Por Bruna Galati
Durante o Web Summit Rio, um dos maiores eventos de inovação do mundo, uma palestra sobre o papel das mulheres no segmento do Venture Capital chamou atenção. Erica Fridman e Jaana Goeggel, respectivamente General Partner e Fundadora Parceira da Sororitê, compartilharam suas visões sobre a importância da diversidade de gênero no ecossistema de investimentos e os desafios enfrentados pelas mulheres.
Erica Fridman, enfatizou a missão da Sororitê em promover a presença feminina no setor. “A indústria de VC é muito focada e liderada por homens. Nós existimos para mudar isso. A Sororitê é um grupo de mulheres e investidoras que investe em startups lideradas por mulheres e precisamos de mais mulheres para apoiar outras.” Desde sua fundação há três anos, a Sororité já investiu em mais de 60 startups, totalizando mais de US$ 1 milhão em investimentos.
Um dos exemplos de sucesso compartilhados durante a palestra foi o da Feeel, uma FemTech dedicada à saúde sexual feminina. Jaana destacou os obstáculos enfrentados por essa startup ao buscar financiamento: a maioria dos investidores homens não entendiam o propósito e a importância da solução da Feel. Mas, com o apoio da Sororitê e outras investidoras, a startup conseguiu crescer e se desenvolver.
O segundo exemplo foi a fintech Sofi, plataforma omini-channel B2B empurrada pela IA. A fundadora Tatiana Pomar tem mais de 20 anos de experiência industrial e mesmo assim ela encontra dificuldades de ser escutada pelo mercado. Houve casos em que ela entrou em reunião com o seu cofundador, que é um homem, e os investidores direcionaram as perguntas para ele, mesmo que ela fosse a CEO da startup.
“Eu realmente gosto dessa startup, porque ela traz um processo muito arcaico, business e de collections. Uma nova aposta que vai muito além da tecnologia e foca no cliente e na simplicidade para ele. Ela traz a visão feminina para o problema e dá resultados. A companhia está crescendo, já está em 5 países diferentes e já chegaram no break-even”, compartilhou Jaana, ao lembrar que startups com mais de 30% de mulheres em seus times de fundação são 2,5x mais lucrativas.
Como aumentar a representatividade das mulheres no VC
Erika complementou que a inclusão de mulheres no Venture Capital vai além do próprio VC, é preciso aumentar a representação feminina em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Ainda trouxe um dado mostrando que apenas 21% dos engenheiros são mulheres.
“Empresas fundadas por mulheres tendem a ter um desempenho financeiro superior, gerando mais retornos para os investidores, mas apesar desses dados, apenas 3% de todo VC é controlado por investidoras femininas, sendo um grande problema para o mercado, uma vez que mulheres tendem a investir duas vezes mais em startups lideradas por mulheres.” Fridman ainda enfatizou que a falta de diversidade no topo das decisões de investimento pode prejudicar todo o sistema, destacando que as mulheres têm o potencial de construir organizações mais inclusivas, resilientes e igualitário no mundo dos negócios.
Para finalizar, Janna incentivou a presença de novos investidores no mercado, falando que não precisa ser um multimilionário para se tornar um investidor-anjo, é possível começar pequeno. No caso da Sororitê, os cheques começam em US$ 5 mil e existem pessoas gastando isso com bolsas. “Porque não investir em um negócio que dará retorno no futuro para comprar muitas outras bolsas. Nós continuamos dizendo que a diversidade conduz à inovação. Mas, se a diversidade conduz à inovação, nós também precisamos de diversidade sobre quem está fazendo os cheques. Precisamos de mais mulheres investindo em mulheres”, complementou.
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