Já se sabe há algum tempo que a Amazon Web Services chegou no Brasil com o claro intuito de ganhar o mercado no Brasil e ajudar startups.
O programa AWS Activate, sobre o qual falamos aqui há algumas semanas, já chega a 356 startups e 17 entidades de fomento ao empreendedorismo na América Latina e a ideia, segundo a Amazon me contou, é ampliar mais ainda: atingir mil startups e 50 aceleradoras, incubadoras, seed funds e outras organizações que focam em ajudar empreendedores.
“Queremos usar o músculo da Amazon para promover startups”, declarou por telefone para mim o diretor de marketing da AWS, Juliano Tubino. Reza o ditado que, quando a esmola é demais, o santo desconfia – então você deve estar pensando com os seus botões: por que a Amazon está fazendo isso e mais, de que maneira? Vou explicar.
Há dois pacotes, vale recapitular: o Self-Starter Package (voltado para todos os empreendedores que estão começando) e o Portfolio Package (para as startups que têm aceleradora, incubadora, seed fund ou outra organização que foca em ajudar empreendedores).
Existe uma linha de corte para o programa da Amazon, e ela se chama startups que receberam investimento institucional. “Nossa contribuição aí não faz sentido. Queremos dar significado para quem precisa de US$ 2 mil, US$ 5 mil”, dispara o executivo.
“Todo o nosso trabalho na América Latina, que começou no final do ano passado, deu início à forma como o programa mundial foi desenhado, com foco especial àquelas startups apoiadas por aceleradoras. Realmente queremos trabalhar com esse público de altíssimo potencial”, explica Tubino.
Inclusão e tecnologia
Três novidades foram incorporadas no lançamento do programa: o treinamento às empresas (antes, apenas empresas maiores tinham esse benefício), além de mentoria técnica e de negócios – essas duas apenas para os proprietários do pacote Portfolio.
“A ideia é dar soluções para revisão de arquiteturas, a partir do compartilhamento de startups do mundo todo. Temos as maiores startups do mundo conosco, que conseguiram inovar graças ao cloud computing, então temos muito a compartilhar em experiência de arquitetura e de desenvolvimento de aplicações”, pondera Tubino.
Não é exagero: Instagram, Airbnb, Flipboard e Vine, por exemplo, estão hospedados na Amazon (hoje podem até não ser startups, mas todas têm menos de cinco anos de existência). Outras duas startups brasileiras que ganharam espaço considerável no mercado estão com a Amazon também: a Chaordic e a Kekanto.
Além disso, a empresa quer dar mentoria na questão de desenvolvimento de negócios. “A ideia é promover startups, conexões com clientes, divulgar nos nossos canais de mídias sociais e por meio de eventos específicos para o mercado”, enumera ele. “Queremos ajudar as startups para que tenham acesso à tecnologia e ao conhecimento que as maiores startups têm.”
OK, mas o que essa grande player de tecnologia ganha com tudo isso? Digamos que seja o que a biologia chama de simbiose; segundo o executivo, a iniciativa ocorre por uma série de motivos – mas ele me explicou os dois principais. “A Amazon tem um DNA de inovação muito forte. Para fazer as coisas que os clientes querem, é importante entender o que eles precisam, e nossa inovação vem dos clientes”, diz.
Isso responde o segundo motivo: “uma quantidade significativa dos nossos principais clientes é relativamente nova, o que pode ser classificado como uma startup. Escolher e apoiar essas startups é saber que elas vão se tornar grandes clientes no futuro, e isso é um benefício mútuo para essas conexões que a gente faz”.
No bojo do lançamento do programa há algumas semanas, as parcerias continuam: ontem, o Sebrae do Rio Grande do Norte anunciou ontem a que vai fornecer o Portfolio Package para startups potiguares interessadas (quem quiser pode enviar seus projetos até 00h de hoje para o e-mail sohsten@rn.sebrae.com.br).
(Foto Flickr)