Conversei com William Hertz, co-fundador da agência de marketing digital apis3 (com seu irmão Douglas, ex-funcionário da Google) e realizador do evento de mentoria Startup Polinize, que teve uma edição durante a Semana Global de Empreendedorismo (em novembro).
O mercado já conhece casos de inovação aberta e de aquisições, então nesta conversa exploramos sobre como as empresas tradicionais podem fazer sinergia com startups por meio de mentoria.
Como os empreendedores de startup estão hoje em relação aos empreendedores de grandes negócios tradicionais? O que eles tem em comum, e de diferente?
O profissional que se dedica a uma startup precisa de algumas características que talvez sejam ótimos diferenciais para um empreendedor em mercados clássicos, como por exemplo: resiliência, flexibilidade, gestão de risco e agilidade. Estas virtudes são condições para se atuar de forma competitiva neste mercado de startups em que modelos de negócios são reinventados com alto grau de instabilidade e, em alguns casos, com investimentos externos, o que demanda habilidade de gestão. Mas novamente, estas são virtudes provavelmente almejadas em todos os mercados.
O que um tipo de empreendedor pode ter para oferecer ao outro?
Em termos de trocas de conhecimentos acredito que, pelo empreendedor de mercados clássicos poder ter experiências de gestão de capital e equipes contemplando um cenário de longo prazo, pode trazer ao empreendedor de startup aprendizados em termos de leitura de cenário, melhores práticas, bases de perfil de comportamento de stakeholders prioritários, uma vez que a atuação estável de sua marca pode gerar um padrão de atuação com seus públicos de interesse.
De outro lado, o empreendedor de uma startup, que costuma ter um perfil inquieto e questionador, pode ser uma boa referência em termos de inovação e reciclagem de métodos e processos. O foco em iteração e a falta de receio de cometer erros pode levar a processos de inovação incrementais bastante significativos, o que pode ser incorporado em diversas oportunidades em empresas de perfil tradicional realimentando processos e bancos de melhores práticas.
Este tipo de troca já é uma prática comum no mercado?
Algumas iniciativas vem sendo encorajadas com o espaço que o empreendedorismo e, em especial, o empreendedorismo digital vem ganhando no Brasil e no mundo. Iniciativas como o Polinize, que propiciam encontro presencial para aprendizagem coletiva em rodadas de discussão orientadas por temas, ou mesmo programas com foco em elaboração de projetos vem crescendo e ganhando espaço na agenda de pessoas com alto perfil de transformação. Mas ainda vejo que em sua maioria são iniciativas tímidas, frente às oportunidades que elas podem proporcionar.
Que tipo de setores tem mais abertura – e quais tem menos abertura – para isso?
Não vejo uma restrição em termos de mercado, embora alguns setores sejam claramente mais abertos e demonstraram canal aberto desde o princípio, como mercados de tecnologia e adjacentes. Setores B2B poderão ser altamente beneficiados com o crescimento deste intercâmbio, na minha opinião. Certamente setores de serviços financeiros, saúde, logística, entre outros, tem muito a ganhar e experimentar.
O que é o programa Startup Polinize?
Este é um programa de mentoria que a apis3 lançou no último Polinize, com a Endeavor, Grupo Fleury e empresas parceiras com objetivo de contribuir com o empreendedorismo no Brasil. Será um ano de acompanhamento da startup escolhida, a Allpago. O programa passa por diferentes temas e a equipe Allpago poderá interagir com profissionais gabaritados nestes temas. Os aprendizados serão compartilhados na fan page da apis3 no FB, para que todos possam aprender com o processo.