Fabiano Nagamatsu nasceu em Palmeira D’Oeste, cidade de 9 mil habitantes no interior do estado de São Paulo, a mais de 500 quilômetros de distância da capital. “Nasci em uma família humilde. Comecei a trabalhar ainda novo, vendendo sorvete, vela na época do feriado de Finados, até jabuticaba por litro… Como as vendas de tudo eram muito disputadas, por ser uma cidade pequena, a gente tentava se reinventar”, conta.
Além de vender diversos produtos, Fabiano também foi garçom, chapeiro, operador de caixa e trabalhou em oficina mecânica. Mas foi durante seu curso técnico, em Programação, que ele percebeu o que sempre o acompanhou: espírito empreendedor e paixão pela inovação. Então, Fabiano Nagamatsu saiu de sua cidade natal e foi para Jales, cidade vizinha, estudar.
“Quando eu fui pra Jales, eu morei em uma casa meio precária, perto de um cemitério e, depois, com o meu irmão, nos fundos da empresa de gás onde ele trabalhava. O dono nos permitiu morar lá porque era uma região que tinha muitos roubos e, como eu ficava com a luz ligada até tarde, estudando, as pessoas achavam que era um segurança. Sempre gostei muito de estudar, sempre quis dar tudo de mim”, conta. Eventualmente, Fabiano comprou esse depósito em que morou, e esse lugar se tornou um dos maiores distribuidores de gás da região.
Com uma bolsa de estudos, Fabiano (que também quase completou uma faculdade de Teologia), ingressou para uma empresa júnior. Ali, passou a desenvolver pesquisas de mercado, aprendeu muito sobre consultoria e se formou em Administração, com especialização em Marketing e Recursos Humanos. “Na época, eu recebi uma premiação do Conselho Regional de Administração como melhor aluno”, conta. A partir desse reconhecimento, Fabiano Nagamatsu foi convidado para começar a dar aulas como professor substituto e, hoje, é referência em sua área.
Em novembro de 2011 e com o empurrãozinho de sua esposa – a quem Fabiano se refere diversas vezes durante a entrevista: “ela é meu coração” -, ele ingressou em um programa do Sebrae para se tornar um consultor de negócios. Lá, ele ficou por quase 7 anos auxiliando empreendedores. Só no Sebrae, Fabiano deu mais de 6 mil horas de mentorias. “Eu almoçava rápido, para poder usar até o meu horário de almoço para dar mentoria”, relembra.
Já em 2018, depois de sair do Sebrae, Fabiano foi integrar o time do Centro Universitário da Grande Dourados, Mato Grosso do Sul, e se tornou Gerente de Inovação e Startups da instituição. “Eu dava palestras sobre inovação no auditório várias vezes por dia, e também comecei a avaliar TCCs de alunos. Nas bancas, comecei a levar alguns amigos investidores e, ali mesmo, eles investiam nas ideias dos alunos. Então eu percebi que a gente precisava colocar essas ideias desses alunos para se tornarem empresas.”
E assim nasceu a aceleradora Inova Unigran, em 2019, que se tornou uma das 10 melhores do Brasil. Hoje são cerca de 15 startups em aceleração, mais de 70 capacitações realizadas e mais de 15 mil pessoas impactadas pela iniciativa.
Outro projeto encabeçado por Fabiano Nagamatsu é a Osten Moove, aceleradora Venture Builder do Osten Group, um dos principais grupos automotivos do segmento premium no Brasil. Além de aporte de capital, a aceleradora também desenvolve Hackathons, matchmakers, treinamentos techs e aceleração de pessoas de acordo com as necessidades estratégicas das organizações.
Fabiano Nagamatsu e seus próximos passos
Durante seus anos de atuação no ecossistema empreendedor, Fabiano já mentorou mais de 8 mil empreendedores. “Eu não tive um ‘marco de entrada’ nesse mercado. Quando eu vi, já estava aqui”, conta. Seu papel já lhe rendeu o posto de finalista do Startup Awards, na categoria Mentor do Ano, por dois anos consecutivos. Mas, para ele, seu principal reconhecimento é receber um feedback positivo de um empreendedor. “Quando a gente vê que ajudou a transformar a vida de alguém, a paixão de alguém, não tem preço que pague.”
Por ter empreendido diversas vezes e visto de perto as dores e as vitórias de milhares de empreendedores brasileiros, ele deixa uma lição: “a gente não precisa ser bom em tudo. A gente tem que ser profundo em uma coisa e amplo para todas as outras.”
Para o futuro, ele quer continuar a empreender. “Por vir de baixo, eu sempre falo que Deus faz as coisas certas. A gente vem de baixo não é por acaso. Por isso, quero me envolver mais em projetos sociais, trabalhar com pessoas vulneráveis, e ajudar a partir do empreendedorismo. Contribuir para uma sociedade mais justa, saudável e inovadora.”