* Por Mônica Hauck
É fato que a pandemia de coronavírus trouxe grandes mudanças para a vida das pessoas e que mesmo com o fim do isolamento social, a rotina já não será a mesma de antes. O cuidado com a saúde mental já faz parte do contexto estratégico das organizações, mas levando em consideração o difícil período enfrentado, a retomada ao trabalho presencial exige um ambiente organizacional ainda mais saudável e seguro psicologicamente, para que o desenvolvimento e florescimento do colaborador aconteça de forma efetiva.
De acordo com um estudo de 2019 da Organização Mundial da Saúde (OMS), 264 milhões de pessoas sofrem depressão e ansiedade no trabalho, o que causa uma perda de US$ 1 trilhão por ano por redução de produtividade na economia mundial. O mesmo levantamento aponta que para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos colaboradores, US$ 4 resultam em ganhos com o aumento de produtividade.
Além destes dados, segundo uma pesquisa realizada pela empresa Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), e divulgada recentemente pelo laboratório Pfizer, durante a pandemia de COVID-19, 39% das pessoas de 18 a 24 anos disseram que a saúde mental ficou ruim no período e 11% afirmaram que ficou muito ruim.
Os dados confirmam, portanto, que o momento atual exige mais do que nunca cuidado, principalmente se considerarmos que o retorno ao trabalho presencial pode resultar em insegurança. Diante deste contexto, as empresas precisam rever o modelo de gestão e escopo de trabalho, além de criarem uma cultura relacionada ao bem-estar para que todos se sintam à vontade e seguros. Ou seja, é necessário a construção de um local de trabalho psicologicamente saudável, que permita extrair o melhor de cada um.
Não se trata apenas de oferecer benefícios como auxílio terapia. É preciso fazer mais: uma gestão de ponta a ponta, amparada por índices, pesquisas e dados, que nutrem as lideranças e que permitem tomadas de decisão estratégicas, pautadas para além da análise da performance do time. É necessário ter um olhar humano para contemplar o ambiente de trabalho e os colaboradores que são, sem dúvidas, o ativo mais importante de todo esse ecossistema.
Assim, para criar um ambiente de trabalho que traga bem-estar, é importante traçar metas de transformação, medir, acompanhar, e considerar novos indicadores de recursos humanos. Isto parte do combo de transformações que se desenha nos circuitos organizacionais para o pós-pandemia.
Mônica Hauck é Fundadora da Sólides. Graduada e pós-graduada pela UFMG e FGV, com MBA em Gestão Empresarial e especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Universidade de Stanford. A empreendedora desenvolveu a ferramenta Profiler e, como referência em Gestão Comportamental, atualmente ministra palestras e cursos por todo Brasil. Também é vencedora do Prêmio Mulheres Notáveis, na categoria Tecnologia.