Por Bruna Galati
Aos 16 anos, Antonio Fascio perdeu o pai, um engenheiro de formação que sustentava a família com a sua construtora. Com o baque financeiro, o jovem quis mudar esse cenário e foi estudar sistema da informação. Em pouco tempo estava trabalhando em uma empresa de tecnologia, algo novo para uma pessoa que morava no Amapá.
Quando Antonio percebeu que os avanços tecnológicos demorariam para chegar na sua região, decidiu fundar seu próprio negócio. Juntou sua paixão por tecnologia e a sua intimidade com orçamento de obras, graças à vivência com seu falecido pai, e teve a ideia de criar a OrçaFascio, que teria como solução um software para desenvolver orçamentos de obras.
Em 2009, ainda em solo amapaense, Fascio conheceu o programador Fábio Santos – hoje seu sócio na OrçaFascio – e juntos, em 2011, conseguiram desenvolver a primeira versão da plataforma ainda sem banda larga disponível, que chegaria apenas em 2015 ao Amapá. “No primeiro ano, a OrçaFascio viu um crescimento surpreendente. Geralmente, a primeira meta de qualquer startup é atingir 100 usuários e depois mil usuários, no entanto, a OrçaFascio ultrapassou essa marca já no segundo ano”, afirma Edson Santana, CMO e COO da OrçaFascio.
Mas antes de chegar até o sucesso inicial, a startup enfrentou obstáculos devido a limitação da internet na região. Edson conta que para subir a primeira versão do software foi preciso viajar para Belém, no Pará. “Havia um banco de dados de 25 megas e todas as vezes que tentavam atualizá-lo, o sinal caia. Antônio pegou um pen drive com os dados, subiu em um avião para Belém e foi em uma lan house que tinha uma internet um pouco mais rápida. Mesmo assim, o processo levou uma semana para dar certo.”
Soluções na prática da OrçaFascio
A startup oferece dois softwares a OrçaFascio, focado em pequenas e médias empresas, e a OrçaFascio Prime, sua versão prime para ogranizações de porte enterprise e órgãos públicos. Ambas têm como premissa acelerar em até 8 vezes o orçamento de obras. Além disso, o software faz a medição de obras; automatiza as compras dos materiais para evitar o desabastecimento da obra e reduz o estoque desnecessário; traz um diário de obras; e permite o planejamento de toda obra.
Além disso, no último ano, o grupo lançou dois plugins, o OF Hidráulico, solução voltada para questões hidráulicas e o OF Elétrico 3.0, para auxiliar na parte elétrica dos projetos. A startup também se destacou com a utilização do OrçaBIM, um plug-in que evita rombos financeiros, apontando a quantidade exata de recursos e materiais para o orçamento de uma obra.
“Temos trabalhado incansavelmente buscando mais tecnologia para o setor, queremos ajudar os profissionais a otimizarem o seu trabalho e tempo. Anteriormente tudo girava em torno do orçamento da obra, porém, várias empresas possuem dores em outras áreas que não necessariamente precisam da nossa solução de orçamento. Portanto, agora nós conseguimos oferecer de uma melhor forma para nossos clientes, de forma separada, todos os processos que uma obra precisa para acontecer, além do orçamento”, explica Antonio Fascio.
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Descobrindo ser uma startup
Além das dificuldades com a internet, Fascio e Santos tiveram problemas com o modelo de negócio no início da OrçaFascio. Por não entenderem de startups, eles ofereciam seu produto gratuitamente. A junção de dois acontecimentos fez os sócios perceberem que estavam construindo uma startup que era escalável.
A primeira foi a Campus Party, evento de tecnologia e inovação. Eles tiveram o primeiro contato com o ecossistema de startups e perceberam a similaridade com o seu negócio. A segunda foi a oportunidade com a aceleradora Aceleratech, conhecida hoje como ACE, que trouxe a visão de negócio para conseguirem desenvolver a sua escalabilidade. Antes, eles entregavam a solução de graça para os clientes.
“Fascio não tinha muito conhecimento sobre o ecossistema de startups. Mas a curiosidade e a vontade de fazer acontecer o levaram a pesquisar e aprender. Ele montou um plano para a OrçaFascio e os próximos passos seriam dados com a consciência de um fundador de startup”, afirma Edson.
Em 2020, durante a pandemia do Covid-19, ocorreu um apagão de energia elétrica no Amapá, que atingiu 14 dos 16 municípios e durou 22 dias, e os colaboradores da OrçaFascio não conseguiam trabalhar. Aos poucos, Fascio foi comprando passagens e trazendo seus 30 colaboradores da época para Santo André, município de São Paulo – uma região menos agitada para as pessoas sentirem menos o baque da mudança.
“No segundo dia do apagão Fascio mexeu os pauzinhos e levou os 30 colaboradores para Santo André, junto com as suas famílias. Optamos por Santo André pensando no bem-estar das pessoas, uma preocupação que Antônio e Fábio demonstram de uma maneira que eu nunca vi em outra startup. Imagina morar em Macapá e, de repente, estar no meio de São Paulo. É um choque cultural significativo. Embora estivéssemos cientes de que São Paulo poderia ser mais vantajoso para a empresa, não queríamos perder nossa equipe e pelo menos 20 dos 30 colaboradores ainda estão conosco”, explica Edson.
Em 2022, a OrçaFascio teve um crescimento de 60% em faturamento e aumento de 43% da sua base de clientes, pulando de 3.500 para 5.500. Esse ano, nos últimos seis meses, a startup realizou diversos investimentos que incluíram a contratação de colaboradores, rebranding da marca e construção de uma nova sede em São Paulo. Como resultado, a construtech registrou um crescimento de 32.4% em receita entre janeiro e junho deste ano, fruto de acordos com grandes empresas como Infraero, Embrapa, Sabesp e o Exército Brasileiro.
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