A International CES é a maior feira de eletrônicos do mundo. Mas, mais do que isso, o evento que acontece anualmente em Las Vegas dita tendências que são seguidas pelo ano inteiro no mundo da tecnologia.
Por isso, há muito a se observar nela, mesmo que o mundo das gigantes de tecnologia pareça um pouco distante. Afinal, é exatamente na CES que essas empresas mostram os resultados de vários de seus esforços para inovar, muitas vezes tentando agir como uma startup. Além disso, muito do que acontece e é apresentado ali gera um impacto grande sobre o mercado mundial, muitas vezes mudando regras do mundo da tecnologia em geral.
Então, compartilho abaixo algumas observações que fiz sobre a feira, que já cubro há um bom tempo. São considerações que fiz pensando nas lições que as grandes companhias deixam quando mostram todos seus esforços para inovar em um mercado competitivo. Veja:
É possível entrar em novos mercados sem abandonar seus princípios. A Razer é prova disso. Ela agradou a maior parte da imprensa ao apresentar a pulseira inteligente Nabu, com recursos diferentes do que a maioria dos dispositivos deste segmento prometem, se posicionando como um híbrido entre smartwatches e fitness bands.
A companhia é focada em gadgets top de linha voltados a gamers; e então ela anuncia que está trabalhando no novo mercado de tecnologias vestíveis. Isso não seria um tiro no pé? Não nesse caso. Afinal de contas, a pulseira permite grande integração a games, além de trabalhar ainda mais com o mundo do gamefication.
A questão é que a Razer expandiu seu portifólio ao criar um ponto de intersecção entre o mercado de tecnologias vestíveis, o mundo gamer, e ainda criou uma nova categoria de produto, que promete chegar por menos de US$ 100. Saiba mais.
Ainda falando da Razer, ela dá uma outra dica: é sempre importante dar liberdade ao usuário. Quanto mais facilmente o cliente puder personalizar seus produtos, melhor. Não por menos ela também se destacou com outra inovação: o Project Christine, o computador que pode ser montado em módulos. Conheça.
Em um mercado já estabelecido, cada detalhe conta vantagem. E foi isso que vimos na grande atração das feiras: as televisões. O esforço das empresas, principalmente das sul-coreanas Samsung e LG, era mostrar quem tinha a tela mais impressionante.
Para isso, elas se valeram de todas as terminologias marketeiras possíveis: 4K, UHD, 8K, tela curva, etc. O resultado, mais uma vez, foi o destaque na mídia. Veja aqui um bom resumo das televisões que foram apresentadas. Não deixe de reparar como é nos detalhes que as empresas estão tentando encontrar algo novo em um mercado tão manjado e competitivo como o das TVs.
Criar ecossistemas é fundamental. Sempre ouvimos isso com exemplos da Apple, Amazon, Google e Microsoft. Desta vez, quem está se esforçando para fidelizar clientes em um ecossistema próprio e a Sony.
E ela promete interligar todos os seus produtos pelo ambicioso projeto da PlayStation Now, apresentado como uma espécie de “Netflix dos games”. Com ele, a Sony promete disponibilizar todo o seu catálogo de jogos do PS1, PS2, PS3 e PSP em diversos dispositivos da companhia.
É algo que pode afetar radicalmente o modelo de negócios da empresa, principalmente em relação ao PlayStation 4. O Olhar Digital fez uma análise interessante sobre o assunto.
Por fim, mas não menos importante, não pare de investir em seu produto e saiba a hora de lançá-lo. Quando o Oculus Rift surgiu em 2012, ele se mostrou como algo realmente revolucionário, tanto que conseguiu arrecadar nada menos que US$ 91 milhões no Kickstarter.
Mais de um ano se passou e produto ainda não está no mercado. Seus desenvolvedores estão mais preocupados em aperfeiçoá-lo e apenas lançaram um novo protótipo, o Crystal Clove. A estratégia funcionou. Eles conseguiram mais US$ 75 milhões em investimentos e voltaram à CES, ganhando o prêmio de melhor da feira. E isso não é pouca coisa.