Por Bruna Galati
A sociedade ainda não tem uma ideia muito clara dos impactos que a Inteligência Artificial terá no futuro. O próprio Bill Gates afirma que qualquer tecnologia tão disruptiva certamente deixará as pessoas desconfortáveis. A exploração das possibilidades que essa tecnologia pode gerar ainda está no começo e pode levar alguns anos para vermos resultados.
Lucas Brossi, head de advanced analytics da Bain & Company – consultoria que atua em projetos de IA Generativa – afirma que há 4 pontos da Inteligência Artificial que já chamam atenção. A primeira é que a Inteligência Artificial de ponta ficará disponível para todos. Hoje, as empresas que querem criar modelos de Inteligência Artificial precisam elas mesmas reunir os dados, os especialistas e fazer o treinamento dos modelos. São poucos os players de tecnologia disponíveis no mercado capazes de reunir a qualidade e a quantidade de dados necessários e de recursos computacionais adequados para desenvolver uma IA.
“Para ter uma ideia, uma rodada do GPT-3 custava em torno de dezenas de milhões de dólares. Não é qualquer empresa que consegue rodar essa ferramenta. Mas a customização na ponta das empresas cujo core não é tecnologia fica muito mais simples e acessível. A aplicação de uma Inteligência Artificial ficará mais barata e o diferencial não será a tecnologia”, afirma Lucas.
O segundo ponto é a mudança da experiência e expectativa dos consumidores com o avanço dos chatbots. Hoje, os bots estão cada vez melhores em entender contextos, linguagens regionais e conseguem responder de forma personalizada e interativa, quase como ser humano. Com essa evolução, o especialista acredita que a experiência do e-commerce vai mudar, por exemplo. O consumidor não precisa mais pesquisar, escolher e colocar em um carrinho, ele só precisa falar o que quer e o e-commerce automaticamente fará sua compra.
O terceiro ponto é o surgimento dos assistentes para tarefas através de Inteligência Artificial, como escrever códigos de computador, produzir materiais criativos – imagens e vídeos – e produzir e editar textos. “Não acredito que essa tecnologia vá substituir esses profissionais, mas vai potencializar e dar velocidade às tarefas repetitivas.”
O último ponto é que a Inteligência Artificial deixou de ter o seu hype de “tecnologia que não consegue cumprir as funções que estão sendo vendidas” para se tornar uma ferramenta aplicável hoje em dia. “Isso não é mais uma promessa, ela já é comercial. E já está acontecendo uma corrida das big techs para ver quem domina essa tecnologia mais rapidamente, ou seja, nos próximos meses e anos teremos muitos investimentos e evoluções acontecendo”, afirma Lucas.
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Dois modelos de Inteligência Artificial atualmente
De acordo com o especialista, existem dois modelos importantes dentro do universo da Inteligência Artificial. O primeiro é o foundation models, que consiste em um grande modelo de IA treinado em uma grande quantidade de dados em escala, resultando em um modelo que pode ser adaptado de acordo com o interesse do usuário. Por exemplo, um banco não precisa de um GPT que entenda de culinária, mas pode partir disso e, por meio de alguns processos de treinamento, torná-lo específico para o setor financeiro. Esse processo é mais barato do que criar uma IA do zero e Lucas considera isso uma revolução.
O segundo modelo é a Generative AI, que cria novos conteúdos em vários formatos, como texto, vídeo, imagem, código de computador e áudio, a partir de dados previamente imputados em seu banco de dados. Embora ela talvez ainda não esteja conectada com a internet atual, ela tem um vasto banco de dados já publicado anteriormente na internet.
Em termos mais simples, o foundation models é uma ferramenta que gera respostas com base em dados, enquanto a Generative AI desenvolve novas respostas com base em dados imputados em seu banco de dados. Lembrando que o GPT-3 é um tipo de foundation models e o GPT-4 possui funcionalidades de uma Generative AI. Quanto aos language models, Lucas cita como exemplos a OpenAI, o Google, a Meta, a AI12labs, a Anthropic, a Co:here, a Bloom e a Dolly. Quanto aos image models, ele menciona a OpenAI, a Stability.ai e a Midjourney.
Quais são os produtos da OpenAI
A OpenAI é um laboratório de pesquisa de Inteligência Artificial norte-americano que monetiza suas APIs – interfaces de Programação de Aplicações – que são conjuntos de serviços e funções implementados em um programa de computador, disponibilizados para pequenas e grandes empresas.
Muito se fala sobre o ChatGPT, mas ele é apenas uma camada de bot que roda em cima do GPT. Lucas compartilha as quatro ferramentas da OpenAI: o principal produto é o GPT-4, que já é um modelo multimodal – texto, imagem, código, etc. Em seguida, temos o DALL-E, que a partir de um comando gera uma imagem inédita; o Whisper, que transcreve áudios; e o CLIP, que é uma geração anterior de uma funcionalidade do GPT-4, criando imagens.
Empresas que usam a OpenAI para expandir
A Morgan Stanley, empresa global de serviços financeiros, usa a OpenAI para codificar toda a base de conhecimento do banco, como recomendações de produtos de investimento, e disponibiliza um chatbot para mais de 40 mil assessores de investimento. Assim, eles conseguem estudar o banco de dados antes de conversar com os clientes. “Agora os analistas de investimento têm informações atualizadas do banco sobre fundos, diferentes mercados, produtos, disponíveis por 24 horas através de perguntas e respostas”, explica Lucas.
O Spotify criou uma estação de rádio personalizada. Além de playlists montadas exclusivamente para o usuário, agora ele terá um locutor entregando notícias do seu interesse, sendo possível controlar o estilo da fala dele.
A Coca-Cola usa a OpenAI para o seu processo de marketing, combinando toda a iconografia, material e ativos da marca com o DALL-E e o GPT. O objetivo é criar novas peças com um tempo otimizado e reduzindo custos, mas sempre considerando o resultado um rascunho e não desvalorizando a criatividade dos colaboradores.
A Instacart, empresa que opera serviço de entrega e coleta de supermercado, colocou um ícone em seu aplicativo onde o usuário pode compartilhar sua lista de compras de forma normal ou pode pedir recomendações. Por exemplo: “eu vou dar um churrasco para 12 pessoas no final de semana, o que devo comprar?” O bot retornará com recomendações e quantidade de produtos que devem ser comprados. Depois, a compra é finalizada via chat. “É a compra de ponta a ponta sem precisar pesquisar, escolher o produto, a marca, colocar no carrinho e pagar. No futuro, isso será possível por meio de voz”, informa Lucas.
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