* Por Ana Rita Petraroli
O ano de 2020 será para sempre lembrado como o ano da pandemia. Embora tenha sido um período de grandes desafios e superações, ele trouxe aprendizados e acelerou processos, que até então, despertavam certos receios. De forma abrupta, sem tempo para desenvolver um planejamento efetivo, tivemos que criar novas formas de procedimentos e ações, assim como tivemos que nos adaptar ao home office e ao contato com o público, restrito ao virtual.
Do ponto de vista administrativo e estratégico, passamos a ser mais eficientes e comprometidos, pois, diferentemente de estar em um ambiente de trabalho, com o controle visual dos superiores, aprendemos sobre autogestão, a nos organizar melhor para poder conciliar todo nosso universo, convergido para um só local: dentro de casa. E apesar do desafio, principalmente para as pessoas que têm filhos pequenos e tiveram que dividir o computador com as aulas virtuais, esse momento extremamente complicado foi enfrentado com sucesso.
Embora alguns modelos de gestão tenham passado por uma revisão profunda de operações e processos, o volume de trabalho, em geral, se manteve ou até mesmo dobrou, pois repensar o negócio não é tarefa fácil. Na área de prestação de serviços, como a advocatícia, por exemplo, a quantidade de trabalho não diminuiu.
Os tribunais, de uma maneira surpreendente, se adaptaram rapidamente a esse novo modelo, migraram para o digital e seguiram por outras plataformas. Os contratos passaram a ser assinados com outros tipos de mecanismos que não o documento físico, com validação e possibilidade de produzir efeitos jurídicos. Acabamos deixando de lado alguns reconhecimentos de firma, porque os sistemas possuem uma homologação digital. Isso foi muito positivo, pois já tínhamos esse avanço e ele só não havia sido colocado em prática por insegurança quanto à aceitação do Judiciário.
Em virtude da grande transformação que aconteceu no período, a área de TI, por exemplo, também passou por uma fase sem precedentes, ao ter que criar vazão para atender todas as demandas das empresas que mudaram sua forma de atuar. O setor cresceu exponencialmente, culminando na consagração dos meios digitais.
Outra área que enfrentou mudanças significativas foi a imobiliária, principalmente no que diz respeito aos imóveis comerciais. Adaptações, reprogramações de tipos de contratos e entregas de pontos de comércio tiveram que ser absorvidas pelo setor.
Para 2021, não podemos dizer que tudo isso ainda será novidade. Alguns erros que aconteceram nos planejamentos, em 2020, pela surpresa, pela forma repentina que a pandemia chegou, não devem se repetir. Tivemos tempo de criar novos modelos de ação, de trabalho e de atendimento. Por isso, este ano as coisas fluirão com mais tranquilidade, afinal, já nos acostumamos com essas plataformas.
O presencial perdeu força e isso indica uma tendência para os próximos anos. Dificilmente teremos a mesma carga de encontros para reuniões demoradas e, algumas delas, perderão até mesmo a razão de existir, caso o assunto possa ser resolvido de forma mais prática, como algumas trocas de mensagens por aplicativos, e-mails ou uma simples ligação telefônica.
O futuro é ainda incerto, mas as mudanças nas relações de trabalho vieram para ficar. Entre tantas coisas, a pandemia trouxe a confiabilidade nos métodos que ainda duvidávamos. Se existem duas coisas que não podemos subestimar, são a nossa criatividade e o nosso poder de adaptação. Vamos em frente.
Ana Rita Petraroli é sócia-fundadora do Petraroli Advogados.