Enquanto grandes empresas buscam se beneficiar junto à recente recuperação da economia brasileira, jovens startups surfam num clima de entusiasmo e, como nunca antes, são beneficiadas por um ciclo paralelo de investimentos, nacional e estrangeiro. Em 2019, mais de US$ 2,7 bilhões de venture capital (capital de risco) foram injetados na economia brasileira, mais especificamente em jovens e disruptivos negócios, num total de 260 aportes.
Os dados são do Inside Venture Capital Brasil, estudo elaborado pelo Distrito Dataminer, braço de inteligência de mercado do Distrito, empresa de inovação aberta que realiza projetos voltados para o empreendedorismo. O montante investido nas startups brasileiras ao longo do último ano foi 80% superior ao US$ 1,5 bilhão de 2018. Já em relação a 2017, o crescimento foi de 198% (US$ 905 milhões).
“O mercado de Venture Capital no Brasil está evoluindo rápido e deve continuar crescendo vigorosamente em 2020”, afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito. “Temos percebido o surgimento de cada vez mais startups, além da participação cada vez mais ativa de grandes empresas no mercado de inovação. Vivemos um período de estabilidade política e recuperação econômica que favorece a criação de novos negócios e acesso a capital. No mercado interno temos um cenário de inflação controlada, bons indícios de avanço do PIB e taxa Selic em sua mínima histórica, o que atrai os investidores para ativos com maior potencial de retorno, como venture capital”, completa.
Numa comparação mês a mês, outubro destacou-se quanto ao número de aportes realizados: foram 40 no total. Já no que diz respeito ao volume movimentado — contemplando aqui apenas os investimentos cujos valores foram divulgados –, nota-se um aquecimento no segundo semestre do ano, com um volume de US$ 1,6 milhões.
O estudo traz ainda uma análise de investimentos por estágio da startup. Em número de transações, a maior parte, 62%, concentrou-se em rodadas de estágios iniciais, abrangendo pré-seed (38) e seed (87). Já em volume investido, o estágio Série B se destacou com US$ 554 milhões no ano, representando 20,54% do total.
No que diz respeito às áreas que mais atraíram investimentos, destaque para as fintechs: foram 62 aportes, que juntos somam US$ 935 milhões. Em seguida, aparecem as retailtechs: foram US$ 210 milhões, em 31 aportes distintos. Em terceiro lugar está a área de saúde, com US$ 43 milhões, distribuídos em 24 investimentos.
Fusões e aquisições
O Inside Venture Capital Brasil apresenta ainda um raio-x sobre as fusões e aquisições realizadas junto às startups brasileiras ao longo de 2019 — e uma comparação com anos anteriores. Enquanto em 2010 foram realizados dois eventos de liquidez de startups, em 2019 este número saltou para 60. Em 2018, foram 18 aquisições de startups por outros players do mercado. As áreas que mais atraíram atenção neste contexto foram as de adtechs, de comunicação, marketing e propaganda (11 aquisições); as de TI (10) e as fintechs (6).