultado disso foi um software muito fácil de usar, de visual agradável e online. Ali eu já vi o grande potencial dele. Em tal contexto incorporamos ao time o sócio Gustavo Horta que investiu capital para desenvolvimento da operação e fez um contato inicial com grupos de investimento.
Conseguimos mais alguns clientes, íamos customizando o software para cada um. Era um aprendizado muito grande, e muito, muito trabalho. Com o tempo passávamos a entender cada vez mais como funcionavam os colégios. Em 2011 tínhamos uns 20 clientes e confiança para buscar os grandes clientes. Começamos a conversar com eles!
No começo de 2012 fechamos um cliente muito grande! Era um contrato temporário enquanto eles implantavam outro sistema, mas já era algo ótimo! Com esse cliente aprendemos mais ainda e víamos que o mercado é muito grande. Depois de customizar o sistema para mais esse cliente vimos que o caminho era produzir um software que pudesse ser distribuido em escala, no qual o cliente pudesse fazer ele mesmo as mudanças necessárias para seu uso.
Começamos a montar este software. Em agosto de 2012 ele ficou pronto nessa época tínhamos umas 50 unidades escolares. De agosto para fevereiro de 2013, 7 meses, passamos de 50 para 200 unidades. Realmente aquela ideia estava certa. No Brasil temos 250.000 instituições de ensino, grande parte delas não tem software. Agora com um software que pode ser customizado em minutos, temos as ferramenta certa para ajudar a melhorar a gestão das escolas brasileiras – e consequentemente, a Educação”.
Foto: Philosopher Queen/Flickr