O mercado de fintechs, marcado pela volatilidade, manteve seu crescimento e expansão em 2023, dispondo R$ 21,1 bilhões em crédito, montante que representa um aumento de 52% em relação ao ano anterior. As conclusões são da Pesquisa Fintechs de Crédito Digital 2024, realizada entre a Associação Brasileira de Crédito Digital – ABCD e a PwC Brasil.
A quarta edição do estudo revela que o resultado pode ser atribuído à resiliência e à capacidade de adaptação das empresas do segmento diante de um momento econômico adverso, marcado por uma taxa básica de juros alta.
As fintechs conseguiram reduzir os juros cobrados em sete categorias de crédito para pessoas físicas. O cartão de crédito rotativo oferecido pelo setor apresentou taxa de juros de 242,4% ao ano, o que contrasta com a média nacional divulgada pelo Banco Central, de 440,8% anuais.
“Após a pandemia, as pessoas entenderam que podem consumir serviços financeiros de forma diferente, acostumando-se com novos métodos de pagamento como o PIX, que facilitou a adoção mais ampla das transações digitais. Esse fato contribui para que os consumidores se movam cada vez mais para um cenário sem dinheiro físico. A experiência digital provou ser eficaz e valiosa também para o fornecimento de crédito”, analisa Francisco Ferreira, presidente da ABCD.
Fintechs e taxa de juros
De 2020 a 2023, houve redução nas taxas de juros para crédito com e sem garantia para clientes PJ, movimento que indica que o setor tem conseguido reduzir juros para estes perfis ano a ano. Apesar das taxas mais elevadas do que a média do mercado, as fintechs demonstram competitividade no cenário geral, especialmente em categorias de créditos para PJ, com menores taxas de juros no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito.
A pesquisa ainda indica forte demanda por soluções de crédito digital. Entre 2020 e 2023, o setor registrou crescimento de 79% no número de clientes pessoas físicas, chegando a 46,7 milhões no Brasil e quase 7 milhões no exterior. Diante deste contexto, 58% das fintechs de crédito que participaram da pesquisa classificam-se como consolidadas, registrando faturamento anual ou investimento total acima dos R$ 20 milhões. O crescimento também é demonstrado através dos quadros de funcionários. Atualmente, 35% das fintechs de crédito têm mais de 150 funcionários.
“Na edição passada da pesquisa, percebemos uma preferência das fintechs por produtos financeiros considerados mais seguros, acompanhada de uma cautela na gestão do crédito e uma retração no crescimento. Já em relação a 2023 notamos que a cautela está sendo deixada para trás. Começamos a observar um retorno aos produtos com maior risco, que permitem às empresas diversificar e explorar o mercado de forma mais ampla”, ressalta Willer Marcondes, sócio Strategy& e líder de Consultoria em Serviços Financeiros da PwC Brasil.
O estudo também revela que o percentual de empresas que ofertam soluções tanto para clientes pessoa física quanto pessoa jurídica voltou a crescer no ano passado, chegando a 42%, 17 pontos percentuais a mais do que em 2022.
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