De acordo com Instituto Trata Brasil, 38,5% de toda a água potável é perdida devido a vazamentos em todo o país – quantidade suficiente para abastecer cerca de 30% da população nacional por um ano. Com o intuito de diminuir parte deste impacto, a Stattus4, startup focada em sustentabilidade, criou o 4Fluid, sistema de gestão e monitoramento de perdas na distribuição de água, baseado em Inteligência Artificial e Internet das Coisas, utilizando a plataforma de nuvem da Microsoft.
A tecnologia, desenvolvida e treinada internamente por cientistas e engenheiros no centro de pesquisa da Stattus4, funciona a partir de sensores acoplados a hidrômetros e cavaletes de água. De acordo com Marília Lara, CEO da startup, as gravações dos sons são, então, armazenadas na nuvem Azure, onde os algoritmos processam as informações e conseguem identificar a incidência ou não de vazamentos. “São necessários apenas 10 segundos de vibrações diferentes para classificação dos casos e sua gravidade”, explica.
Em uma analogia simples, o sistema funciona como os famosos aplicativos capazes de identificar uma música ao ouvir apenas um trecho dela. Nesse caso, porém, o sistema da Stattus4 informa se há ou não um possível vazamento ao analisar os ruídos gerados nos hidrômetros e cavaletes.
A solução 4Fluid pode ser utilizada para fazer a análise do campo de duas formas: com sensores móveis e fixos. O modelo móvel auxilia no processo de varredura acústica, a partir da análise de ruídos realizada pela IA, e permite que os profissionais foquem apenas nos pontos com suspeita de vazamento. Já o modelo fixo permite a verificação em tempo real, realiza a leitura de consumo de água e acompanha a pressão de cada cavalete ou hidrômetro no qual foi instalado. A partir do cruzamento dos dados comerciais e operacionais do local, a Inteligência Artificial gera alarmes, beneficiando a tomada de decisão.
O treinamento dos sensores com IA é realizado pelo time de desenvolvedores da Stattus4 a partir de mais de 700 mil amostras de ruídos, coletadas desde janeiro de 2018. A meta da companhia é chegar a 800 mil amostras até o fim do ano. A partir da tecnologia, a empresa, que atua em 32 cidades do país, já conseguiu promover uma economia equivalente a seis mil piscinas olímpicas desde 2018 e beneficiou cerca de 7 milhões de habitantes.
Para Lara, o uso da nuvem Azure foi importante pois proporcionou maior segurança aos dados, uma vez que a plataforma de nuvem da Microsoft os apoiou na adequação à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), além de melhores ferramentas de gerenciamento em tempo real para a equipe de desenvolvedores. O ganho de escala é outro benefício mencionado pela executiva.
Utilizado por órgãos do setor público, o sistema tem como objetivo integrar as informações de diversas regiões e fornecer os dados para companhias e estações de tratamento a fim de promover melhorias na gestão da distribuição de água.
A expectativa da companhia é de também expandir a presença de sua solução baseada em inteligência artificial para outros estados do Brasil e para outros países.