Quando eu li sobre o aporte de R$ 1 milhão no LuluFake, achei simplesmente estranho: como uma ferramenta cuja sobrevida era de apenas 72 horas tinha embolsado uma cifra milionária assim, literalmente do dia para a noite de segunda, 2 de dezembro? Você pode até não ter entrosamento com investidores, mas não parece… prematuro que alguém aposte dinheiro numa ferramenta tão jovem?
Munida com essas – e muitas outras – interrogações, fui atrás de quem estava por trás do LuluFake. Antes de tudo, é necessário contextualizar: o LuluFake é uma ferramenta de melhoria da reputação no controverso aplicativo Lulu que, caso você não tenha passado a última semana em uma ilha deserta, já deve ter visto/lido/sabido por aí.
Se o Lulu permite avaliar os homens à vontade, a dinâmica do LuluFake é inversa: os boys podem comprar avaliações positivas sobre si próprios, aumentar a nota dada pelas mulheres e manter o, hum, “mojo” no Lulu.
“Na verdade, a gente lançou o LuluFake para comprovar um ponto de vista”, me contou Breno Masi, que, além de arquiteto do LuluFake, trabalha com desenvolvimento na Movile. “Queríamos mostrar para os nossos investidores que o conceito de um outro produto funcionaria: um produto focado na análise da reputação”, diz ele. “Essa ferramenta já está em desenvolvimento há três meses, e o lançamento está previsto para março do ano que vem.”
Nicho pouco explorado nos negócios, mas já delineado na academia: foi em 2004 que Hassan Masum and Yi–Cheng Zhang publicaram o “Manifesto for the Reputation Society”, que envereda sobre esses dilemas emergentes a partir da tecnologia.
A reputação é um bem de um valor simbólico inestimável – pense nesses processos seletivos para candidatos a empregos que vasculham redes sociais em busca de antecedentes moralmente reprováveis. Ou mesmo o Lulu, que causou furor nesse quesito (e muito menor repercussão no fator coleta de dados).
Masi e outro empreendedor, Nicholas Moreira, já estudavam empreender neste filão, e o Lulu foi uma mão na roda, a oportunidade ideal para provar a investidores que esse tema capitaliza, sim – seja atenção, audiência ou cifras.
Não deu outra. “O que mais atraiu os investidores foi o número de check-outs: foram 2.000 pedidos em 72 horas”, conta ele. “O LuluFake sai do ar entre 15 e 20 dias e existe para mostrar a possibilidade real de uma ferramenta de análise de reputação em mídias sociais”, explica.
Dois investidores-anjo resolveram, então, apostar R$ 1 milhão, mas não no LuluFake, que foi apenas uma maneira de comprovar que eles estavam certos quanto à ideia investida: o alvo virou a nova plataforma para mensurar reputações em redes de relacionamento. Um deles é Andreas Blazoudakis, um dos gestores da Movile – mas Masi me garantiu que o aporte nada tem a ver com a empresa; são situações distintas. O outro não teve a identidade revelada.
Ele me contou também que fará um outro lançamento na madrugada de hoje, com um objetivo simples (e pouco modesto): ser o viral do ano. Também é radicado no Lulu, mas, sobre isso, ele foi lacônico: “vai permitir ver as notas de todos”, sintetiza. “Eu mando mais informações para você à noite, quando estiver no ar. Você vai ser a primeira jornalista a saber”. OK – e conto tudo por aqui. Aguardemos.