Em um cenário em que a saúde mental ganha relevância no ambiente corporativo, um estudo da Vittude, realizado em parceria com o Opinion Box, revela dados preocupantes sobre o impacto do trabalho no bem-estar psicológico dos brasileiros.
Segundo a pesquisa “Saúde Mental em Foco: Desafios e Perspectivas dos Trabalhadores Brasileiros – Edição 2024”, 40% dos entrevistados identificam o trabalho como uma fonte significativa de estresse e desgaste mental. A pesquisa foi conduzida entre homens e mulheres com mais de 16 anos em todo o Brasil e contou com 2.013 participantes.
Os dados também indicam que 34% dos entrevistados afirmaram que suas empresas não adotam práticas voltadas para a saúde mental. Além disso, 36% não percebem eficácia nos programas existentes nas empresas em que atuam. Em um cenário de alta competitividade e cobrança por produtividade, os números apontam para uma necessidade urgente de revisão e fortalecimento das práticas de promoção de bem-estar psicológico no ambiente profissional.
Embora 24% das empresas realizem palestras e eventos sobre o tema, e 23% adotem políticas de combate à discriminação e assédio, o estudo mostra uma disparidade entre as ações implementadas e a percepção dos colaboradores. Apenas 17% dos trabalhadores afirmaram que suas empresas oferecem sessões de terapia pelo plano de saúde, e 9% possuem apoio financeiro para consultas. O custo dos tratamentos ainda é uma barreira significativa, segundo 27% dos entrevistados, enquanto 23% relatam pagar mais de R$300 por mês para manter sessões de terapia.
Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, ressalta que o resultado da pesquisa evidencia uma lacuna importante no suporte oferecido. Em tempos de mudanças regulatórias, como a Lei 14.831/24 e a atualização da NR-1, que tratam da proteção da saúde mental nos ambientes de trabalho, as empresas precisam agir não apenas para cumprir normas, mas para realmente oferecer um ambiente favorável ao bem-estar.
“As empresas que adaptarem suas práticas rapidamente não estarão apenas em conformidade com a lei, mas também criarão espaços de trabalho mais produtivos e saudáveis”, aponta Tatiana.
A Vittude utiliza a tecnologia como ferramenta central para estruturar e monitorar os programas de saúde mental. A plataforma, por meio do software Vittude Insights, permite que as empresas acompanhem em tempo real o estado de saúde mental de seus colaboradores. Utilizando dashboards e relatórios detalhados, a ferramenta ajuda na análise de dados, permitindo decisões baseadas em evidências e facilitando a identificação de fatores de risco psicossociais.
Esses dados são particularmente relevantes em um contexto de regulamentação crescente, oferecendo às empresas uma visão estratégica que fortalece a tomada de decisão e demonstra o retorno dos investimentos em saúde mental.
“Com o apoio do Vittude Insights, as organizações podem avaliar o impacto de seus programas, promovendo um ambiente mais seguro e que responda às necessidades dos colaboradores”, explica Tatiana.
Além disso, a inteligência artificial é utilizada para promover um “match” mais preciso entre pacientes e psicólogos, o que, segundo Tatiana, aumenta a eficácia do vínculo terapêutico. A partir de escalas psicométricas e metodologias próprias, a Vittude consegue personalizar as terapias, oferecendo diagnósticos que se adaptam ao perfil de cada usuário.
A terapia online, regulamentada no Brasil desde 2018, teve sua aceitação impulsionada pela pandemia de COVID-19, permitindo o acesso a cuidados com a saúde mental em um país onde metade dos municípios não conta com profissionais de psicologia e psiquiatria. Tatiana Pimenta destaca que a Vittude foi pioneira na regulamentação da terapia virtual, aproveitando essa modalidade para ampliar o acesso ao atendimento psicológico e alcançar públicos em regiões remotas.
No entanto, o NPS (Net Promoter Score) das organizações sobre a promoção da saúde mental, revelado pela pesquisa, traz um alerta: com uma pontuação de -19, o índice reflete uma insatisfação profunda dos colaboradores em relação ao suporte oferecido. Entre os entrevistados, 46% se classificam como detratores, indicando que não recomendariam suas empresas como promotoras da saúde mental. Esse índice negativo reflete uma percepção de que as práticas de bem-estar psicológico são insuficientes ou inexistentes.
A Vittude projeta para os próximos anos um avanço no uso de tecnologias emergentes, como inteligência artificial e dispositivos “wearables” (vestíveis) que possibilitam o monitoramento de saúde mental em tempo real. Tatiana acredita que o uso desses dispositivos ajudará as empresas a responderem de forma proativa aos sinais de estresse e outras condições, promovendo um cuidado contínuo com os colaboradores.
Além disso, o Vittude Summit 2025 será uma oportunidade para aprofundar discussões sobre o impacto das novas tecnologias no bem-estar no trabalho. O evento reunirá especialistas para abordar temas como o papel da automação e da inteligência artificial no mercado, especialmente considerando as transformações aceleradas que impõem pressão psicológica aos trabalhadores.
A Vittude também se compromete com iniciativas de educação e conscientização por meio de eventos e premiações como o Vittude Awards, que valoriza as empresas com melhores práticas em saúde mental. Segundo Tatiana, essas ações são essenciais para inspirar outras empresas a adotarem práticas mais robustas, garantindo um ambiente de trabalho acolhedor e seguro.
O estudo aponta que, enquanto alguns colaboradores encontram no ambiente de trabalho um espaço de crescimento, uma parcela significativa ainda lida com o trabalho como fonte de desgaste mental. Segundo Tatiana, é importante que as organizações reconheçam seu papel central na saúde mental dos trabalhadores. “As empresas devem ir além de ações simbólicas, criando uma cultura de cuidado que tenha um impacto real”, afirma.
Com a ampliação de normas de segurança psicológica e o fortalecimento das práticas de bem-estar, a expectativa é que as empresas passem a ver a saúde mental como um componente estratégico. Iniciativas como as da Vittude exemplificam o movimento de transformar o ambiente profissional, oferecendo uma perspectiva que alia inovação, tecnologia e o compromisso com a saúde mental dos trabalhadores.
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