The internet is for fun, the internet is for porn, the internet is serious business. Um mês antes de o Startupi começar a ser publicado (portanto, novembro de 2008), Maurício Cid dava o passo seguinte no seu ócio criativo. Ele já estava cansado de passar cinco horas dos seus dias vindo de Santos para trabalhar em São Paulo (ida e volta, ok? com congestionamento!) e resolveu ver se dava certo criar um blog de humor que hoje é prova viva das três fatídicas definições da web social: ela é usada basicamente para diversão e pornografia – e é um negócio sério.
“Eu fiquei planejando, mas não um negócio, apenas uma coisa divertida”, posicionou. “Só dois anos e meio depois é que as marcas e agências começaram a procurar o Não Salvo, mas eu nunca fui me vender, eles que vieram comprar”, declarou. Deu certo. Ele “largou o trabalho” com televisão interativa (tem formação em computação) e é um dos blogueiros mais conhecidos do Brasil.
Atualmente, com uma equipe editorial fixa em São Paulo, composta por três pessoas (contando ele mesmo) mais três profissionais sob demanda (design, programação e comercial), ele toca outras 19 propriedades de conteúdo, que constituem a Não Salvo Network e combinam humor universal com soft porn, bizarrices e curiosidades quiçá* úteis. “É tudo publicado basicamente aqui de dentro do escritório mesmo. Diariamente recebemos uns dois mil emails, é de onde tiramos o melhor do nosso conteúdo”, reconhece, feliz pelo engajamento que mantém com seus leitores.
Permanece discreto quando a números, mas admite que recebe um tráfego mensal de 7 milhões de visitas e que praticamente todas as marcas brasileiras que fazem campanha na Internet já anunciaram de alguma forma na rede Não Salvo. A ideia aqui não é julgar os números, mas o que significam alguns dos fenômenos da web social, incluindo a celebrização, a monetização de conteúdo, o engajamento, a cultura (questionável) da especialização e dos nichos.
Assista abaixo a um vídeo com uma conversa que tive há pouco com ele e com a namorada dele, Juliana Muncinelli, que é coordenadora de mídias sociais em uma agência de Curitiba, atende anunciantes em São Paulo e, junto com Cid, publica o 6por2, um Vine (aquele aplicativo que permite vídeos de 6 segundos em loop, adquirido pelo Twitter – clique na animação ao lado para ouvir) feito pelo casal. O nome significa justamente “6 segundos feitos por 2 pessoas”. Por irreverência, Juliana botou na descrição do Tumblr da 6por2 que se trata da “maior e melhor e única produtora brasileira de vídeos de seis segundos feitos pelo aplicativo Vine”. “Botei só para zoar mesmo com a galera que fica se promovendo, mas a imprensa levou a sério e saiu em a;guns veículos”, ri a blogueira-tumbleira-vineira.
Assista ao papo. Não é a revelação da última profecia dos negócios inovadores para as startups de MVP lean com alto crescimento orgânico, mas revela um pouco da postura por trás de iniciativas que deram certo e continuam chamando atenção. Eu diria que aí tem sim um pouco do nosso famoso customer development.
*Em tempo: adoro quiçá; acho melhor que açaí.