Ontem, o presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap) Clovis Meurer declarou, durante o Congresso Abvcap em São Paulo, uma série de informações sobre mercado brasileiro de participações. Conforme o administrador, economista e investidor (Meurer também é diretor da CRP), dados da base ABVCAP Data indicam que R$ 83 bilhões foram comprometidos (contando ainda valores reservados para alocação, que ainda não entraram nas empresas). Em 2011, o valor tinha alcançado R$ 64 bilhões. O aumento foi de 31%, e, conforme a Abvcap, nos últimos anos vem sendo entre 20% e 30%.
Vale notar que em 2011, 54% do valor investido tinha origem estrangeira, mas em 2012 51% já tinha origem no Brasil. No último ano, aumentou o número de investimentos feitos por fundos de pensão nacionais (de 12% para 16% do total do bolo), por outros investidores institucionais nacionais (de 9% para 12%), mas a maior parte, 27%, ainda é oriunda de investidores institucionais internacionais e outros investidores internacionais, com 20% (nesta categoria, estão incluídos os investidores de venture capital, que permanece representando apenas 3% dos investimentos).
Já o valor de desinvestimentos (saídas, recuperação do investimento) chegou a R$ 6 bilhões (em 2011, tinha chegado a R$ 3,6 bilhões). Em 2011, a maior forma de saída foi via IPO (62%), mas em 2012 esta forma foi responsável por apenas 46% dos casos, enquanto aumentou de 7% para 24% a categoria “outros/não informado”. Também caiu, de 29% para 18%, o número de saídas realizadas por meio de venda para investidores estratégicos. Veja as oscilações nos gráficos.
Para Meurer, alguns dos motivos para o interesse dos investidores incluem a previsão de obras de infra-estrutura no país (que devem movimentar diversos setores), o crescimento da classe média (que conta com mais 35 milhões de brasileiros) e a baixa taxa de juros (que desestimula outros tipos de investimentos. A ascensão classe média foi n.otada no evento como uma grande oportunidade para o varejo, que, por sua vez, torna-se atraente para private equity (mais do que venture capital).
Drew Guff, fundador e diretor da investidora de private equity Siguler Guff (tiva no Brasil desde 2005), falou sobre seu otimismo com relação ao nosso país – e fez comparações com a Rússia. “O nordeste do Brasil, por exemplo, está crescendo a taxas de 9% a 10% por ano, como na China, enquanto o resto do Brasil cresce a taxas em torno de 3%”, reparou. Assista abaixo a uma entrevista que ele concedeu ao canal da Abvcap.
Tecnologias da Informação
Além de infra-estrutura e varejo, as discussões do evento (que prossegue no dia de hoje) também focam em TI. Cassio Dreyfuss, VP do Gartner no Brasil, introduziu um painel sobre este tema destacando que o futuro passa pela combinação entre tecnologias de informação, de consumo e operacionais. “O ano do Business Intelligence nunca veio, mas agora acontece um ajuste dinâmico e passamos a considerar o Big Data de forma estratégica. A nuvem é inevitável, trata-se de uma nova linha de partida para modelos de competitividade, é uma chance de iniciar de novo. E só a tecnologia permite que o empresário brasileiro vá competir na linha de frente junto com os demais”, considerou.
Laércio Cosentino, presidente da Totvs, participou do painel e salientou que muito se fala sobre mudança tecnológica mas pouco se fala sobre as transições das empresas no ambiente de negócios. “Hoje, por exemplo, muitas empresas tem tecnologia inferior à que os funcionários usam em casa. Outras características do trabalho também estão mudando”, citou. Eduardo Góes, co-fundador e co-CEO da Rocket Internet na América Latina, falou que o comércio online ainda representa apenas 2% do varejo, mas deve chegar a 20%.
Foto: Tracy O/Flickr