Por Bruna Galati
Em 2016, o Google lançou o Campus do Google for Startups, um espaço físico dedicado ao fomento saudável das startups brasileiras. Empresas de todos os tamanhos podiam usar as instalações e realizar eventos sobre tecnologia, além das sessões de mentorias que ocorriam no local. Em razão da pandemia e das medidas sanitárias que foram necessárias, o Campus fechou suas portas em 2020.
Dois anos depois, o espaço reabriu suas portas e, para entender as mudanças que foram feitas, o Startupi conversou com André Barrence, Diretor do Google for Startups para a América Latina.
Nessa nova fase, o espaço não está aberto ao público geral. Agora, o Campus do Google for Startups recebe apenas startups que participam ou que já participaram de alguns dos seus projetos ou iniciativas. Essa mudança tem o objetivo de oferecer um suporte maior aos negócios em estágio mais avançados de desenvolvimento, uma vez que o ecossistema do país evoluiu e amadureceu desde o lançamento do espaço.
“Como muito do networking é feito online e os desafios das startups nacionais se tornaram mais específicos, relacionados à tecnologia e ao negócio, o espaço físico passou a ser usado de forma mais produtiva atendendo às necessidades do ecossistema brasileiro de forma mais endereçada e assertiva”, explica André.
O diretor explica que a existência do Campus do Google for Startups é de extrema importância, uma vez que é um ambiente dedicado integralmente para a troca de experiência entre startups da rede e a construção de relacionamentos de forma presencial, seja por meio da convivência do dia a dia ou dos eventos.
“No entanto, essa é apenas uma parcela do propósito abraçado pelo Google for Startups. Dentro da nossa rede Alumni do Google for Startups, diversos fundadores se colocam à disposição para servir de mentores ou conversar com outras startups oferecendo seu tempo e conhecimento, uma vez que também já receberam esse tipo de apoio no passado e sabem a diferença que isso fez em sua trajetória.”
Para empreendedores que querem se conectar com o Google for Startups, a principal forma é participando dos programas e iniciativas oferecidos. Por este caminho, eles se conectam com experts do Google e outros empreendedores.
“A conexão com o ecossistema é fundamental, assim como com grupos mais nichados, conforme o setor ou tipo de startup, pois assim será possível discutir maiores especificidades sobre o negócio com diferentes empreendedores e, na maioria das vezes, aproveitar esses aprendizados para cortar caminhos e evitar cometer erros já conhecidos”, explica André.
Cases do Google for Startups
Hoje, mais de 330 startups fazem parte da rede do Google for Startups. Com esse vasto portfólio, o Google for Startups tem alguns cases de sucesso. André cita três deles:
Começando pela Gupy, uma startup de RH que usa ferramentas avançadas de Inteligência Artificial para contratação e admissão. A empresa ingressou na rede do Google for Startups em 2017 com menos de 20 clientes e saíram do programa com mais de 50. Atualmente, a Gupy possui mais de 3 mil clientes, entre eles médias e grandes empresas, como a operadora Vivo, Unimed, Embraer e as startups Petlove e Loft.
A segunda citada foi a Creators.llc, startup brasileira investida pelo Black Founders Fund que conecta criadores de conteúdos a empresas através de algoritmos inteligentes e curadoria especializada. Para a fundadora, o aporte do fundo foi de grande auxílio para implementar uma máquina de vendas.
Atualmente, a plataforma conta com mais de 7 mil criadores de conteúdo e lançou, em setembro de 2022, em parceria com o Google, o programa Black Creator Program. O projeto selecionou 100 criadores negros para aperfeiçoarem seus conhecimentos na criação de conteúdo.
Em terceiro, André cita a HartB, uma das mais novas selecionadas para o Black Founders Fund. A startup atua por meio da Inteligência Artificial analisando dados para ajudar empresas a tomarem decisões de forma embasada. Ao ingressar na rede do Google e receber uma grande visibilidade, a HartB fechou um contrato significativo com uma das maiores empresas brasileiras de telecomunicações.
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Programas ativos do Google for Startups
Desde 2016, o Google for Startups ajuda diversas startups. No momento quatro programas estão ativos para apoiar empresas brasileiras:
- Growth Academy – desenvolvido para os líderes responsáveis pela área de growth das startups;
- Google for Startups Accelerator – auxilia startups em estágio de crescimento a endereçarem seus principais desafios técnicos, através de treinamentos nas áreas de produtos e de liderança;
- Cloud Academy – focado na capacitação das startups em soluções em nuvem.
- Black Founders Fund – investe em startups fundadas e/ou lideradas por pessoas negras.
Para André, o Black Founders Fund foi um dos maiores resultados do Google for Startups. O fundo foi criado em 2020 para investir recursos financeiros, sem qualquer contrapartida ou participação societária, em startups fundadas e/ou lideradas por pessoas negras. Desde então, R$ 13,5 milhões já foram destinados para o fundo e 43 startups receberam investimentos.
Convivendo com as startups, o Google viu que o número de fundadores que se autodeclaravam negros e negras era muito baixo em comparação com o de pessoas não negras. “Descobrimos que os fundadores não negros levantavam, em média, rodadas de investimentos 69 vezes maiores em relação às levantadas por fundadores negros. Tudo isso deixou ainda mais evidente que um esforço concreto precisava ser feito para ampliar a representatividade racial.”
Próximos passos do Campus do Google for Startups
André conta que este ano esta repleto de novas turmas nos programas e iniciativas do Campus do Google for Startups. Além disso, eles querem continuar trazendo pautas para discussões e trocas no ecossistema, por meio da divulgação de relatórios que acercam assuntos mais relevantes da atualidade. Um exemplo de discussão é a presença e uso da Inteligência Artificial no ecossistema de startups, assunto levantado durante o lançamento do relatório “O impacto e o futuro da Inteligência Artificial no Brasil”.
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