Onze veículos de comunicação e mais de 100 jornalistas na Venezuela passaram a participar da Operación Retuit, uma iniciativa que reúne portais de notícias e checagem de fatos, e criaram avatares de Inteligência Artificial que serão utilizados para transmitir informações sobre as eleições venezuelanas de forma segura.
Os criadores da plataforma decidiram se manter anônimos, para evitar conflitos com o governo. A série foi chamada de Operación Retuit porque, na gíria venezuelana, o uso da palavra “Retuit” significa compartilhar conteúdo nas redes sociais.
Jornalista venezuelanos tentam evitar represálias
Os jornalistas estão compartilhando boletins diários que serão apresentados pelos personagens ‘La Chama’ e ‘El Pana’, em vídeos com informações apuradas e checadas por jornais locais. Esta iniciativa é uma resposta estratégica às derrubadas de redes sociais promovidas pelo presidente Nicolás Maduro.
Segundo o Instituto Prensa y Sociedad, desde as eleições, pelo menos sete jornalistas no país foram detidos, dos quais alguns foram liberados, e outros continuam presos sem direito à defesa e acusados sob o uso de leis antiterrorismo.
Desde as eleições, no final de julho, o líder do país proibiu o uso do Signal, pediu que jovens ligados ao partido desinstalassem o WhatsApp, bloqueou o acesso ao X (antigo Twitter) e ameaça fazer o mesmo com o TikTok e o Instagram na Venezuela. Além disso, as repressões direcionadas a jornalistas e veículos de comunicação vem sendo cada vez mais intensas desde o fim das eleições. “Mais de 1.400 pessoas foram detidas em menos de duas semanas, com ao menos 23 mortes durante protestos,” afirmou um dos avatares.
Para conferir os conteúdos criados pela plataforma, acesse o link.
Crise política na Venezuela iniciou após eleições
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições de 28 de julho, com 51,95% dos votos, contra 43,18% de seu opositor, Edmundo González. No entanto, a oposição e a comunidade internacional contestam o resultado divulgado pelo CNE, que é presidido por um aliado de Maduro, e exigem a divulgação das atas eleitorais. Segundo uma contagem paralela realizada pela oposição, González teria vencido com 67% dos votos.
Diante dessa divergência, países como Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai reconheceram a vitória de González. A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se recusou a reconhecer o resultado oficial, apontando indícios de que o governo Maduro distorceu os números das eleições. A OEA afirmou em seu relatório que o regime venezuelano aplicou um “esquema repressivo” para manipular o resultado eleitoral. Em resposta às alegações de fraude, Brasil, Colômbia e México emitiram uma nota conjunta pedindo a divulgação das atas eleitorais na Venezuela, em um esforço para garantir maior transparência no processo.
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