Estive em Curitiba na semana passada e visitei duas startups sobre cujas atuações falo por aqui hoje. Uma delas é a NextOS que, na realidade, pivotou um modelo de negócios já existente: uma assistente virtual chamada Denise.
Antes, ela funcionava como assistente no computador, checando tarefas e gerenciando a agenda dos usuários, com 3.000 cópias vendidas. A diferença agora é que Denise virou uma concierge virtual, ou o cérebro de um sistema de automação residencial ou comercial – e isso é muito interessante. Vou explicar por quê.
Já fiz uma edição especial em outro veículo de comunicação totalmente dedicada a esse tema. Grandes dificuldades desses sistemas se situam na integração – cada função distinta muitas vezes dispõe de um controle diferente – e, segundo Leandro Favero, gerente de produto da NextOS, a programação das tarefas de cada dispositivo também se torna algo complexo para o instalador.
O sistema de automação residencial que a NextOS desenvolveu põe todas essas questões em um denominador comum e simplifica a equação, com uma assistente virtual que recebe, também, comandos de voz específicos – e os responde.
Se você tem conhecimento sobre o tema, deve estar pensando que já viu funções dessas antes. Mas a novidade é a unificação da automação em um controle só, inteligente e com padrões programáveis. “Lembra quando o iPhone 1 foi lançado? Já existia touchscreen, tocador MP3, câmera de celular, mas nada de maneira tão boa e integrada com o telefone. É isso que a gente está fazendo”, declara Favero.
A automação envolve um sistema criado com regras gráficas em uma planta 3D – um mini The Sims – pela qual é possível ver os padrões dessa tecnologia na casa (ligação de luzes, televisor, e por aí vai).
Cada usuário pode manter um perfil (por exemplo, entro na casa e quero que se liguem as luzes, o aquecimento de piso e a banheira, enquanto outro usuário pode ter uma configuração diferente). A identificação é feita por reconhecimento facial. Existem prioridades de perfis – por exemplo, o meu predomina sobre o de outro usuário, de forma que ele não se alterne constantemente.
Detalhe importante, toda a interface roda em smartphones e em tablets – a interface da NextOS requer, no entanto, um computador dedicado exclusivamente a isso, a fim de se evitar vírus ou outros problemas (que podem, sim, desligar uma casa inteira).
À primeira vista, pode parecer extravagância, mas o sistema tem utilidades e benesses – Favero exemplificou que o sistema é usado no quarto de uma cliente tetraplérgica, que controla tudo por voz (desde ligar as luzes até mudar de canal na televisão. Outra aplicação é em um consultório médico onde, comumente, se esquecia o ar condicionado ligado – com a integração à agenda dos médicos, o acionamento e o desligamento são feitos pela automação.
A automação da NextOS tem dois meses de existência, e o modelo da startup é B2B – a aquisição é feita por meio dos instaladores parceiros. Quem já tem automação residencial pode implementar o sistema também – a ideia é atingir o setor hoteleiro e residencial. “É bom para clientes e para instaladores que têm dificuldade em lidar com essa tecnologia”, diz Favero. Eu vi e operei o sistema de automação e, de fato, posso dizer que funciona com fluidez e que é super intuitiva.
Para desenvolver o sistema, a NextOS teve um apoio de dois investidores-anjo no valor de R$ 2 milhões, segundo me contou o fundador Guilherme Lindroth Filho. O lançamento oficial da plataforma deve ocorrer em março de 2014, e os preços do software devem variar entre R$ 2.500 e R$ 5.000. Já o hardware para uma automação básica inicial (automatizar luzes e home theater) deve sair entre R$ 2.500 e R$ 5.000.