De acordo com dados do Crunchbase, o mercado global de venture capital no mundo declinou 35% em 2022 em relação a 2021. Com a queda acentuada na quantidade e valor dos cheques investidos nos últimos meses, valuations de big techs caindo e investimentos secando, há algum tempo o ecossistema de startups vem experimentando uma sensação de insegurança. Em 2023, será que o mercado volta a aquecer?
O assunto foi tema da primeira edição do VC Exchange, evento realizado pela Bossanova Investimentos com outros diversos fundos de venture capital, para debater o cenário e fortalecer parcerias entre fundos que investem no Brasil. “Os números de 2022 podem assustar à primeira vista, mas é importante ressaltar que os investimentos em early stage no Brasil continuaram crescendo”, afirma Rodolfo Santos, diretor operacional da Bossanova.
Para Fernanda Caloi, diretora de Projetos Especiais e Desenvolvimento de Negócios da Latitud, a ressaca de 2022 está passando, e as startups iniciantes ainda podem se sentir positivas na hora de buscar um investimento. “Ainda não sabemos quando ou se aquelas rodadas gigantes de 2021 voltam para o late stage, mas o early stage ainda está a todo vapor. O que acontece é que dinheiro tem, mas os fundos ainda estão muito cautelosos com as apostas”, diz.
Confira aqui o Mídia Kit do Startupi!
Enquanto em 2022 fundos como SoftBank e Y Combinator e Sequoia alertaram para um “inverno mais longo” das startups, os especialistas no Brasil afirmam que esse cenário está, gradativamente, mudando.
Martin Lima, vice-presidente e head de Pesquisas da Indicator Capital, analisa o cenário: “Em 2021 tínhamos bolsos muito grandes investindo no Brasil, a aceleração foi muito brusca, com pouca cautela. A euforia em 2022 foi se dissipando e, agora em 2023, vai ficar claro para onde esse mercado está caminhando. Acredito que estamos retornando para um ponto de equilíbrio. Agora, temos a responsabilidade de construir o VC do futuro”.
Embora o cenário de venture capital do Brasil não diferencie muito do global, Rodolfo reafirma a importância de, ao investir em empresas brasileiras, considerar as particularidades da região. “Não dá para a gente pegar o que está funcionando ou deixando de funcionar em outros mercados e aplicar igual aqui no Brasil. Para fazer investimento de venture capital por aqui, é preciso tropicalizar. O que funciona em outras realidades, nem sempre vai dar certo aqui.”
O venture capital e a importância do coinvestimento
Para os especialistas, investir em conjunto com outros fundos é fundamental, especialmente para aportes em early stage. “Quando você se junta a outros players para colocar uma startup no seu portfólio, você está usando a inteligência de toda uma rede, não só a sua”, diz Fernanda Caloi. “Esse é um mercado em que não há concorrência. Quando você investe com outros fundos, todo mundo ganha. E os coinvestimentos estão se tornando cada vez mais frequentes no Brasil”, explica Rodolfo.
Para Rodrigo Borges, sócio e cofundador da DOMO Invest, esse movimento mostra a maturidade e constante evolução do mercado brasileiro. “Quanto mais gente ajudando aquela startup a crescer, maior a chance do plano de negócios dar certo. E a conta do venture capital é simples: a gente investe um valor X, a empresa cresce Y e a gente faz nosso exit por um valor Z. É matemática simples. Especialmente em quem investe em rodadas anjo e pré-seed, o objetivo é chegar em investimentos Series A para cima. E por que os cheques lá são maiores? Porque a startup está mais madura. E o papel de ajudar essas empresas e esses empreendedores a amadurecerem é nosso, nos primeiros cheques”, completa.
Acesse aqui e saiba como você e o Startupi podem se tornar parceiros para impulsionar seus esforços de comunicação. Startupi – Jornalismo para quem lidera a inovação.