Era uma vez, um profissional que trabalhava no Consulado Alemão em Vitória, no Espírito Santo. Ele chamava-se Marcilio Riegert (na verdade, ainda se chama) e viajou para eventos na Alemanha, onde conheceu iniciativas de empreendedorismo e inovação, ficou bastante animado. Voltou para o Brasil e falou com seu amigo André Fiorini (na verdade, falou com muita gente, inclusive comigo), e juntos com outros três amigos passaram a modelar o que começou como pequenos encontros e hoje é a Aceleradora StartYouUp, com sede própria, estrutura, capital e serviços bem próximo à Universidade Federal (e à praia).
“Começamos fazendo uma série de workshops mensais, para reunir pessoas que passaram a se envolver de forma mais direta, e com mais união, em torno de temas como empreendedorismo, inovação e investimentos. Fizemos encontros em alguns auditórios, até que em novembro de 2011, já tendo mapeado 77 startups no estado, com bastante gente mobilizada e parcerias, montamos uma sociedade para tocar o StartYouUp como empresa, entraram mais três pessoas. Tudo foi feito com capital nosso, até três meses atrás, quando recebemos dois investidores”.
O estado do Espírito Santo tem seu histórico de empresas que fazem negócios em torno de tecnologia. A Wine é o maior e-commerce de vinho da América Latina, que em maio receberam investimento da eBricks Digital. O BRpay foi criado no Espírito Santo, depois foi comprado pelo UOL e virou PagSeguro. Também o site iMasters, que existe há mais de 10 anos e realiza grandes eventos, nasceu e funcionou em Vitória até um ano atrás. “Hoje temos na base 132 startups no Espírito Santo, principalmente de mobile e de e-commerce. Nosso estado dá incentivo ao comércio eletrônico”, comenta Marcilio. “Já há algumas boas faculdades e as pessoas já entendem que podem se formar e continuar trabalhando aqui no estado, criando suas próprias empresas”, complementa.
“Vamos trabalhar com até 10 startups por ano, e temos capacidade de investir, dependendo do estágio, até 50 mil Reais. Pegamos startups em estágio inicial, todas recebem um dinheiro inicial e o percentual da empresa cedido para a aceleradora gira em torno de 10%”, explica. A equipe da StartYouUp entrevista os empreendedores, examina o projeto, define um plano de aceleração que leva em consideração as necessidades das startups. Ao longo do processo, vamos atrelar o desenvolvimento a metas, que serão acompanhadas com métricas, para possíveis redirecionamentos. Em torno de 50 mentores, a maioria de fora do estado e alguns até do Vale do Silício, da Inglaterra e da Dinamarca. “Também temos nossos talentos locais que hoje estão espalhados por aí”, brinca Marcilio. “A maior parte dos mentores é boa em mobile, e-commerce e mídia, então acreditamos que seja as áreas em que mais consigamos auxiliar”
Aceleração regionalizada
Sobre as aceleradoras estarem em voga: “Tenho uma visão, compartilhada por outros diretores de aceleradoras, de que é natural acontecer uma certa regionalização das aceleradoras, não necessariamente uma especialização em áreas, como mobile, mas possivelmente os empreendedores podem ficar nas suas regiões e contar com estruturas regionalizadas, que não precisam a ser iguais em todo lugar, mas é muito bom que existam, pois daí conseguimos, em rede, acelerar muito mais startups”.