O que estava no espírito do tempo ou em fase de testes já é uma realidade nas mãos do pessoal da Incube, startup que visitei e cuja tecnologia eu testei e vi funcionando com os meus próprios olhos: o pagamento móvel por aplicativo já está em operando em táxis da cidade de São Paulo.
“É o pagamento mobile que funciona”, sentenciou o Eduardo Iguelka, cofundador da Incube, durante nossa conversa nessa semana na sede da empresa, em Higienópolis, São Paulo. “É um assunto que está no zeitgeist, que está todo mundo falando, mas que ninguém matou a cobra e mostrou; ninguém mostrou a solução no Brasil.”
“O mobile payment é um tema muito novo e que está engatinhando no mundo inteiro”, declara o outro cofundador, Fernando Blay. “Não há completas soluções sobre isso”, completou – e eu concordo com eles.
Explico: enquanto jornalista de tecnologia, acompanho o tema de mobile payment (ou m-payment) há algum tempo – muitas operadoras de telefonia dizem, inclusive, que estão testando versões piloto desse tipo de sistema que integre o pagamento de um produto ou serviço ao gadget móvel, embutido em um aplicativo ou via tecnologias de proximidade, como a NFC.
Dessa forma e solicitando para conhecer esses sistemas (o meu último pedido foi em junho deste ano), nunca cheguei a uma pessoa desse seleto grupo que tivesse usado o pagamento por meio de uma tecnologia desenvolvida especialmente para smartphone – vale lembrar, num esquema estritamente tecnológico, que não requeresse outros gadgets, penduricalhos, maquinhinhas, sistemas pré-pagos ou confirmações por SMS e e-mail.
Mas agora, pelo que eu pude conferir, a realidade é bem diferente. O Vá de Táxi (iOS e Android), app B2C que é desenvolvido pela Incube, iniciou esse modelo em uma parceria com a Porto Seguro há um mês. Já opera em 1.300 carros em São Paulo e, nesse período de 30 dias, atraiu 5.000 clientes.
Ele funciona tal como os aplicativos similares de táxi – com a diferença de que, ao final da corrida, é possível pagar o taxista com cartão de crédito, digitando apenas o código CVV do cartão de crédito dentro do próprio aplicativo, sem necessidade de recursos adicionais, como máquina de cartão ou mensagem SMS. Outra novidade interessante do app: o cálculo prévio da corrida, seja pelo valor por bandeira 1 ou 2, seja pelo trajeto.
A maneira de evitar fraudes, segundo eles me explicaram, é a quantidade de dados – além do número do cartão de crédito, outros dados como CPF e código de segurança do cartão, que é vinculado tão e somente a um smartphone. “Se você tiver todos os meus dados, o número do cartão e o código de segurança, você pode sofrer fraude em qualquer serviço on-line”, diz Blay. “Temos essa limitação de um cartão por aparelho, o que dá uma segurança a mais.”
O app chega em Santos na próxima semana, e no Rio de Janeiro no mês que vem. O plano é expandir para mais cidades brasileiras até o final do ano. Só em São Paulo, a Porto Seguro – que fornece a capilaridade da rede de taxistas, enquanto a Incube assina o projeto tecnológico de m-payment, tem 18 mil táxis cadastrados e 39 mil no Brasil todo.
Com a validação do modelo da plataforma, cujo pagamento é feito por outro app desenvolvido pela Incube, o Kiik, todo um panorama para o mobile payment via aplicativos se abriu: agora, a empresa está desenvolvendo um sistema de pagamento para restaurantes, que estreia na semana que vem em São Paulo, conforme adiantamos com exclusividade para vocês ontem.
Outro protótipo que eles estão desenvolvendo por lá que pude conferir: um catálogo via painel eletrônico ou televisão, com vários produtos – cada qual com o seu QR code que vai permitir a compra e a entrega desses produtos – o que já foi batizado de internet 3.0 há alguns anos. “Isso a gente viu numa propaganda da Coreia do Sul”, conta Blay. “Um monitor na rua, no ponto de ônibus, e as pessoas comprando artigos de supermercado. Gostamos e resolvemos desenvolver.”
Tem mais uma plataforma muito legal (e em outro segmento) na qual eles estão trabalhando há 10 meses – sobre isso, no entanto, eu vou contar melhor amanhã.
Além de Blay e de Iguelka, são cofundadores da Incube Alex Barbirato (que fundou a NetTrade – primeiro NetBroker do país, vendido para a Patagon e o Santander) e Sérgio Kulikovisky (criou a Certisign). A Incube está estruturada como um fundo de private equity fechado, e está sendo muito assediada por investidores, segundo eles me contaram – mas nada está decidido e pode rolar investimento com o capital dos sócios, apenas.