Conversei com meu sócio Bob Wolheim, Venture Corp da Endeavor, entidade de empreendedorismo pela qual ele presta uma série de mentorias. O assunto foi justamente estas mentorias e o que elas realmente significam para um empreendedor e uma startup.
Vi que a conversa poderia gerar um conteúdo interessante – especialmente porque sábado teremos Startupi Camp – e definimos formatar como uma entrevista.
Diego: Quando buscar mentoria e como aproveitar melhor?
Bob: Acho importante que o empreendedor saiba o que quer de uma mentoria, tenha claro pontos a serem validados (ou não validados) e que não busque uma opinião genérica simplesmente. Essas custam ter muito pouco valor efetivo e podem mais confundir do que ajudar. É muito importante que o mentor tenha conhecimentos na área e na questão que está se colocando, ou tenha, ao menos, experiência suficiente para opinar.
Vejo muita gente buscando mentoria só porque disseram que isso é “legal”, ou buscando mentoria com amigos só para ter “aprovação” e ainda buscando mentoria com gente sem experiência e estrada suficientes para dar mentoria, além de gente querendo apenas falar, falar, falar e receber “carinho” do mentor!
D: Que tipo de empreendedor aproveita melhor?
B: Quem aproveita é o empreendedor que sabe as dúvidas que tem e, mais importante, escolheu um mentor que tem a experiência e que ele acredita. Claro, só aproveita o empreendedor aberto a ouvir. Tenho dado muita mentoria para empreendedores que ficam chateados se a gente não concorda. Cheguei a pegar alguns que depois de um questionar vários pontos, discordar de outros me agradecem dizendo algo assim: “que bom que você concorda com a nossa visão, acho que estamos no caminho certo”. Ou seja, tem gente que sequer ouve o mentor (óbvio que o mentor pode estar errado, mas se o empreendedor busca mentoria, no mínimo tem que ouvir – não apenas escutar – o que está sendo dito!).
Para quais tipos de empresa negócio a mentoria serve?
Acho que para qualquer um. O segredo, na minha opinião, é escolher alguém que ou seja do segmento ou tenha vivencias e experiência suficientes para ajudar.
É importante não buscar mentoria com os tipos de pessoas que “sabem tudo”, tipo donos da verdade, pois aí é o mentor que ficará só falando o que ele pensa e não ajudando numa análise critica dos pontos propostos.
Para que serve, para que não serve?
Serve pra validar ou não validar pontos como modelo de negócio, oportunidade de negócio, produto, estratégia. Serve também para reforçar o network. Não serve para massagear o ego (até serve mas é tempo perdido!). Não serve para vender. Não serve para resolver o problema (tem que levar as soluções e ouvir feed-back sobre elas e não achar que o mentor vai resolver os problemas). Não serve para ter ideias!
O que não se deve fazer, e não fazer, em um processo de mentoria?
O que fazer: 1. honrar o mentor que, independente das opiniões emitidas, dedicou tempo e energia. É super importante isso e muita gente esquece, principalmente se as opiniões não forem tão favoráveis ao pensamento apresentado e nem manda um e-mailizinho de obrigado. 2. Ouvir (não só escutar). 3. Estar aberto e refletir e mudar.
O que não se deve fazer: 1. brigar com o mentor até provar que você está certo, 2. querer apenas carinho e confirmação dos pontos abordados e 3. Achar que o mentor tem obrigação de resolver o seu problema ou gostar da sua ideia.