O cenário de venture capital e inovação para o ano de 2024 e futuro é marcado por uma análise cautelosa dos executivos da KPMG Brasil, representados por Diogo Garcia, sócio-diretor e líder dos Programas de Startups; e Daniel Malandrin, sócio-líder de Venture Capital e Inovação de Consultoria da companhia. Em entrevista ao Startupi, os executivos abordaram diversos aspectos do mercado de startups e compartilharam insights valiosos sobre as tendências, desafios e perspectivas para o setor.
2023 e suas implicações
O ano de 2023 foi desafiador para o ecossistema de startups e venture capital, tanto no Brasil quanto globalmente. Um dos principais pontos de preocupação foi a queda contínua no volume e na quantidade de investimentos em startups por gestores de fundos de venture capital. Essa tendência foi impulsionada pelo aumento das taxas de juros em diversos países, especialmente nos Estados Unidos, como medida para combater a inflação pós-pandemia.
Essa elevação das taxas de juros afetou a alocação de capital dos investidores, tornando-os mais seletivos e cautelosos em relação aos novos investimentos. “Ainda, diversas startups tiveram uma marcação negativa do seu valor de mercado, gerando um impacto negativo no retorno esperado nos portfólios de investimentos dos gestores de venture capital que, por consequência, passaram a ter mais dificuldade em captar novos fundos e a ficar mais seletivos em novos investimentos, preferindo startups com caminho mais certo para geração de caixa. Como resultado, estamos percebendo um maior número de startups encerrando suas atividades por falta de capital, comenta Diogo.
No campo da inovação, observou-se um crescente interesse das startups em explorar o potencial da inteligência artificial para aprimorar seus produtos e modelos de negócios. As fintechs também passaram a explorar mais o conceito de open finance em suas operações, buscando novas oportunidades de crescimento e expansão.
“Em relação as áreas de inovação das empresas, percebemos uma redução do volume e quantidade de investimentos globais via CVC, em grande parte, pelos mesmos motivos que causaram impacto no mercado de venture capital. Já o fechamento ou diminuição das áreas de inovação deve ser interpretada do ponto de vista de estratégia corporativa, haja vista as considerações que as empresas devem ter em relação à construção de portfólio de iniciativas para sustentação e/ou criação de valor e novas vantagens competitivas e o consequente retorno estratégico, além do retorno financeiro”, diz Daniel.
Perspectivas para 2024
As perspectivas para 2024 são marcadas por uma combinação de otimismo e cautela. A manutenção das taxas de juros em níveis elevados nos Estados Unidos indica uma possível continuidade na redução do volume de investimentos em venture capital. Startups que não passaram por ajustes em seus valuations enfrentarão o desafio de provar sua capacidade de manter seu valor de mercado.
No mercado corporativo, houve redução no volume de investimentos por meio de Corporate Venture Capital (CVC), enquanto aumenta o interesse por Corporate Venture Building (CVB). Esse cenário reflete uma mudança nas estratégias das empresas em relação à inovação e ao investimento em startups.
De acordo com os executivos, as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas e startups no momento atual incluem a necessidade de consolidar negócios mais sólidos e sustentáveis, adotando melhores práticas de eficiência e governança. Tanto empresas quanto startups estão buscando maior eficiência em seus modelos de negócios e concentrando-se em áreas com potencial de tração no mercado.
Além das fintechs, cleantechs e energytechs estão se destacando como setores de crescimento em 2024. A inteligência artificial continua sendo uma tecnologia central, enquanto o open finance surge como uma área promissora, oferecendo jornadas mais completas e menos atritos no compartilhamento de dados e oferta de serviços financeiros.
Olhando para o futuro com otimismo e cautela
Para acelerar o mercado de venture capital no Brasil, é necessário aumentar a maturidade dos agentes principais, como empreendedores e gestores de VC. Além disso, a redução das taxas de juros pelos bancos centrais e um mercado de capitais mais atrativo para IPOs são fatores-chave para impulsionar o crescimento do mercado.
“Quanto mais as universidades formarem talentos com interesse e capacidade de criar soluções para problemas que valem a pena serem resolvidos para consumidores/clientes, mais startups sejam criadas com modelos de negócios atrativos aos investidores mais criteriosos e mais agentes catalizadores como governo, agências, institutos, hubs de inovação sejam criados para catalisar a execução de negócios e/ou investimentos, mais chances teremos de expandir de forma sustentável nosso mercado de venture capital”, diz Diogo.
As empresas e startups estão enfrentando desafios significativos, mas também estão explorando novas oportunidades de crescimento e expansão. Com a adoção de práticas mais eficientes e a exploração de tecnologias emergentes, o mercado de VC continua a ser um importante motor de inovação e desenvolvimento econômico. “Há indícios que os mercados de venture capital e inovação em 2024 devem ser caracterizados pelo otimismo com cautela dos investimentos e exploração de modelos de negócios que fazem melhor uso do open finance principalmente em fintechs e da inteligência artificial em todos os segmentos”, completa Daniel.
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