Ontem encontrei o COO do programa de aceleração de empresas Start-Up Brasil promovido pelo MCTI, Felipe Matos. Sim, ele está triste que o edital não tenha sido lançado na data prevista, 31 de março, mas também muito feliz com outras coisas.
Como começou a participação de Felipe
“Quando me contataram para saber se eu ia aceitar o trabalho no programa, fiz duas perguntas. Primeira: preciso trabalhar de terno? Pois eu realmente não trabalharia de terno. Segunda: preciso me mudar para Brasília? Por enquanto estou indo bastante para lá, mas em breve poderei ficar em uma instalação do MCTI em Campinas, pólo de inovação onde eu moro, com pessoas colaborando”.
O clima em Brasília
“Quando comecei o trabalho em Brasília, obviamente senti uma diferença com relação ao ambiente de startups ao qual eu estava acostumado. É muito mais formal, cheio de processos para fazer as coisas. Mas não tem nada a ver com incompetência, ao menos entre as pessoas que conheci até agora. O Rafael Moreira, por exemplo, é super competente no assunto, viajou para diversos pólos de inovação do mundo, leu tudo sobre o assunto, entende mesmo do assunto e é super caxias, quer tudo certinho para termos o melhor programa de apoio a startups do mundo. Ele também conhece bem o ambiente do governo, soube conseguir o apoio necessário para o programa. Além de nós dois trabalhando diretamente para o Startup-Up Brasil, há ainda o José Henrique Dieguez, que manja tudo do que podemos fazer e o que não podemos; é ele quem escreve os editais e nos ajuda muito quando precisamos ver de qual forma podemos fazer alguma coisa.
Também gostei muito de ver que o pessoal leva o trabalho totalmente a sério. É muito normal estarmos trabalhando junto até 10h da noite, e até de madrugada o pessoal responde emails”.
O “peso” da máquina
“Aprendi que o governo tem sua enorme burocracia para evitar abusos. Se não tivesse tantos controles, poderia ser bem pior. No nosso caso, es quiséssemos sugerir ao governo um tipo novo de instrumento jurídico para realizar o programa, teríamos de esperar tipo dois anos para conseguir começar a realizar. Por isso, olhamos todos os formatos disponíveis e selecionamos este formato de bolsa do CNPq porque é o melhor para o empreendedor.
No momento, o pessoal do jurídico está analisando o edital. Imaginamos que leve mais umas duas semanas, mas não sabemos. É uma pena, porque tudo estava andando conforme o planejado”.
A escolha das aceleradoras
“Os critérios divulgados foram seguidos e acabamos podendo selecionar estas nove aceleradoras, que tem seus perfis diferentes entre si. Isto é uma aposta, estamos confiantes que conseguirão fazer um bom trabalho pelos empreendedores participantes. Algumas já tem sua metodologia comprovada, outras tem bastante experiência em outras coisas relacionadas a criação de startups e apresentaram bons planos para seguirem como aceleradora. Quando se trata de startups, não há como ter certeza absoluta de qual vai ser a forma que tudo vai dar certo, mas estamos bem confiantes no papel que estas aceleradoras vão desempenhar, para podermos ter o melhor programa de aceleração de startups do mundo”.
O dinheiro para os empreendedores
“Vi que tem muito empreendedor com dúvida sobre as bolsas. As startups que forem aceitas no programa vão receber o dinheiro, mas não vai ser via aceleradora, vai ser direto na conta do empreendedor. Foi a forma mais prática encontrada para agilizar todo o processo. Também tem empreendedor reclamando do valor das bolsas, que é gradual – conforme a formação e o tempo de experiência – mas eles precisam ver que os valores destas bolsas para os empreendedores do Start-Up Brasil são bem maiores que os valores normalmente praticados pelas bolsas do CNPq. Elas geralmente pagam um pouco mais de mil Reais para quem só tem a graduação, mas as nossas já iniciam em dois mil e quinhentos, e podem chegar a oito mil. Quem criticou que agora é necessário ser doutor ou mestre para ser empreendedor, está enganado: está bem claro na tabela que até mesmo quem não tem graduação pode receber bolsas de oito mil Reais, desde que tenha experiência. Enfim, pode não ser ideal e perfeito, mas é bastante significativo”.
O edital e as inscrições
“Ainda não posso dar detalhes do edital, até porque ainda não está aprovado, mas posso adiantar uma coisa. Como vamos usar a plataforma do CNPq para as startups brasileiras se candidatarem ao Start-Up Brasil, temos de lidar com o que temos. Vai haver um campo perguntando o valor requisitado para o projeto, e a gente já está divulgando desde o início que é até duzentos mil Reais. Pode pedir menos sim, mas isso não é critério para nós. O fato é que este campo para o empreendedor preencher não estará programado para barrar valores acima de R$ 200 mil. Gostaríamos de alterar isso, mas talvez não houvesse tempo hábil. Não vamos selecionar nenhum projeto que solicite mais de duzentos mil Reais, então o empreendedor precisa ter este cuidado na hora de preencher. Assim que o edital por publicado, avisaremos a todos para que os interessados se candidatem”.
E o que mais
“Pretendemos fazer alguns encontros públicos para que os empreendedores possam ir e tirar dúvidas sobre a participação no programa. Ao longo do ano, também teremos momentos em que as aceleradoras vão se encontrar para compartilhar aprendizados, os empreendedores também farão isso. Pretendemos até levar os empreendedores para serem recebidos pela Dilma! Estamos desde o início fazendo este trabalho de conversar com as aceleradoras, para que participassem, para que o programa aconteça da melhor forma, com os melhores participantes e o melhor envolvimento. Eu acredito que vamos conseguir mesmo fazer o melhor programa do mundo!”