Quando se fala de ecossistema de empreendedorismo de sucesso, logo vem à nossa cabeça o Vale do Silício. Ele pode ser o maior polo de inovação do mundo, mas não é o único que abriga grandes unicórnios e importantes empresas de tecnologia. Por todo o mundo, governos e comunidades do setor de tecnologia vêm se unindo para fortalecer o ecossistema empreendedor e criar grandes empresas.
Para falar sobre isso, aconteceu hoje, 29, na Campus Party, um painel sobre oportunidades neste segmento por todo o globo. Participaram: Elsa Stefenson, representando o conselho de comércio e investimento da embaixada da Suécia; Maria Angélica Garcia e Marcone Siqueira, representantes da UK Trade & Investment, Reino Unido, e Todd Barrett, representante do governo de Ontário, Canadá. (foto)
O Reino Unido
O eixo de inovação deste país é extenso e cheio de oportunidades! Os países que compõem o Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) têm 88 prêmios Nobel só nas disciplinas científicas e, dentre as grandes economias do mundo, esta é a melhor colocada no Ranking Global de Inovação. Com mais de 63 milhões de habitantes, este é também o segundo país da OCDE ( Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com mais número de profissionais atuando em pesquisa e desenvolvimento. A colaboração entre universidades e negócios também é a mais efetiva entre as economias europeias. Das tecnologias que mais se desenvolvem no Reino Unido, oito delas tem destaque: Big Data; satélites; robótica e sistemas autônomos; biologia sintética; medicina regenerativa; agro-ciência; materiais avançados, e armazenagem de energia.
Para desenvolver startups, o cenário é bem favorável: O Reino Unido é o país com o maior número de aceleradoras da Europa, contando com 70 delas, como a Barclays Accelerator e a Level39, focadas em fintech. O mercado de Venture Capital também é bem rico, sendo o mais desenvolvido na Europa em termos de números de VCs e quantidade de dinheiro investido nas startups do país. Segundo Marcone, o investimento das venture capitals do país nas startups vem crescendo 50% ao ano. “O investimento de VCs nos primeiros seis meses de 2015 se equiparou ao total de investimentos realizados em 2014”, diz. Essa quantia equivale a mais de 2,2 bilhões de dólares.
Londres
De acordo com Marcone, o ecossistema londrino tem se tornado cada vez mais interconectado e as startups de lá estão se tornando mais internacionais. “Londres quadruplicou o número de exits entre 2010 e 2014 e só este ano, estima-se que as startups criarão mais de 20 mil empregos no País”, diz. A moeda que corre no país é a libra esterlina, esta é uma das moedas mais seguras e estáveis do mundo e faz com que a força do mercado financeiro de Londres compita apenas com Nova York.
Para uma empresa do Reino Unido importar ou exportar um produto por países da União Europeia, não há necessidade de pagar nenhuma taxa ou imposto, além dos vários acordos comerciais que existem entre os países de fora da União. A rede de relações do Reino Unido com países de todo o mundo é forte, contando com 120 acordos de bitributação assinados, com grandes potências como Estados Unidos, Canadá e países da Ásia e Oriente Médio.
Mas e o visto? O Reino Unido tem um sistema que facilita a entrada de mão de obra qualificada no país, além de estudantes, acadêmicos, empreendedores e investidores nacionais, recebendo cerca de 3 milhões de pedidos de visto por ano. Para quem quer trabalhar ou conhecer o ecossistema do país, há diversos tipos de visto que se adequam às necessidades dos estrangeiros.
Canadá
Das dez províncias que constituem o Canadá, Ontário é a mais importante do país com cerca de 5 milhões de habitantes, sendo uma das maiores potências econômicas do Canadá e o segundo maior polo de tecnologia da América do Norte. O que prova isso são os números da província apresentados por Todd:
Todd explica que o Canadá além de ter estrutura para abrigar as empresas, pode ser uma grande porta de entrada para o mercado norte-americano para as startups brasileiras que pretendem se lançar por lá. “O Canadá tem um acordo de livre comércio com os EUA e com o México, o que facilita muito os negócios feitos entre o país com estes dois mercados”, diz.
Um dos benefícios de se instalar em Ontário é a facilidade com que o empreendedor pode se deslocar para outros lugares do mundo, principalmente para grandes cidades americanas de dentro e fora do Vale do Silício. Só para Nova York, saem 50 voos por dia da província. Cidades como Pequim, Tóquio, Hong Kong, Dubai, Miami, São Paulo, Londres, Zurique e Frankfurt também tem voos diários partindo de Ontário.
Entre os anos de 2011 e 2014, a quantia investida em fundos e capital de risco no Canadá dobrou. Neste último ano, a quantia foi de cerca de dois bilhões de dólares e 932 milhões apenas na província de Ontário. Ano passado, foi a primeira vez em que havia mais capital de risco americano investindo no país do que os próprios fundos canadenses. “Isso mostra que existe um número grande de investidores americanos olhando para o Canadá e querendo investir”, diz Todd.
Em Ontário há três grandes concentrações de empresas que abrigam nomes como Shopify, PiinPoint e Flybits. São eles:
Cluster de Waterloo – Abriga por volta de 500 empresas de TIC, contando com cerca de 17 mil funcionários (6% dos funcionários de TIC de Ontário). As receitas anuais deste cluster são superiores a 30 bilhões de dólares.
Cluster da Grande Toronto – Conta com mais de 13 mil empresas de TIC, e por volta de 158 mil funcionários (56% dos funcionários de TIC da província). As receitas superam os 54 bilhões de dólares anuais.
Cluster de Ottawa – Por sua vez, tem cerca de 2.700 empresas de TIC e abriga 17% dos funcionários desse segmento em Ontário, o que contabiliza 47 mil pessoas. Suas receitas anuais são de mais de 15 bilhões de dólares.
Suécia
Você pode não saber muito sobre a Suécia, mas com certeza conhece o Skype, o Spotify, a King.com (aquela do joguinho Candy Crush), a iZettle, a Mojang e outros tantos unicórnios nascidos no país. Só em Estocolmo, capital sueca, há pelo menos 850 startups seguindo os passos destas grandes. Por tanto sucesso, a cidade só é superada no número de unicórnios, pelo Vale do Silício:
Elsa diz que todo este sucesso para um país tão pequeno, com 10 milhões de habitantes, é devido à cultura. “Está impregnado no cérebro do sueco o seguinte: pra eu conseguir alguma coisa, eu preciso exportar”, diz. Como o país inteiro não tem nem metade da população da capital paulista, a cultura da Suécia exige que desde as grandes empresas às startups, inovem, sejam criativos e criem produtos que sejam atrativos não apenas para o mercado sueco, mas que atraiam interesse global.
Parceria
O mercado sueco está aberto para as startups brasileiras! Em 2015, espaços de coworking em São Paulo e Porto Alegre receberam seminários sobre a experiência na Suécia e oportunidades de cooperação entre os países. Para este ano, já há planos para novos eventos para conectar empreendedores brasileiros e suecos.