Por Bruna Galati
Uma pequena mudança tem sido vista em torno da representatividade feminina na área de tecnologia. Segundo um levantamento feito em 2022 pela Catho, 23% dos cargos são preenchidos por mulheres, um aumento de 2,1 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Embora esse seja um avanço significativo, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar a igualdade de gênero nesse setor. Iniciativas que promovam a diversidade e o empoderamento das mulheres são fundamentais, além disso, elas precisam de nomes para se inspirar, como é o caso da Ana Claudia Cabral, fundadora da Baruk.
Desde cedo, Ana demonstrou um forte interesse pela tecnologia. Ela até se recorda de desmontar os carrinhos do seu irmão para entender como funcionavam por dentro. Aos 13 anos, teve seu primeiro contato com um computador em um curso básico de informática, para o qual sua mãe fez um grande esforço para matriculá-la. No ensino médio, Ana optou pelo curso técnico de informática e desde então não saiu mais da área.
Na faculdade de tecnologia da informação, Ana descobriu sua paixão pela inteligência artificial e mergulhou de cabeça em pesquisas sobre redes neurais e lógica fuzzy, culminando em sua tese de conclusão de curso. Depois foi para o mercado de trabalho e em dois anos de estágio foi convidada a virar sócia da empresa Morning Star Consulting, tendo a sua primeira experiência com empreendedorismo.
Mulheres na tecnologia
No curso técnico de informática Ana tinha colegas de turma. Na faculdade esse cenário mudou se tornando a única mulher da sala. Essa falta de diversidade de gênero foi constante ao longo de sua carreira profissional, onde ela se deparou com a solidão de ser a única mulher em diversos departamentos e empresas.
Quando questionada sobre as dificuldades enfrentadas devido ao seu gênero, Ana reconhece que sua personalidade assertiva pode tê-la protegido em certa medida. No entanto, ela não escapou de comentários e da desconfiança inicial que muitas vezes enfrentava no ambiente de trabalho. “A primeira impressão, até eu começar a falar, até eu começar a defender o meu trabalho, é sempre de desconfiança”, compartilha Ana. “Eu percebia que as entrevistas que eu fazia duravam um pouco mais do que o normal em relação aos meus colegas. E a impressão que eu tinha é que eles precisavam de mais provas, mais evidências de que eu conseguia fazer.”
Apesar das barreiras, Ana notou uma mudança gradual nos últimos anos, com mais mulheres ingressando na área de tecnologia, porém são poucas que realmente vão para programação. “Existe essa rivalidade entre homem e mulher e quando surge uma mulher nesse meio, eu sinto que elas ficam com medo de se abrirem, de falar o que pensam, de contestar a opinião de um homem.”
Diante desse cenário, Ana acredita na importância do empoderamento das mulheres na tecnologia. Ela destaca a necessidade de as mulheres se apoiarem e de exigirem seu lugar tanto nas universidades quanto no mercado de trabalho. A programadora chegou a fazer esse papel de colaboração com outra colega. “Eu desenvolvia o sistema e ela testava, mas o que ela realmente gostava era de programar, só que ela não tinha coragem para se impor. Quando eu saí da empresa, fiz questão de colocá-la no meu lugar e até hoje ela é desenvolvedora. Precisou de alguém para empoderar ela e dizer que ela conseguia sim.”
Jornada da Baruk
Ana recorda o momento em que decidiu embarcar na jornada do ecossistema de startups, saindo do Rio de Janeiro e indo morar em São Paulo: “Quando cheguei em São Paulo, decidi que queria abrir minha própria empresa. Estudei gestão de negócios e inovação na Fatec Sebrae, onde o curso era moldado para que saíssemos com um negócio rodando. Aproveitei essa oportunidade para criar a Baruk em 2016, época em que o assunto chatbots começava a ganhar destaque.”
O que começou como uma startup desenvolvedora de chatbots logo evoluiu para algo maior. “Conforme ganhávamos experiência no mercado e conversávamos com clientes, percebemos uma demanda crescente pela automação de processos em empresas”, explica Ana. “Foi então que decidimos desenvolver uma plataforma para criação de RPAs (Automação de Processos Robóticos), antecipando o boom da transformação digital que estava por vir.”
O reconhecimento da Baruk no mercado não demorou a chegar. Em 2018, a startup começou a participar de programas de aceleração, como o SEBRAE e StartupSP. Com o lançamento de sua plataforma, a startup conquistou clientes em todo o país, desenvolvendo RPAs para as dores das empresas de todos os segmentos, principalmente do setor jurídico, de saúde e de beleza. Em 2022, a startup recebeu investimento do Black Founders Fund.
Além dos chatbots e RPAs, a Baruk expandiu seu portfólio com o lançamento do Baruk indoc, uma plataforma de inteligência artificial que automatiza a extração de informações de documentos não estruturados.
A startup também já está desenvolvendo um novo produto de análise de dados. A Baruk está reunindo e minerando dados públicos, incluindo informações de receita e do RPAs, para consolidá-los em um Data Lake. Esse novo produto permitirá aos clientes realizar pesquisas de mercado através de um bate-papo, como um ChatGPT, proporcionando respostas rápidas e precisas, como por exemplo “onde é o melhor lugar para abrir uma farmácia?”. Com essa plataforma de inteligência de dados, os usuários poderão extrair informações essenciais para seus negócios de forma eficiente.
“Nosso objetivo é continuar inovando e desenvolvendo soluções que atendam às necessidades de nossos clientes”, afirma Ana. “Estamos trabalhando para consolidar nossa posição como líderes no mercado de automação inteligente e contribuir para a construção de um futuro digital mais eficiente e acessível para todos. Além de trazer escalabilidade para a startup.”
Para os próximos passos, a CEO quer expandir a startup para outros países da América Latina, fazer uma nova rodada de captação de investimentos e está com previsão de faturamento de R$ 5 milhões em 2024.
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