No início deste ano foi sancionada a Lei Romeo Mion (Lei 13.977). A Lei instituiu a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea) que deve garantir aos portadores de TEA prioridade no atendimento, tanto em locais públicos, como privados. Mesmo com a lei, pessoas ainda sentem dificuldade em achar serviços ou estabelecimentos que atendam o autista. Foi observando isso que a empreendedora Elaine Marques criou o Rede Azul, aplicativo colaborativo que reúne locais e serviços para pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
A ideia para o desenvolvimento do aplicativo foi motivada através de experiências próprias. Elaine tem uma filha de 17 anos que foi diagnosticado com Síndrome de Asperger, nível leve do TEA, e desde então sentiu dificuldades para achar lugares e serviços adequados para quem tem autismo. Pensando que como ela, outras famílias deveriam passar pelos mesmos problemas, deu início à criação do app.
O projeto foi lançado inicialmente na cidade de Campinas (SP) em dezembro de 2019 e já alcançou, durante esse período, 16 estados brasileiros. Em um bate-papo com o STARTUPI, a empreendedora falou sobre a expectativa do aplicativo para os próximos anos. “Além de ser uma referência colaborativa em apps para autistas, a ideia é de que a iniciativa seja um movimento que aumente as demandas e que atraia mais olhares no Brasil para desenvolvimento de tecnologias para PCD”, enfatizou ela.
Dados do autismo no Brasil
Segundo uma estimativa da OMS, há 2 milhões de autistas no Brasil, esse número, porém, não pode ser confirmado, pois até o ano passado o País não possuía dados oficiais sobre a quantidade e localização de pessoas com TEA.
Para atender essa demanda, em julho de 2019, foi sancionada a Lei 13.861/2019 que inclui perguntas no Censo sobre autismo. Assim, com dados mais precisos sobre pessoas que possuem o transtorno, é possível direcionar políticas para que os recursos sejam aplicados corretamente.
Perguntamos à empreendedora se com essas novas leis os serviços oferecidos para autistas tendem a aumentar. Ela contou que sua primeira preocupação é na preparação dos fiscais em identificar e contabilizar correta, além daquelas pessoas que não têm diagnóstico. “Sobre a carteira, irá auxiliar na identificação de autistas para que tenham acessos mais facilitados aos benefícios. Com os dados atualizados é possível enxergar o tamanho da demanda para então falar de oferta”, completou ela.
Rede Azul
Criado para ser um aplicativo totalmente colaborativo, o Rede Azul permite que os próprios usuários indiquem locais ou serviços que atendam pessoas com TEA. Após serem adicionados, outras pessoas que usam o app podem visualizar e deixar sua avaliação para os chamados pontos azuis. Assim, com essas informações checadas por moderadores, o aplicativo calcula uma média de nota para cada indicação. Elaine também revelou que futuramente pretende implementar selos físicos em estabelecimentos bem avaliados.
Entre as categorias que já existem no Rede Azul estão: esporte, estética, recreação, capacitação, turismo, igreja, despachante, curso extra e jurídico. Caso tenha alguma outra sugestão, o usuário consegue criar uma nova sugestão.
O aplicativo foi desenvolvido com o apoio de um investidor-anjo pela agência Firefish e pode ser baixado inicialmente na Play Store pelo link. Em breve, usuários do sistema IOS também conseguirão fazer o download, de acordo com Elaine.