No último dia 27, durante o evento VC Café organizado pela Bossa Invest que aconteceu no Google for Startups Campus, dezenas de startups e representantes de fundos se reuniram para discutir os intricados processos de fundraising. O painel, intitulado “Desmistificando a Jornada do Fundraising”, teve a participação de Manoela Mitchell, fundadora da Pipo Saúde e Romero Rodrigues, manager partner da Headline Global, em papo moderado por Felipe Caezar, fundador da Hub Local.
A essência do painel girou em torno dos principais pontos de atenção para fundadores na hora de buscarem um cheque, e um deles é a importância de contar uma história envolvente durante o processo de captação de recursos. Manoela Mitchell destacou a função crucial do líder de fundraising como um “storyteller”. Ela enfatizou a necessidade de compreender as expectativas dos investidores e adaptar a narrativa de acordo. “Você não pode contar a história que você quer, porque o fundraising não é sobre você, mas sobre o fundo que investe também”, afirma.
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Romero Rodrigues, cofundador do Buscapé – um dos primeiros cases de sucesso de startup no Brasil – acrescentou um ponto fundamental, alertando que é comum os fundadores fazerem pitches complexos e pouco compreensíveis. Ele enfatizou a importância de explicar o negócio de forma simples e direta. Para ele, o investidor avalia não apenas a proposta de negócio, mas também a personalidade dos fundadores e a dinâmica da equipe. A clareza na apresentação é crucial para obter o apoio financeiro necessário. “O investidor avalia uma série de coisas na hora de assinar o cheque, como a personalidade dos fundadores e a dinâmica do time, e esse polimento muitas vezes falta.”
Os desafios do fundraising
Os participantes também compartilharam experiências de situações desafiadoras e “red flags” que já presenciaram ao longo de suas jornadas no mundo do investimento. Manoela Mitchell, que em 2021 levantou uma rodada de R$ 100 milhões liderada pela Thrive Capital, comparou a captação de recursos a “furar um poço de petróleo”, enfatizando a importância de encontrar a fonte certa de financiamento. “Se você não tem certeza de que esse poço é o que vai te dar o retorno esperado, de repente é a hora de considerar outras formas de levantar capital além do VC”, diz.
Romero Rodrigues trouxe à tona um exemplo do início da história do Buscapé, destacando a necessidade de estratégia e visão de longo prazo na captação de recursos. “Em 2000, levantamos US$ 3 milhões para investirmos em marketing em grandes mídias, para aumentarmos em 10 vezes nossa base de clientes. Mas aumentar a base de clientes não significa que nosso valuation aumentaria em 10 vezes também. A conta não funciona desse jeito”, lembra.
No que diz respeito à preparação para a captação de rodadas, os participantes foram unânimes ao enfatizar a importância do planejamento. Manoela Mitchell aconselhou pelo menos três meses de trabalho intenso do CEO e do CFO da startup, preparando materiais essenciais, como o pitch, Q&A e o data room. Ela enfatizou que entrar em uma rodada sem um data room preparado pode prejudicar as chances de sucesso.
Romero considera uma “estratégia rasa” a de fundadores que parecem estar há longos períodos de tempo em fundraising. Para ele, os fundadores precisam entender a necessidade de se preparar para receber um investimento da mesma forma que se estaria para um processo de M&A. Ele enfatizou que a preparação é um investimento valioso e que os empreendedores não têm nada a perder ao se dedicarem a esse processo com seriedade. “Antes de se ir bater na porta dos fundos, saiba quem são os seus preferidos, faça a diligência para conhecer a tese desses fundos, converse com fundadores que já receberam cheques deles”, completa.
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