Durante décadas, tarefas como cozinhar, passar, lavar roupas e louça, limpar a casa e organizar a rotina dos filhos foram atribuídas culturalmente às mulheres, muitas vezes sem qualquer compensação financeira. Essa dinâmica reflete o que é conhecido como economia do cuidado no âmbito doméstico, cujo propósito é a manutenção da vida de outros. No entanto, apesar de sua importância vital, essas atividades frequentemente não são valorizadas de forma justa.
De acordo com o relatório “Tempo de Cuidar”, produzido pela Oxfam em 2021, as mulheres em todo o mundo dedicam aproximadamente 12,5 bilhões de horas por dia a essas tarefas cotidianas. Se essas horas fossem remuneradas com base no valor justo de seu trabalho, o montante total alcançaria US$ 10,8 trilhões anualmente, destacando a enorme contribuição econômica das mulheres por meio da economia do cuidado.
Além disso, é importante destacar a situação das trabalhadoras domésticas remuneradas, que enfrentaram desafios ainda maiores durante a pandemia. Com o aumento do isolamento social e a falta de acesso às casas de seus empregadores, muitas dessas mulheres perderam seus empregos e, consequentemente, sua fonte de renda. Para aquelas que atuavam na informalidade, a situação se agravou ainda mais, deixando muitas delas sobrecarregadas com as responsabilidades domésticas em dobro e sem recursos financeiros para sustentar suas famílias.
Olhando esse cenário, a PHD em Ciências Políticas Stefanie Schmitt, em parceira Julie Maciel (COO) e Felipe Moreira (CFO), fundou em 2021 a startup Olhi, que através de uma plataforma tem como objetivo a remuneração de pessoas a partir do seu conhecimento de tarefas domésticas.
O aplicativo é prático e funcional. O cliente procura pelo serviço de interesse, seleciona a profissional e agenda o atendimento no perfil, costuma ser uma conversa rápida de 15 minutos para resolver problemas pontuais dentro de casa. Ao concluir o pagamento, recebe o link da videoconferência por e-mail e WhatsApp. Para as profissionais, o app envia os pedidos de atendimentos nos horários disponíveis na agenda. As confirmações também são enviadas nos mesmos canais de comunicação.
A solução também se destaca ao retirar as barreiras de entrada para quem quer oferecer serviços on-line em uma plataforma. Stefanie afirma que, diferente dos concorrentes, a startup não cobra para que as profissionais ofereçam atendimentos. “Elas só pagam quando o serviço é prestado, ou seja, no momento em que faturam e não antes disso. Logo, qualquer empreendedora que oferece atendimentos online só precisa fazer o cadastro e confirmar as informações com a equipe para ter o perfil online e oferecer serviços”, explica.
Atualmente, a startup conta com mais de 60 profissionais de diversas categorias e mais de 200 atendimentos já foram realizados. O sucesso do app vem também de uma dor encontrada pelos usuários da internet, que buscavam tutoriais no Youtube e não conseguiam aplicar a dica, porque o modelo da sua torneira era diferente, por exemplo. Com o Olhi, a pessoa pode encontrar um tutorial com orientações personalizadas e por um preço acessível. Os serviços variam da área jurídica e tecnológica até maternidade e dúvidas sobre plantação.
Cadastro na Olhi
Para se cadastrar como instrutora na plataforma Olhi e oferecer atendimentos, o processo é simples e direto. Primeiro, as interessadas em se tornar instrutoras devem acessar o aplicativo Olhi, disponível para download na Apple Store ou na Google Play para dispositivos móveis, ou através do webapp para acesso via computador. Uma vez dentro do aplicativo, eles devem clicar na opção “QUERO” presente no anúncio “Quer ensinar/atender pela Olhi?”.
Em seguida, é necessário preencher o cadastro com as informações solicitadas. Após a conclusão do cadastro, a equipe da Olhi entrará em contato com a candidata por e-mail ou WhatsApp para confirmar as informações fornecidas e solicitar os horários disponíveis para atendimento.
Uma vez que as informações são confirmadas e os horários disponíveis são registrados, o pedido é processado pela equipe da Olhi. Se tudo estiver em ordem, a agenda da instrutora é disponibilizada em seu perfil na plataforma, permitindo que os usuários agendem atendimentos com ele.
Quando um usuário solicita um agendamento, a instrutora recebe uma notificação por e-mail e WhatsApp, informando a data e horário do atendimento. Após confirmar seu interesse e disponibilidade, o instrutor recebe um link de videochamada para acessar a sala onde o atendimento será realizado. No dia e horário marcados, basta clicar no link para entrar na sala de videochamada e realizar o atendimento.
Planos da Olhi para economia do cuidado no Brasil
Um dos objetivos da Olhi para 2024 é fechar parcerias com empresas interessadas na automatização de atendimentos, como por exemplo, do canal de contato com o consumidor, ou envolvendo a ampliação da oferta de benefícios corporativos, visto que a plataforma conta com soluções voltadas ao bem-estar das pessoas. Para isso, a startup visa à captação de investimentos para expandir as operações tanto em território nacional quanto internacional.
No estágio de ingressar ao mercado, a Olhi já recebeu duas rodadas de investimento-anjo. A estimativa é que a empresa esteja pronta para novos investidores em até seis meses. Para o desenvolvimento da ferramenta, foram investidos R$ 175 mil até o momento; boa tarde parte do montante foi via bootstrap.
Hoje, a startup também está com uma parceria com a Mubius WomenTech, primeira venture builder do Brasil com foco em soluções para o universo feminino. A companhia vai auxiliar a Olhi a fechar parcerias com empresas que têm o feminino como valor e desejam apostar na automatização de serviços. “A expectativa é explorar o mercado B2B enquanto a Olhi cresce no B2C. O intuito é atrair novos clientes, ampliar a oferta e obter faturamento recorrente que justifique as investidas”, explica Carolina Gilberti, CEO da Mubius.
Segundo Stefanie Schmitt, CEO da Olhi, o app adiciona valor à Economia do Cuidado por meio do compartilhamento remunerado de conhecimento. “Afinal, cuidar, por exemplo, não é algo inato. Como qualquer outro trabalho, é preciso prática e conhecimento”, ressalta.
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