O We Heart It é uma das redes sociais brasileiras mais bem sucedidas dos últimos tempos. Criado em 2007, o site que agrega imagens inspiracionais, já passou da marca de 25 milhões de usuários e continua a ganhar mais de 1 milhão novos clientes ao mês.
O serviço é muito popular principalmente nos EUA, onde a mídia local o considera um dos grandes fenômenos das redes sociais. Parte do prestígio se deve ao seu público feminino, adolescente, e conectado principalmente por smartphones, que mostra grandes índices de engajamento.
Para saber mais sobre o serviço, sua trajetória, e o seu potencial, conversamos com o designer carioca Fabio Giolito, o fundador do We Heart It. Veja:
Quais você diria que foram os principais momentos da trajetória do We Heart It e de sua carreira como empreendedor?
No fim de 2007, terminando a faculdade de Design, eu precisava organizar as imagens que eu guardava como inspiração. Sempre fui interessado em programação e internet, então aprendi a programar por conta própria e criei o We Heart It. Não imaginava que tantas pessoas se interessariam em usar o site.
Em 2009 o acesso era tanto que as pessoas mal conseguiam entrar e foi necessário reescrever o site inteiro. Convidei o Bruno Zanchet para entrar como co-founder e dividir essa tarefa comigo. Em dois meses lançamos a nova versão.
Com um código mais robusto e mais servidores, o acesso aumentou drasticamente da noite para o dia e continuou a crescer. Resolvemos sair dos nossos empregos no Yahoo! para nos dedicar em tempo integral ao We Heart It. Foi uma decisão delicada, mas precisávamos de mais do que algumas horas livres por noite para trabalhar no produto.
Em 2011 incorporamos a empresa nos Estados Unidos e desde então viemos trabalhando para estruturá-la. Abrimos escritório em San Francisco, e começamos a montar o time. Hoje somos 18 pessoas na equipe.
Ano passado, pela primeira vez entramos em contato com a imprensa. Até então nunca havíamos divulgado o site de nenhuma forma. Todo o crescimento do We Heart It se deu de forma orgânica, os próprios usuários divulgaram para seus amigos.
O serviço faz muito sucesso por mobile e com garotas. Isso era esperado desde o começo?
Mulheres são mais sensíveis e comunicativas, e por isso se identificam com a ideia de se expressar e inspirar através de imagens. Não houve a intenção de focar em um público específico, isso ocorreu naturalmente ao longo do tempo. A grande maioria dos usuários são jovens e mulheres. Mais de 80% dos nossos usuários tem 24 anos ou menos. E 80% de toda atividade no We Heart It acontece em celulares e tablets.
A rede social é muito popular fora do Brasil. Você pensava em um produto internacional desde o início?
Sim, acho que qualquer um pode apreciar uma imagem bonita independente da língua que fala. O We Heart It foi lançado em inglês para facilitar o uso por pessoas do mundo inteiro. Desde então o site e os aplicativos foram traduzidos em diversas línguas e temos usuários de praticamente todos os países.
Nós não divulgamos nossos números por região, mas os Estados Unidos são nosso maior mercado e também somos muito populares no Brasil e América do Sul. O Brasil está entre os 10 países que mais usam o We Heart It.
Ao que exatamente você atribui o grande sucesso do We Heart It? O que você acha que é o grande diferencial de vocês para outras redes como Tumblr e Pinterest?
O We Heart It é um lugar para as pessoas se descobrirem e se expressarem. Existe uma forte ligação com emoções e a beleza visual das imagens. Você pode buscar e compartilhar imagens que refletem como você se sente naquele momento. O que é diferente de outras plataformas mais focadas em produtos.
Proporcionamos um ambiente anti-bullying, todas as interações são positivas, você não pode dizer que não gosta de algo, ou repostar uma imagem e alterar as informações nela ou adicionar comentários negativos. Isso é crucial para um ambiente seguro onde as pessoas podem ser elas mesmas, mesmo anonimamente, sem outras pessoas julgarem elas.
Qual o papel do design na experiência de uso de uma rede?
O papel do design é ser invisível. Em uma rede social o conteúdo é o mais importante, é o que faz as pessoas usarem seu produto. É criar uma experiência simples para o usuário onde ele possa consumir e interagir com o conteúdo.
Você acredita que startups criadas por designers acabam funcionando de uma maneira muito diferente das outras?
Sim e não. Designers tem a tendência de simplificar, prestar atenção a detalhes e focar na experiência ao invés de funcionalidades. Uma empresa que compartilhe esse pensamento está no caminho certo, mas ela não precisa ter sido criada por um designer para isso.