A Fundação Dom Cabral (FDC) divulgou recentemente os resultados de um estudo inédito sobre a produtividade das médias empresas (MEs) no Brasil. Realizada por meio do Centro de Inteligência em Médias Empresas, a pesquisa coletou dados de 491 companhias de médio porte, abrangendo os setores da indústria, comércio e serviços.
Entre os principais desafios identificados, destaca-se a escassez de mão de obra qualificada e a limitada adoção de tecnologia como fatores que afetam diretamente o desempenho dessas empresas.
Principais desafios por setor
Um dos dados mais relevantes do levantamento mostra que 85% das médias empresas industriais enfrentam dificuldades em encontrar mão de obra qualificada. A falta de trabalhadores capacitados para ocupar posições-chave nas operações industriais tem sido uma barreira constante para o aumento da produtividade nesse segmento.
Já no setor comercial, o maior desafio reside na falta de capital próprio para investimentos, mencionado por 58% das empresas entrevistadas. A pesquisa aponta que muitas empresas dessa área não conseguem financiar melhorias em processos e infraestrutura, o que limita seu crescimento e competitividade no mercado.
Por outro lado, no setor de serviços, a pesquisa revela que o investimento em tecnologia é especialmente baixo, representando apenas 6,6% do faturamento das empresas.
Dado o papel cada vez mais relevante que a tecnologia desempenha na otimização de processos e no atendimento ao cliente, a baixa adesão a inovações digitais pode estar prejudicando a eficiência operacional e o desempenho geral das empresas de serviços.
Produtividade e as alavancas de crescimento
O estudo utilizou o EBITDA por colaborador como métrica central para avaliar a produtividade das MEs. Esta métrica foi escolhida por refletir a eficiência com que cada funcionário contribui para o lucro da empresa.
A pesquisa identificou seis fatores principais que impulsionam a produtividade: capacidade de gestão, capital humano e gestão de recursos humanos, tecnologia, processos, perfil da empresa e o ambiente externo.
No caso das empresas industriais, a qualidade da gestão e a adoção de processos otimizados, como o lean manufacturing e o Six Sigma, são vistas como essenciais para a melhoria da produtividade.
Empresas que implementam essas metodologias conseguem reduzir desperdícios e aumentar a utilização de sua capacidade fabril, resultando em maior eficiência operacional.
Tecnologia e gestão de capital humano
No setor de serviços, o capital humano é visto como o principal ativo para aumentar a produtividade. O estudo sugere que as empresas de serviços devem investir não apenas na contratação de profissionais qualificados, mas também na capacitação contínua de seus colaboradores, visando elevar o nível de serviço e otimizar o uso de tecnologias emergentes.
Além disso, programas de incentivo, como a participação nos lucros, foram mencionados como ferramentas eficazes para motivar e reter talentos, melhorando o desempenho da equipe. A pesquisa também destacou a importância da adoção de tecnologias de automação e inteligência artificial em todos os setores.
No entanto, as médias empresas de serviços e comércio ainda fazem investimentos limitados em soluções tecnológicas, o que acaba restringindo sua capacidade de crescer e melhorar seus resultados.
Variação de produtividade e perfil das empresas
Outro dado interessante levantado pelo estudo é a variação da produtividade entre empresas de médio porte com diferentes níveis de faturamento. As empresas de menor faturamento tendem a ser menos produtivas em comparação com aquelas de maior porte, principalmente nos setores da indústria e do comércio.
Além disso, o estudo revelou que as empresas de alta produtividade nos setores de serviços e comércio são, em sua maioria, mais jovens, o que sugere uma correlação entre inovação e produtividade.
O estudo da Fundação Dom Cabral oferece um panorama claro dos desafios enfrentados pelas médias empresas brasileiras e apresenta soluções que podem impactar positivamente a produtividade dessas organizações.
Investir em gestão de qualidade, tecnologia e capacitação de colaboradores são medidas cruciais para o crescimento sustentável. As médias empresas, por seu papel vital na economia nacional, precisam se adaptar rapidamente a essas mudanças para se manterem competitivas em um cenário de negócios cada vez mais dinâmico e exigente.
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