* Por Henrique Carbonell
No início de 2021, o varejo brasileiro pareceu um pêndulo de relógio, mas, em vez de ir e voltar em um eterno tique-taque, abriu e fechou igualmente de forma sistêmica em razão da pandemia de covid-19. A boa notícia é que, após mais de um ano do avanço do novo coronavírus, esse movimento está prestes a parar. Após a empolgação com a campanha de vacinação nos primeiros meses do ano, seguida pelo endurecimento das medidas de restrição e isolamento social, o comércio reabriu suas portas e, ao que tudo indica, a retomada será para valer. É hora, portanto, de encarar novos desafios – e a gestão financeira é a grande aliada nesse sentido.
O pêndulo traz previsibilidade ao relógio, mas não ao lojista. A cada reabertura ou suspensão das atividades, ele precisava driblar as dificuldades para manter as vendas em dia em diferentes canais. São obstáculos com que ele estava pouco, ou quase nada, acostumado, como entrega de pedidos, canais digitais de atendimento, entre outros pontos. Mas nada que se compare ao controle das finanças. De uma hora para outra, o estabelecimento passou a fazer transações em diversos lugares, cada um deles com um meio de pagamento específico. Qualquer descuido fazia o varejista pagar taxas desnecessárias nas compras por meio de cartões ou, pior, não administrar o fluxo de caixa, colocando em risco toda a operação.
Mas as dificuldades sempre trazem aprendizados importantes. De problema no abre e fecha do comércio brasileiro, a gestão financeira passou a ser a principal ferramenta para o crescimento do varejo no pós-pandemia. O segredo para essa mudança de status é bem simples: o controle das receitas e despesas passou a ser mais rigoroso e não é mais visto como algo isolado na estrutura do negócio. Em outras palavras: os gestores precisam analisar diariamente suas movimentações e, principalmente, avaliá-las de acordo com outros indicadores, como movimentação de fluxo, campanhas de marketing e até logística em alguns casos. A palavra de ordem é reduzir desperdícios, fazer o famoso “mais com menos”.
Essa vai ser a base para o crescimento de qualquer empresa do varejo nos próximos meses e anos, principalmente com a esperada retomada econômica. Até porque as perspectivas são as melhores possíveis para o crescimento do setor. Os dados do Índice de Performance do Varejo (IPV) divulgados em maio de 2021, que organizamos em parceria com a FX Data Intelligence e a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), indicam que os consumidores estão retornando às lojas físicas, principalmente aquelas que melhor se prepararam diante da doença. Tanto o percentual de fluxo de consumidores quanto o de vendas cresceu em abril de 2021 na comparação com o mesmo período de 2020 (o primeiro mês completo de quarentena no país).
Evidentemente essa projeção otimista não vai cair do céu para os varejistas. Para que a gestão financeira impulsione o crescimento do estabelecimento, é preciso contar com as soluções adequadas. Não há mais espaço para quem faz o controle de forma manual ou, no máximo, em uma planilha do Excel. Para recuperar valores em processos de conciliação de cartões e identificar em tempo real o que entra e o que sai do caixa, é preciso ter uma boa plataforma de tecnologia, capaz de digitalizar os processos burocráticos e oferecer relatórios com insights importantes para os gestores. É preciso ter mais inteligência e menos burocracia nessa tarefa.
Mesmo diante de um movimento de transformação digital, a loja física segue exercendo influência considerável nos hábitos de compra dos brasileiros. Há alguns anos, muitos decretavam o fim desse modelo de negócio devido à ascensão dos canais digitais. A pandemia de covid-19 mostrou justamente o contrário: é a partir dos estabelecimentos que a operação omnichannel se desenvolve. Desde que, para isso, o varejista mostre o cuidado e o planejamento necessários para a gestão financeira do seu negócio.
Henrique Carbonell é sócio-fundador e CEO da F360º, empresa especializada em sistema de gestão financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e médio varejo.