Este é um artigo com a minha opinião sobre o que o Facebook está apresentando e sobre a reação das pessoas.
Vamos voltar um pouco no tempo. Era agosto de 2009 e Mark Zuckerberg estava no Brasil promovendo a API Facebook Connect, que passou a permitir a outros sites a inserção de widgets com funcionalidades sociais (alimentadas pelo Facebook e baseadas totalmente em perfis pessoais e relacionamentos). A empresa promoveu até uma competição entre desenvolvedores.
Eu tinha ido encontrá-lo em um hotel para entrevistá-lo especificamente sobre as estratégias que ele vinha comentando em profundidade em revistas como a Wired. Que estratégias? Especialmente a mais fundamental de todas: desde o início, o Facebook vinha se posicionando como concorrente do Google, oferecendo organizar as informações do mundo de acordo com os contatos que cada pessoa tem, alternativa oposta a organizar as informações do mundo de forma aberta (proposta da Google, que, na área social, já contava com o Orkut, Groups e Blogger mas ainda não tinha lançado Wave, Plus e a função de curadoria social ao lado dos resultados das buscas).
Foquei meus esforços na diferença inicialmente categórica entre essas duas abordagens, ao invés de questionar sobre as expectativas sobre o número de usuários (comparando com o Twitter, que também estava em crescimento no Brasil, e o Orkut, que ainda era o rei das redes sociais). Pela reação de Zuck (ele apertou minha mão dizendo “great questions”), parece que eu, a Wired, etc entendemos bem este fundamento. Ou seja, desde seu surgimento em 2004, o Facebook já consiste em informações restritas a grupos de amigos, mas ainda em setembro do ano passado (durante o Techcrunch Disrupt – veja cobertura) Zuckerberg assumiu que ainda não tinha conseguido resolver uma forma de buscar as informações curadas pelos relacionamentos dentro da rede. Agora, o gigante anuncia seu mecanismo de busca no grafo social, mas, ao menos de minha parte, há controvérsias.
A novidade
A função de busca social ainda está em beta privado. Por enquanto, funciona apenas para quem usa o site no idioma inglês norte-americano – mas não para todo mundo. Como em português brasileiro não funciona, mudei meu perfil mas mesmo assim não adiantou, pois há fila de espera. Entretanto, em uma página de divulgação, eles oferecem uma degustação.
A única coisa que a degustação faz, toda vez, é uma busca pré-programa por amigos que também moram na minha cidade. Até aí, tudo bem. É uma prévia. Nem está pronto. Mas estranhei bastante o fato de o resultado da busca estar claramente equivocado. No meu perfil na plataforma, informei (no local especificado) que moro em São Paulo, e mesmo assim a nova busca do Facebook me mostrou que o Felipe Matos (fundador da Startup Farm, em transição para assumir como COO do Startup Brazil) também reside em São Paulo, quando o perfil dele está claramente preenchido (e mostrado) como Campinas. Ok, nem tudo está perdido, pois o Gil Giardelli e a Bia Granja, que também apareceram na busca, moram mesmo em São Paulo e tem seus perfis preenchidos desta forma.
Mesmo assim, este protótipo, que ainda está em teste com um número limitado de pessoas, e aparentemente ainda não é defensável, já mostra a que veio. Comparei este resultado com a busca atual que está ativada no meu perfil (e no perfil de todos que ainda não tiveram acesso à nova busca). O resultado é bastante diferente – veja na imagem. A busca atual faz uma busca textual utilizando o buscador Bing da Microsoft (ainda não “contextual” com base nos relacionamentos, usando-os como filtro, delimitação do universo de busca).
Conclusão
O Facebook Social Graph Search é tudo de bom? Ainda não há como saber, mas parece que vai ser bem diferente do que oferecem hoje. Funcioona diferente e apresenta diferente, falta ver ainda se vai servir de verdade ao que se propõe, de uma forma suficientemente diferente não apenas do que o Facebook faz hoje, mas suficientemente diferente do que todos os outros sites de informações curadas fazem hoje (seja AirBnB, seja Kekanto, Locamob, Wup). Significa: o Facebook é incrível mas desde 2004 tenta entregar isso, e ainda não consegue. No que hoje depende do Facebook, o futuro da busca continua em aberto.