O Empreendedorismo por Aquisição (ou ETA – sigla para entrepreneurship through acquisition, em inglês), é uma modalidade de fazer negócios que tem se tornando cada vez mais assunto das discussões sobre inovação, e tem tudo para se tornar um formato comum de empreendedorismo no Brasil.
O que é o Empreendedorismo por Aquisição?
Quem explica é Arthur Garutti, cofundador da Fabenne e sócio da ACE Aceleratech. “O mecanismo é simples: você estuda empresas que já têm estabilidade de geração de caixa e faz um modelo muito similar do que é o private equity. A diferença é que você aplica a mesma lógica em empresas de pequeno e médio porte, com canais já definidos e produtos com margens altas”, comenta.
Assim, empreendedores mapeiam negócios com potencial para aquisição e, após a compra, investem em aplicar processos inovadores dentro da empresa, com o objetivo de alavancá-las. “O empreendedor entra no negócio, aplica um modelo de gestão diferente do que era com o antigo proprietário, geralmente colocando inovação no negócio. Em um ciclo menor, esse empreendedor gerou mais valor e múltiplos de saída melhor”, diz Arthur.
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Por que o ETA é uma tendência?
Para Arthur, o Empreendedorismo por Aquisição está encontrando no Brasil um terreno fértil para florescer. “Estamos encerrando um círculo virtuoso do ecossistema, em que os Fundos já estão estabilizados, os exits já estão acontecendo e tem muito empreendedor experiente que já sabe quais são as dores de criar um negócio do zero, mas tem a mentalidade inovadora. Por outro lado, tem muitas empresas no middle market que são boas, geradoras de caixa, mas que fazem negócios ainda sem aplicar muita inovação.”
Assim, o objetivo do ETA é unir as duas pontas, colocando empreendedores experientes e com mentalidade inovadora para adquirem negócios mais tradicionais, mas que geram caixa. Assim, o risco de implementar processos inovadores é mais baixo, uma vez que a empresa adquirida já é parte de um mercado já consolidado.
Em que fase estamos?
Por enquanto, ainda há poucos cases de ETA no Brasil, mas já existem fundos, nascidos nos últimos anos, cujo objetivo é mapear essas empresas pra adquirir. “No caso dessas entidades, é montado um fundo para adquirir uma empresa específica, e o dono do fundo assume a gestão. A tendência é que esses fundos e essas aquisições cresçam cada vez mais”, comenta Arthur.
Ao contrário de um acqui-hiring, em que as empresas são adquiridas por empresas maiores, com o objetivo de incorporar as forças de trabalho, o ETA tem uma motivação diferente, já que quem comprar a empresa vai assumir totalmente a gestão. “O perfil das empresas que são compradas em uma transação de Empreendedorismo por Aquisição geralmente é o mesmo: atuam em grandes mercados endereçáveis, mas não estão digitalizadas. Há áreas com grande apetite para esse modelo, como varejo, consumo e serviços de consultoria, por exemplo”, explica.
O perfil dos empreendedores que praticam a modalidade também costuma seguir um padrão: geralmente são empreendedores que já conhecem os dilemas e desafios de criar um negócio do zero, e é um movimento normalmente buscado mais tarde na vida profissional de uma pessoa, depois que ela ganha experiência operacional e uma rede profissional mais robusta. “Em breve ouviremos cada vez mais casos de ETAs no Brasil’, prevê Arthur.
Como aprender a fazer ETA?
Ainda não temos cases muito grandes e marcantes no Brasil sobre ETA, uma vez que o Empreendedorismo por Aquisição ainda é algo recente. De acordo com Arthur, o case que mais se aproxima do modelo é o da Pet Anjo, adquirida por Wagner Agudo, empreendedor que fez um ‘turnaround’ da empresa – um processo de recuperação do valor e da performance empresarial -e, depois, vendeu para a Cobasi. “A Pet Anjo foi fundada por 2 empreendedores, foi acelerada pela ACE, e depois de um tempo o Wagner fez a aquisição, levou a empresa para um outro nível e daí concluiu a venda”, comenta.
“Uma empresa como a Pet Anjo é o que precisávamos para completar nosso marketplace e oferecer aos nossos clientes um ecossistema completo. Com esta aquisição, passamos a ter o maior e mais completo marketplace do segmento pet no Brasil”, contou Paulo Nassar, cofundador e CEO da Cobasi, na época da aquisição.
O jeito mais fácil de aprender sobre como realizar um ETA de forma estruturada é por meio de cursos. Existem cursos específicos concebidos apenas em torno do empreendedorismo de aquisição, por exemplo, das universidades Chicago Booth ou o ETA Club da Harvard Business School.
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