Por Bruna Galati
No Brasil, mais de 72 milhões de pessoas não tem cobertura pelo programa de atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), o que corresponde a 34% da população, de acordo com um levantamento conduzido pelo Instituto de Estudo para Políticas de Saúde (IEPS). Além disso, dentre esse grupo, pelo menos 33,3 milhões de indivíduos não têm acesso a planos de saúde privados.
A resposta para a busca por uma solução que englobe mais pessoas no sistema de saúde deu surgimento com a Hilab, uma healthtech curitibana especializada em Point-of-Care Testing, que desenvolve dispositivos capazes de realizar exames em questão de minutos, com apenas algumas gotas de sangue.
Os exames de sangue possuem um papel de extrema relevância na prática médica, influenciando cerca de 70% das decisões tomadas por profissionais de saúde e representando 94% dos dados objetivos utilizados por essa área. A percepção dessa significativa necessidade no país motivou a Hilab a adentrar a área da saúde de forma inovadora, integrando-a com tecnologias para desenvolver soluções voltadas para exames laboratoriais.
Soluções da Hilab
A Hilab se destaca por fornecer exames laboratoriais remotos. Tais exames são realizados por meio de coleta capilar, um procedimento minimamente invasivo que faz apenas um pequeno furo na ponta do dedo, sem necessidade de agulhas ou punção venosa, proporcionando uma experiência mais confortável para os pacientes. Todos os dispositivos são validados por profissionais médicos e possuem a aprovação da Anvisa.
No processo, profissionais de saúde coletam uma amostra de sangue a partir da ponta do dedo. As informações dessa amostra são transmitidas via internet das coisas para o laboratório central da startup, onde o exame passa por uma dupla verificação, primeiro através de inteligência artificial e em seguida por um especialista em hematologia. Por fim, o resultado é enviado para o paciente via SMS e e-mail, tudo isso em um prazo de meia hora, enquanto o método tradicional pode levar até 12 ou 48 horas para produzir um resultado.
Marcus Figueredo, CEO e cofundador da Hilab, destaca a contribuição da inteligência artificial nesse processo: “O banco de dados da inteligência artificial é baseado em aprendizado de máquina, ou seja, ele aprende a cada novo exame realizado em um paciente. Por exemplo, nossa máquina de hemograma utiliza IA para analisar as células vermelhas, células brancas e plaquetas presentes na amostra. Posteriormente, um médico fornece uma segunda opinião e elabora um diagnóstico com base nos resultados obtidos.”
Equipamentos Hilab
A Hilab dispõe de diversos dispositivos portáteis que operam de maneira complementar, a fim de oferecer um serviço laboratorial abrangente. O Hilab Lens, por exemplo, é um leitor de exames através de microscopia digital, especialmente desenvolvido para realizar hemogramas, entregando os resultados em cerca de 30 minutos. Este dispositivo é o menor de sua categoria no modelo point of care para exames de Hemograma Completo.
Já o Hilab Flow consiste em uma plataforma de análise laboratorial compacta, utilizada para detecção e/ou quantificação de diversos analitos por meio de imunocromatografia ou colorimetria. O tempo médio para liberação de resultados é de aproximadamente 30 minutos. Entre os exames realizados estão COVID-19 Antígeno, Beta-hCG, TSH, Hemoglobina Glicada, Vitamina D e Perfil Lipídico.
O Hilab Molecular se destaca como o menor e mais rápido dispositivo de biologia molecular disponível no mercado. Empregando a técnica PCR-LAMP, é capaz de identificar e detectar RNA ou DNA de agentes patogênicos, como o coronavírus, em amostras biológicas. A metodologia é similar ao RT-PCR, porém proporciona resultados em até uma hora.
Representando o Brasil nos Estados Unidos
No mês de julho, a Hilab participou do AACC – Annual Scientific Meeting & Clinical Lab Expo, um dos principais eventos globais voltados para a medicina laboratorial, sediado na Califórnia. Durante o evento, foram apresentados dois novos produtos que em breve serão lançados no mercado brasileiro.
O Hilab Volt opera com base em eletroquímica e realiza a leitura de um eletrodo que interage seletivamente com a amostra, gerando um sinal elétrico de relevância analítica para a respectiva análise. Isso permitirá avaliar índices de cálcio, sódio, potássio, ferro, glicemia, entre outros.
O Hilab Wave, por sua vez, utiliza espectrofotometria, uma técnica de análise óptica que mensura quantitativamente a absorção de luz pelas soluções, sendo empregada em investigações de cunho biológico e físico-químico. Com esse dispositivo, torna-se possível conduzir uma variedade de exames, incluindo fósforo, magnésio, colesterol, vitamina D e até mesmo a detecção de malária.
Marcus reforça a relevância da participação da Hilab no evento: “A participação no nosso primeiro evento internacional foi uma experiência incrível, especialmente pela oportunidade de apresentar nossa inovação no mercado global. O feedback foi extremamente positivo, com uma receptividade surpreendente de diversos lugares do mundo. Acreditamos que estamos abrindo caminhos para empreendedores que desejam unir ciência e tecnologia no Brasil”, afirma Marcus, que diz que a startup foi um dos destaques da feira.
“O brasileiro não está acostumado a liderar globalmente o segmento de tecnologia, mas a realidade atual nos oferece a oportunidade de fazer exatamente isso. A mudança desse paradigma é crucial para o Brasil, assim como foi quando nos tornamos referência em vacinação. É hora de mudar essa narrativa e mostrar que temos o potencial de liderar no cenário tecnológico.”, diz.
Hoje, a Hilab está em todo o Brasil, em cerca de 1.500 cidades, e está em negociação com alguns pilotos fora do país, tendo o seu primeiro piloto lançado no passado na Europa. Já foram realizados mais de 6 milhões de exames.
Democratizando o acesso à saúde
Pensando na sua missão de democratizar o acesso a saúde para todos, a Hilab faz missões para regiões que muitas vezes não tem recursos na área da medicina. Recentemente a startup fez mais uma missão no Xingu, levando exames laboratoriais para as comunidades indígenas locais em parceria com uma ONG.
A solução da Hilab já chegou em diversos locais que não tinham acesso a esses exames, como Betânia do Piauí no Sertão Brasileiro, comunidades ribeirinhas do Paraná e diversas comunidades indígenas nas regiões, além de Xingu, Yanomanis, Auarais e outros.
“A startup faz parcerias com diversos atores da saúde, com farmácias, clínicas, hospitais, órgãos governamentais e ONGs para possibilitarmos que os pacientes nessas regiões mais afastadas tenham acesso a nossa tecnologia de saúde sem precisar fazer deslocamentos extensos”, explica o CEO.
Ao trazer a análise sanguínea para perto das comunidades, a startup contribui para a otimização dos cuidados de saúde e a democratização do acesso aos exames, promovendo uma transformação significativa na realidade dessas populações.
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