Nos últimos meses, a inteligência artificial (IA) tem sido um tema em ascensão, despertando o interesse e a curiosidade de muitas pessoas. Com avanços significativos nesse campo, o BossaMeet, evento exclusivo para investidores da Bossanova Investimento que aconteceu na quarta-feira (21), trouxe esse assunto para analisar seu estágio atual e as perspectivas para o futuro no mercado.
Para debaterem questões importantes sobre o assunto, foram convidados Glauco Reis, especialista em IA e client engineering da IBM, Monica Magalhaes, chefe de estratégia na Disrupta e Valter Wolf, diretor presidente da Associação brasileira de inteligência artificial.
Glauco Reis iniciou as discussões falando sobre as IAs generativas. Ao adentrar o campo das IAs generativas, o nível de respostas incertas e imprecisão aumenta. “É essencial compreender que o ChatGPT, por exemplo, nunca fornecerá uma resposta correta em todas as ocasiões, assim como nós, seres humanos, também não somos infalíveis em nossas respostas e somos nós, seres humanos, que treinamos essas IAs”.
Outro ponto abordado foi a diferença na forma como toleramos falhas humanas em comparação com as falhas da IA. Glauco destacou que, quando um veículo Tesla se envolve em um acidente devido a um equívoco gerado pela IA, a notícia se espalha rapidamente pelos meios de comunicação. No entanto, quando uma pessoa alcoolizada causa um acidente de carro e tira a vida de pessoas, esse fato muitas vezes não recebe a mesma atenção da mídia. Parece que toleramos as falhas humanas, mas somos intolerantes em relação às falhas da inteligência artificial. Por que isso acontece?
Segundo Glauco, isso se deve a uma mudança significativa na história da computação. Os computadores foram originalmente criados para realizar tarefas com precisão, corrigindo erros humanos. Eles foram projetados para serem precisos em todas as suas ações. Mas com a introdução das IAs generativas, as imprecisões acontecem. “As IAs generativas são usadas para criarem arte. Quanto mais imprecisa a arte, mais bonita ela se torna. É nesse contexto que as IAs generativas estão ganhando destaque, pois são capazes de dominar o campo da imprecisão”.
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Inteligência artificial veio para ficar
Avaliando se a inteligência artificial como inovação disruptiva veio para ficar ou não, Monica Magalhaes ressaltou a velocidade exponencial do avanço tecnológico da IA. Quando ela testou a primeira vez o ChatGPT em novembro de 2022, ele não era capaz de passar nos exames das principais faculdades dos Estados Unidos – quatro meses depois ele estava passando em quase todas. Monica apontou que a acessibilidade da IA abrange uma faixa etária ampla, de 7 a 70 anos, o que amplia ainda mais seu impacto e a torna disruptiva.
Além disso, Mônica explicou a importância do aprendizado em vídeo para a IA. Atualmente, a maioria dos modelos de aprendizado de máquina é baseada em texto escrito, mas quando a IA começar a consumir e processar vídeos, as possibilidades de avanço serão ainda maiores.
Investimentos em startups de IA
Glauco considerou importante os investidores avaliarem startups que trazem soluções de IAs que não substituem o ser humano, mas sim avançam seu potencial. Ele descreveu a IA como uma ferramenta capaz de lidar com grandes volumes de dados e consolidar informações. Por exemplo, no campo da pesquisa sobre câncer, a inteligência artificial poderia reunir todas as pesquisas científicas disponíveis no mundo e destacar os aspectos comuns encontrados nesses estudos. Em seguida, um pesquisador poderia analisar essas informações e continuar a investigação.
Monica destacou três setores promissores para a inteligência artificial generativa e para os investidores avaliarem: marketing, desenvolvimento de software e desenvolvimento de produtos. Essas áreas se beneficiam da capacidade da IA generativa de impulsionar a criatividade e a inovação.
Além disso, Mônica mencionou a demanda crescente por assistentes virtuais no setor de recursos humanos (RH), tanto para fins financeiros quanto para melhorar a comunicação interna nas empresas. A produtividade e a assistência proporcionadas pela inteligência artificial são fatores que impulsionam o sucesso dessas soluções no ambiente corporativo.
Valter Wolf complementou a lista de mercados atraentes para investimentos em IA. Ele mencionou os setores de agritech (agricultura e tecnologia), martech (tecnologia de marketing), edtech (tecnologia educacional) e lawtech (tecnologia jurídica) como áreas promissoras para aplicação da IA.
Inteligência artificial nas Eleições
No contexto das eleições, a influência da IA no comportamento do eleitorado foi discutida pelos especialistas. Glauco ressaltou que o que influencia as pessoas nas eleições não é necessariamente a IA em si, mas a estatística. As pessoas podem tomar decisões com base em informações estatísticas, como optar por votar em outro candidato se o favorito estiver com 80% das intenções de voto. A IA pode influenciar o eleitorado de maneira semelhante à forma como a estatística influencia qualquer indivíduo.
Monica alertou para o problema das fake news e sua relação com a inteligência artificial. Ela expressou preocupação com a inundação de notícias falsas e destacou que muitas pessoas não conseguem distinguir as informações geradas por IA. Nesse sentido, o debate regulatório torna-se fundamental. É necessário discutir como criminalizar e punir aqueles que produzem e disseminam fake news. No entanto, Monica reconheceu o desafio de encontrar um equilíbrio entre a regulação necessária e a preservação da inovação. Ela relembrou a importância de não bloquear o desenvolvimento da tecnologia, ao mesmo tempo em que se busca garantir a segurança e a confiabilidade das informações.
IA na educação
O debate terminou com uma reflexão sobre o uso da inteligência artificial na educação. Glauco reforçou a necessidade de repensar os métodos de ensino tradicionais, nos quais os alunos são solicitados a buscar informações pré-concebidas e simplesmente reproduzi-las como respostas. Segundo ele, esse tipo de abordagem educacional já deveria ter sido abandonado há duas décadas, uma vez que contribui para a formação de indivíduos analfabetos funcionais.
Para transformar a educação, Glauco ressaltou a importância de os professores adotarem uma nova abordagem, na qual a IA e o ChatGPT, desempenham um papel complementar. Ele sugeriu que os professores utilizem a IA como uma ferramenta para estimular a comparação de situações e o pensamento crítico nos alunos. Os estudantes podem explorar o ChatGPT e trazer para a sala de aula as diferenças fundamentais entre as situações analisadas.
Essa abordagem incentiva os alunos a explorarem o conhecimento de forma mais profunda, desenvolvendo habilidades de análise, síntese e argumentação. Os professores fomentam esse tipo de pensamento crítico e exploratório, capacitando os alunos a utilizar a IA como uma ferramenta de aprendizado complementar e não como uma substituição do processo educacional.
Comitê de IA da Bossanova Investimentos
Além do debate sobre Inteligência Artificial, o evento foi para divulgar o novo comitê de IA da Bossanova Investimentos. O mercado de tecnologia e investimentos está em ebulição com a Inteligência Artificial, que está transformando todos os setores.
O financiamento de risco para IA aumentou 15% no último trimestre do ano passado, segundo relatório State of AI 2022 da CB Insights. Aliás, mesmo com a desaceleração vista no mercado de VC no ano passado, 2022 foi um ano recorde para investimentos em startups voltadas a esta tecnologia, chegando a US$ 2,6 bilhões em 110 negócios.
A Bossanova também investiu em algumas excelentes startups no período e, de olho na tendência, abre novas oportunidades nesse sentido. A maior Micro Venture Capital da América Latina deve investir em 10 a 15 startups, com um ticket médio de 300 a 500 mil.
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