O Mistério da Saúde Mental diverte: este é um artigo pessoal de opinião e não representa necessariamente a visão oficial desta empresa e deste veículo. Ah, e qualquer semelhança… bem, vocês já entenderam.
Criar valor, entregar valor, capturar valor. Validar. Funcionou? “Colou”? É bom ou ruim? Bom, ótimo ou excelente? Avaliar, comparar, “julgar”. Melhor que o outro? O melhor de todos? Valuation. Neste exato momento, estou avaliando os projetos criados durante a Angel Hack SP, primeira no Brasil.
Quem não tem certeza como funciona ou qual é o contexto do evento, veja esta entrevista que gravei com eles em San Francisco e ainda a página desta edição da competição. Mais uma junta de caras com a missão delegada pelos organizadores de não deixar pedra sobre pedra e escolher um vencedor (ou mais, depende de cada competição).
Este editorial foi lançado na newsletter do Startupi:
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Que tal avaliarmos os avaliadores? Que tal avaliarmos os processos de avaliação? Que tal avaliarmos de que importa ser avaliado e vencer?
E fique claro: não estou tratando de uma ou outra competição especificamente.
Qual é o valor de você ser especializado em fazer pitch em diferentes competições, seu produto ser um velho conhecido dos jurados e ainda assim vencer um entre 10 prêmios distribuídos por um evento que se diz voltado para pitches inéditos e lançamento de produtos? Significa que, de tanto malhar, seu discurso ficou melhor do que qualquer produto que alguém esteja lançando? Talvez surja um “troféu conjunto da obra” ou “troféu milhagem”.
Já avaliei muitas e muitas competições, ouvi diversos briefings de organizadores, li muito regulamento, pensei sobre muito critério de avaliação e já tive a mesma conversa com inúmeros outros avaliadores: “que estranho o resultado ter sido este”.
Deve haver alguma rara competição que se leve a sério em algum canto, que na verdade sirva para alguma coisa mais verdadeira do que um pouco de exposição perante apenas seus pares – os mesmos de sempre que acabam frequentando esses verdadeiros saraus, concursos de poesia, versão mais nerd do Miss Universo (se bem que, às vezes, as frases prontas são bem parecidas). Existe sim avaliação pública boa, mas empreendedor que se preza não se emociona com qualquer coisa. E investidor, então?! Bá.
De qualquer forma, um pouquinho de vaidade (de ambos lados da avaliação) sempre é uma bela massagem entre participantes de grupos de auto-ajuda. A questão são as expectativas e vangloriações. Deveras desalinhadas. E quando se trata de “veja o que conseguimos fazer nas últimas horas”? Jura que é para esperarmos muito? E depois relevarmos os critérios, pois eles “estão só começando e tiveram pouco tempo”. O sucesso não vem de um dia para o outro, nem com treinamento de pitch, nem com mentoria, nem com conquista de prêmio. É tudo apenas exercício – e motivo para mais algumas semanas de fotos no Facebook para alegrar a labuta, a luta, e receber likes de amigos e familiares.
Mesmo assim, competições são uma celebração. Reúnem pessoas que vivem (tentam viver) da mesma coisa e crêem que, se misturarmos o progresso de cada um e fizermos o coletivo melhorar, isso reforça e facilita os próximos passos de cada um. Não é balela. É bom mesmo ver as startups avançando, melhorando, conquistando. No fundo, é bom verem que ainda sobrevivem, feito mutantes buscando seu fit – afinal, quem não está? Ainda, é bom ver mais gente, mais trabalho, oxigenação, diversidade. Este é o valor dessas coisas “inovadoras”.
Como diria o Professor Xavier quando Magneto perguntava “por que você tanto procura ao tentar ler minha mente?”: esperança. Ou ainda: “o rock morreu, vida longa ao rock”. The show must go on.
Imagem de abertura: I fucking love science