* Por Marco Zolet
O brasileiro já estava se habituando a comprar cada vez mais pela internet, e, com a pandemia, o varejo online viu um boom em todos os setores. Muito mais pessoas foram impactadas no período e mudaram seus hábitos de consumo.
Com os filhos em casa, a venda de brinquedos e livros, por exemplo, cresceu bastante. Setores como o de supermercados, artigos esportivos, farmácias, games online e, claro, aplicativos de entrega também tiveram crescimentos expressivos, o que comprova esse novo comportamento.
Num sistema de isolamento social, percebemos uma mudança no comportamento de compra das pessoas. Nesse período, o mercado cresceu muito por dois motivos, sendo um consequência do outro. As pessoas não podiam e tinham medo de sair pelo alto risco de contágio e, depois de comprarem mais de forma online, passaram a ter mais confiança neste modelo de compra e, mesmo com a flexibilização gradativa do isolamento em algumas cidades, continuam comprando desta forma.
A incerteza econômica também influenciou muito nesse cenário. As pessoas não pararam de consumir, mas passaram a refletir mais sobre suas compras e na melhor maneira de poupar dinheiro. Com alimentação, por exemplo, muitas pessoas aproveitaram o momento de quarentena, em que estavam em casa, para se alimentar melhor e cozinhar a própria comida. Elas passaram a dar mais preferência aos produtos frescos, do que ao delivery de comida pronta, por exemplo, pensando tanto na economia quanto em manter um estilo de vida mais saudável.
Como o setor reagiu às mudanças
O setor como um todo se movimentou rápido, seja com as features feitas em alguns aplicativos, seja com a escolha da funcionalidade online que mais combina com o seu modelo de negócio – Whatsapp, redes sociais, páginas mais simples e fáceis de usar. O mindset das empresas mudou, elas se movimentaram rapidamente e a digitalização impactou a todos, desde o comércio de grandes marcas até as farmácias locais, com o intuito claro de fazer crescer a venda.
Podemos notar essa mudança em relação às marcas. Se voltarmos alguns anos no tempo, as grandes empresas eram vistas como aquelas com mais abrangência e capilaridade para o consumidor conseguir comprar o que precisava. Mas as pessoas tinham ainda o pequeno varejo, o comércio local perto delas para comprar rapidamente itens mais simples e até mais caros, geralmente sem atendimento online.
Na pandemia, esse comportamento mudou e de repente não era mais possível comprar do comércio perto de casa. Mas, se esse varejista local aproveitou a oportunidade para se digitalizar, e continuou com sua característica principal de atender um bairro ou região menor, ele pode ter muito sucesso.
Uma das soluções que esses lojistas tinham à disposição eram as plataformas de marketplace, por exemplo, que criaram uma série de medidas que proporcionaram ao lojista com uma venda mais regionalizada, a continuar atendendo bem o seu o público, mesmo no momento em que as lojas físicas estavam fechadas.
Qual será o futuro do varejo online?
Uma das principais razões pelas quais acredito que essa mudança será “definitiva”, mesmo após a pandemia, é a questão da conveniência, independente da classe social: é mais confortável comprar online. O que se gastava de combustível e estacionamento, ou até num serviço de transporte pessoal, agora pode ser investido no frete de uma compra online e você recebe seus produtos sem sair de casa, com a mesma qualidade.
Acredito que muitas mudanças no que tange precaução e higiene podem acontecer, mas acredito que o “novo normal” não irá diminuir o consumo, ou mudar tão radicalmente a forma de comprar. Mas, apesar das pessoas estarem ansiosas para sair, ir ao shopping, elas têm tantas coisas represadas para fazer, que vão continuar comprando online os produtos básicos, inclusive itens de supermercado, que foi desmistificado com a pandemia.
O varejo online vai continuar crescendo em setores como o de streaming, vestuário e brinquedos, entre outros, porque as pessoas devem focar mais no entretenimento quando saírem, neste primeiro momento. Será mais uma grande oportunidade para o varejo continuar expandindo.
Marco Zolet é CEO do Supermercado Now.