* Por Igor Miranda
Muitas pessoas têm como objetivo abrir um novo negócio. Porém, empreender requer muito planejamento e investimento de dinheiro e tempo.
Assim, deve-se minimizar o risco ao qual irá se expor. Para isso, pode-se realizar o estudo de viabilidade financeira, uma maneira de projetar os investimentos necessários e o possível retorno, antes mesmo de abrir a empresa.
O que é e como é realizada a análise de viabilidade financeira?
A análise de viabilidade financeira é um estudo que busca comparar os investimentos demandados e os possíveis retornos de modo a avaliar se a abertura do negócio é viável ou não. Esse estudo é realizado a partir da análise de mercado, da projeção do fluxo de caixa, do investimento necessário e, por fim, da pesquisa de alguns indicadores.
Quando e por que realizar esse estudo?
Essa análise pode ser um guia para os investidores, ao evitar a realização de projetos que não trariam o retorno esperado. Dessa forma, as escolhas realizadas seriam mais promissoras e direcionadas para projetos mais rentáveis e, consequentemente, haveria uma maior satisfação.
Na prática, as situações mais comuns para o uso dessa ferramenta incluem abertura de uma nova empresa, expansão de negócios e comparação do resultado de dois projetos.
Análise de Mercado
Na primeira etapa do estudo de viabilidade financeira, deve-se analisar a sazonalidade do produto ou serviço vendido, a aceitação do cliente e como o cenário econômico pode afetar as vendas. Dessa forma, será possível compreender o mercado em que a empresa pretende se inserir.
Para realizar essa etapa de forma eficiente, pode-se observar dados de empresas que atuam na mesma área, pesquisar nichos de clientes que devem ser atingidos e levantar dados econômicos da região. Por meio desse estudo, será mais fácil tomar uma decisão acertada ao colocar o projeto em prática.
Projeção de receitas
Após realizada uma análise de mercado eficiente, é possível projetar o fluxo de caixa de forma realista. Para isso, é necessário, primeiramente, levantar as receitas esperadas em um determinado período. Costuma-se utilizar intervalos de dois ou cinco anos, a partir do início do projeto. Contudo, não se deve iniciar a projeção com a capacidade total de geração de receitas, uma vez que tudo depende do mercado e dos investimentos que serão realizados.
Além de ser realizada com base no mercado, a projeção de receitas deve levar em consideração o faturamento esperado, a expectativa de crescimento da empresa e os novos investimentos que serão feitos, analisando esses dados dentro de um período previamente determinado.
Projeção de custos, despesas e investimentos
Ao conhecer as receitas esperadas do projeto em análise, deve-se então projetar os custos, despesas e investimentos. Esses devem justificar a receita prevista anteriormente.
Para realizar essa etapa com eficiência, deve-se separar os gastos em custos e despesas, sendo o primeiro tudo aquilo relacionado diretamente com a produção, por exemplo, a matéria prima, a logística de produção e a mão de obra de fabricação. Já as despesas, serão os desembolsos para manter o funcionamento da estrutura da empresa, como energia elétrica, tarifas bancárias e material de escritório.
Além disso, é necessário que os investimentos e gastos previstos sejam condizentes com as projeções de produção e receita do negócio, sendo válido ressaltar que não há somente o investimento inicial do negócio, mas também a necessidade de projetar reinvestimentos para o crescimento e modificação da empresa.
Projeção dos fluxos de caixa
Com todos esses dados projetados, é então possível elaborar os fluxos de caixa da empresa. Esse é um processo imprescindível para realizar um planejamento financeiro adequado à realidade, evitando que a empresa fique sem caixa para honrar suas obrigações.
Esse dado é projetado a partir da diferença entre os dados adquiridos com a projeção de receitas e a projeção de custos, despesas e investimentos de um dado período. Com a obtenção desses dados, é necessário então fazer três cálculos, um para um cenário otimista do mercado, outro para um cenário neutro e um terceiro para um cenário pessimista. Com a diferença de valores entre esses três casos, fica visível uma proposta mais realista.
Análise de indicadores
Por fim, é necessário analisar um conjunto de indicadores para concluir se o investimento atenderá as expectativas do investidor ou não. São esses indicadores:
A Taxa Interna de Retorno (TIR):
É uma medida relativa – expressa em percentual – que demonstra o quanto rende um investimento, considerando o mesmo período dos fluxos de caixa do projeto. Então, quanto mais alto for o valor do TIR, mais positivas são as previsões financeiras.
Break-even:
É quando o retorno da empresa ultrapassa o valor que foi investido e ela passa a se sustentar com aquilo que recebe, ou seja, o break-even trata-se do dinheiro a ser recebido necessário para suprir gastos e reinvestimentos do negócio.
Payback:
Representa o momento em que o caixa acumulado adquiriu um valor superior a zero e a empresa recuperou o capital dos seus investimentos. Diferente do break-even, o payback só projeta dados até o investimento ser quitado.
Taxa mínima de atratividade (TMA):
Corresponde ao mínimo que um investidor se propõe a ganhar, ou ao máximo que alguém se propõe a pagar ao realizar um financiamento, representando também os prováveis riscos de mercado de cada segmento em que se encaixa a empresa.
O Valor Presente Líquido (VPL):
É utilizado para fazer os ajustes necessários no projeto, descontando as taxas de juros para obter a verdadeira noção do valor do dinheiro no futuro. Para calculá-lo é necessário trazer para a data zero todos os fluxos de caixa de um projeto de investimento e somá-los ao valor do investimento inicial, usando como taxa de desconto a taxa mínima de atratividade (TMA) da empresa ou projeto.
Conclusão
Ao criar planos para expandir um negócio ou abrir uma empresa, deve-se estar sempre pensando em seus custos, despesas e investimentos, além de diversos outros fatores de mercado. Sendo assim, o estudo de viabilidade financeira mostra-se imprescindível para ter uma projeção mais concreta quanto ao futuro do projeto.
Esse estudo serve como ferramenta para empresários e gestores analisarem os aspectos positivos e negativos de um projeto, a fim de tomar decisões. Diante de todos esses parâmetros, o investidor poderá avaliar se é viável colocar todo o planejamento em prática ou não.
Igor Miranda é Consultor de Projetos do IBMEX.