Acabei de ter uma conversa interessante com Ayrton Aguiar, Vice-Presidente de Fusões e Aquisições no Buscapé Company, grupo brasileiro que lidera o e-commerce na América Latina.
Mais do que me contar sobre o adiamento do prazo para inscrições na competição de aquisição de startups “Desafio Sua ideia vale 1 milhão” até o dia 10 de setembro, ele revelou algumas informações sobre o perfil dos participantes, rumos do mercado e interesses do Buscapé.
Na primeira edição do Desafio, o Buscapé adquiriu não uma startup vencedora, mas quatro – sem contar outras que são regularmente adquiridas pelas atividades da área que Ayrton preside. Nesta segunda edição, esta “sacolada de startups” pode virar uma “baciada de startups”, só que sem conotação pejorativa -muito pelo contrário.
Confira um pouco da conversa em que Ayrton explica como o Buscapé enxerga a si mesmo e às startups em um mercado que não é mais como se imaginava.
Por que vão adiar as inscrições, o número de inscritos não foi satisfatório?
“É muito bom ver que um grande número de empreendedores tem interesse que o Buscapé seja sócio, mas o que mais nos surpreende é como vem aumentando a qualidade dos projetos submetidos. Um pouco se deve ao novo processo de seleção: não cobramos mais um Plano de Negócio (que acabava sendo algo meio livre, cada um enviava como achava melhor), mas criamos uma série de perguntas que requerem respostas mais específicas, fundamentadas, completas.
Foi por causa disso que adiamos: temos participado em uma série de eventos em regiões diferentes e muitos empreendedores nos falaram que ficaram sabendo há pouco tempo e gostariam de mais tempo para responder tudo da melhor forma, então vamos receber inscrições até o dia 10 de setembro. Até já havíamos cancelado a exigência de um canvas com modelo de negócio, mas ainda uns 80% dos empreendedores estão submetendo um canvas, e quanto mais soubermos sobre a startup, melhor é para nós e para eles.
Quais regiões estão enviando mais projetos? São projetos em que áreas?
“Aproximadamente uns 70% dos projetos vem da região Sudeste, e isso é novidade, no ano passado as regiões foram mais homogêneas. As informações são preliminares porque as inscrições ainda estão abertas, mas também já percebemos que uns 80% dos projetos são claramente relacionados a e-commerce. Não significa que necessariamente projetos de e-commerce terão vantagem. Como exemplo, no ano passado investimos no Urbanizze, que não é diretamente um e-commerce ou uma área em que a gente atue, mas entendemos que hoje em dia o e-commerce abrange muito mais coisas, já se considera muito mais a logística, por exemplo.
O que tudo o Buscapé considera e-commerce?
“Esta noção já mudou para o mercado como um todo. Já passamos da época em que era chamado de comércio eletrônico apenas o carrinho de compras. Comércio, em si, é uma noção bastante ampla e envolve toda experiência que a pessoa tem antes e até depois da compra, não se trata unicamente da transação.
Hoje o comércio tem um forte componente social, as pessoas se informam umas com as outras, e também um claro componente móvel, de fazer essas coisas pelo celular conectado, chegando até a fazer transação.
O novo relatório Webshoppers sinaliza isso: moda e acessórios estão crescendo no e-commerce e exigem muita logística. Hoje em dia as coisas estão interligadas, as soluções se combinam, não podemos achar que uma startup de aplicativos não é uma startup de e-commerce, ou que uma startup de imóveis não seja uma experiência social.
Se você olhar por exemplo, o Navegg monitora o tráfego de acesso aos sites, inclusive via celular. E pode-se dizer que o Recomind é uma experiência de social commerce, pois lista serviços que são avaliados pela comunidade e acabam sendo contratados; e a lista de compras MeuCarrinho funciona como um aplicativo para celular”.
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Confira abaixo a íntegra do relatório Webshoppers sobre o desempenho do e-commerce brasileiro no primeiro semestre de 2012.