Esse caso parece ter saído de um filme. Em abril, o New York Times noticiou que um fornecedor havia comprado e implantado uma ferramenta de espionagem feita pela NSO, uma empresa de hackers israelenses, para uso do governo dos Estados Unidos. Na época, funcionários da Casa Branca disseram que desconheciam o contrato e colocaram o FBI em encarregado de descobrir quem poderia estar usando a tecnologia. Acontece que a investigação acabou e descobriu-se que, na verdade, foi o próprio FBI que contratou a ferramenta.
O software em questão, conhecido como Landmark, permitia que o governo dos EUA rastreasse e monitorasse pessoas no México, sem o conhecimento ou consentimento delas. O acordo para a ferramenta de vigilância entre o contratante, Riva Networks e NSO foi concluído em novembro de 2021. Apenas alguns dias antes, o governo Biden havia colocado NSO em uma lista de proibições do Departamento de Comércio. Durante anos, o spyware da NSO foi abusado por governos de todo o mundo, diz o NYT.
O que diz o FBI
“Como parte de nossa missão, o FBI tem a tarefa de localizar fugitivos em todo o mundo que são acusados nos tribunais dos EUA, inclusive por crimes violentos e tráfico de drogas. Para conseguir isso, o FBI contrata regularmente empresas que podem fornecer assistência tecnológica para localizar esses fugitivos que estão escondidos no exterior”, diz um comunicado do FBI.
Depois da reportagem do veículo, o FBI afirmou que usou a ferramenta involuntariamente e que a Riva Networks enganou a agência e o contrato foi rescindido. Entretanto, ainda não está claro quais outras agências, além do FBI, podem ter usado a ferramenta ou o porquê dessa contratação.