* Por Rubney L. Belloni
Ter todas as oportunidades possíveis na vida não significa ter sucesso.
João e Diego têm a mesma idade. Eles estudaram juntos e foram alunos dos mesmos professores. Suas famílias tinham rendas similares e ambos puderam frequentar boas escolas, fazer curso de inglês e passar uma temporada em intercâmbio no exterior.
Adultos, os dois resolveram empreender. Foi aí que o caminho que os dois seguiam juntos bifurcou. Diego é dono de uma das maiores empresas da região. João já abriu pelo menos quatro negócios, mas nenhum deu certo.
Para tornar esse cenário ainda mais complexo, acrescentemos aqui mais essa informação: Ana é cerca de cinco anos mais nova que João e Diego. Seus pais são separados e ela ficou com a mãe e os quatro irmãos. O pai nunca pagou pensão.
Na sua casa, todos trabalharam desde cedo para ajudar nas despesas. Ana estudou em escola pública e desde a adolescência precisou conciliar os estudos com um emprego. Ela já foi funcionária de uma das empresas que João fundou. Hoje, empresária, é a principal concorrente de Diego.
As histórias acima são fictícias. Mas você não precisa procurar muito para encontrar algumas reais similares a elas.
Por que, afinal, alguns empreendedores dão certo e outros não?
Arriscar uma resposta objetiva à pergunta acima pode nos jogar numa armadilha perigosa, a das soluções simplistas para problemas complexos. Mas podemos, sim, considerar algumas possibilidades. Antes de tudo, tenha em mente o seguinte: ter todas as oportunidades possíveis na vida não significa ter sucesso em todas elas. Segundo: dificuldades não são barreiras intransponíveis.
Vários fatores podem ter influenciado o sucesso de Diego e Ana e dificultado as tentativas de João. Consideremos alguns pontos:
Persistência
Releia atentamente as histórias que contamos na abertura deste texto e perceba um detalhe: João já iniciou pelo menos quatro negócios e nenhum deu certo. Será que ele foi persistente o suficiente para emplacar algum deles?
Quem empreende sabe que começar uma empresa nunca é fácil. O início é doloroso e exige disposição. Quem não estiver preparado para isso dificilmente vai conseguir construir algo consistente.
Preparação
Diego e João assistiram às mesmas aulas, nas mesmas boas escolas, quando eram jovens. Mas, a menos que seu negócio seja em uma dessas áreas, aulas de Química e Biologia não vão fazer muita diferença na vida de quem quer empreender.
Então não vai fazer diferença você ter sido aluno dos melhores professores e tido acesso aos melhores livros sobre esses assuntos. Quando resolver empreender, estude. Mas estude o que não ensinam na escola.
Administrar um negócio, definitivamente, não é para amadores. Sabe aqueles milionários que só têm ensino fundamental? Pois é. Talvez eles até tenham sido péssimos alunos na escola. Mas pode ter certeza de que eles estudam cotidianamente o que fazem.
Lembre-se, no entanto, que isso não significa, necessariamente, cair sobre livros. Analisar a concorrência, por exemplo, também é uma maneira de estudar. Talvez, na vida, Ana tenha aprendido sobre negócios muito mais do que João.
Autoconhecimento
Será que empreender é mesmo o que você quer para sua vida? Ou você resolveu abrir um negócio só por que acha legal essa onda das startups? Se você abriu uma empresa simplesmente pensando no glamour e para distribuir cartões de visita com um CEO sob seu nome, reveja seus conceitos.
Empreender pode até ter seu charme, mas a vida real não é tão bonitinha. A selva é para os fortes. Aprenda a identificar suas forças e fraquezas, para aparar as arestas e delinear uma estratégia vencedora.
Rubney L. Belloni, tem 28 anos e é CEO na BLN Contabilidade. Possui Bacharel em Ciências Contábeis pela UNIP Assis/SP e MBA em Controladoria de Empresas pela UNIP Assis/SP. É professor, voluntário e conselheiro fiscal no Vozes | Instituto Gerando Falcões e voluntário na Casa de Acolhida Pietá – Núcleo São Paulo/SP.