Por Bruna Galati
Jorge Azevedo tem mais de 20 anos de experiência em Gestão de Riscos no setor de consultoria nas maiores instituições financeiras do Brasil. Em 2016 foi demitido e, como o contrato dizia que não poderia trabalhar no setor pelos próximos seis meses, buscou alternativas para continuar atuando no mercado. Se juntou com um colega e fundou a Legal Bot, startup que nasceu com o objetivo de resolver desafios das empresas.
A startup foi acelerada pela Startup Farm, que ficava no Google Campus, e no fim da jornada Jorge foi convidado para voltar para o setor de consultoria, então, passou de fundador da empresa para investidor – e sua jornada como investidor-anjo começou.
Hoje, Jorge é investidor da Bossanova Investimentos e da Urca Angels, com mais de 400 startups no portfólio, além de ser mentor. O Startupi conversou com o investidor-anjo para entender melhor sua trajetória como investidor e o que ele busca quando escolhe investir em um negócio.
Startupi: Qual é sua tese de investimentos?
Jorge Azevedo: Eu olho o produto, o mercado e a equipe. Então, o primeiro ponto que avalio é se os fundadores são pessoas que passam confiança e eu analiso se eles têm um potencial para sustentar um negócio. O segundo ponto é se aquela startup está ingressando em um mercado onde há potencial de crescimento. E por fim, avalio o produto e o diferencial que ele trará para seus clientes. Em geral, eu invisto em fintechs e em healthtechs.
Como funciona sua mentoria?
JA: Estou no conselho de algumas startups que investi e eu costumo acompanhá-las uma vez a cada 2 ou 3 meses. Meu objetivo é saber a dificuldade que a startup está passando e através da mentoria ajudá-la a superar o problema sem sofrer grandes consequências. Nesses quase 6 anos de investidor e mentor percebo alguns pontos que são obstáculos para as startups: o primeiro é que os projetos são grandiosos demais. De início, a tendência é que o primeiro produto que a startup desenvolver será jogado no lixo, então o fundador não pode gastar todas as suas energias e financeiro nesse primeiro teste, ele precisa ser rápido e objetivo para entender os erros e melhorar para a segunda, terceira, ou quarta versão;
Vejo também que há muitas pessoas que não querem tomar grandes riscos de início, querem ter a ideia e logo em seguida buscam investidores para apoiar o teste. O certo é que primeiro o fundador coloque seu dinheiro no negócio, entenda se seu produto funciona, coloque em prática, tracione e quando estiver validado, aí sim ele pode buscar por investimento, principalmente quando o valuation dele estiver adequado. Então, de início, é importante ser cirúrgico nos seus gastos, porque não terá um investimento por trás.
Outro ponto que vejo bastante é quando os fundadores têm perfis parecidos e não mostram ter uma característica complementar, além de que tem vezes que só há um fundador e a tendência, sem um parceiro para estimular, é desistir quando encontrar uma dificuldade pelo caminho. Então é importante encontrar um parceiro no mercado que traga habilidades distintas – talvez um com habilidades em marketing, outro em desenvolvimento de aplicativos ou de planejamento – para que em conjunto eles tenham sucesso.
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Quais dificuldades você encontra ao avaliar startups?
JA: O primeiro ponto é se a startup já está tendo tração ou não e se ela já está totalmente validada, porque às vezes você se depara com startups que ainda estão no estágio inicial e é difícil avaliá-la para ver se será uma boa investida. Também percebo que há muitas startups interessantes no mercado, mas suas soluções são facilmente copiáveis, não valem o investimento. Outro ponto que afeta muito é quando o sócio não está totalmente comprometido, não conhece bem o negócio, isso atrapalha na decisão da investida. E por fim, se o captable está ruim, o empreendedor precisa arrumá-lo antes de buscar investimento.
Os piores caso de investimento que tive foram aqueles onde ajudei a estruturar o negócio, a startup passa pelo processo de validação e no final o investidor percebe que o sócio não está comprometido. Uma dica para os investidores: nós precisamos saber a hora de parar, a hora de sair de uma investida, porque quando o negócio começa a tomar muito tempo, esforço e você não percebe a mesma dedicação do fundador, é hora de parar.
Qual é a importância de grupos de investidores-anjo para investimentos em startups?
JA: Os comitês ou grupos de investidores-anjo são interessantes porque a pré-seleção das startups que serão investidas é muito boa. Quando você avalia uma startup para investir sozinho, muitas vezes você deixa passar alguns pontos e com um comitê, a curadoria é mais intensa e você tem um grupo complementar, cada um olha por uma ótima, cada um tem especialidade em um setor, essa junção permite que a ótica de gestão de portfólio seja melhor.
Do que se trata seu último livro?
JA: O meu quarto e mais novo livro é o “Como nasce uma startup: O passo a passo para criar um negócio de sucesso e altamente lucrativo”, eu escrevi sobre esse tema porque dando mentorias e avaliando pitchs percebi que os fundadores de startups sempre tinham as mesmas dificuldades. Existem pontos que são básicos, mas se não forem percebidos, os fundadores acabam cometendo erros.
E o livro fala sobre essa primeira jornada para montar uma startup em 60/90 dias. O passo a passo mesmo, filtrar as ideias para ficar com o que é essencial; como se adaptar aos clientes; como montar um primeiro produto sem gastar muito dinheiro; com usar tecnologias que já existem no mercado, como faz todo processo de validação, validar clientes, testar canais de comunicação e como construir uma equipe. Depois de passar por essas etapas, o empreendedor já tem uma primeira estrutura do seu negócio, o segundo passo é entender quanto ele vale, saber o valuation é necessário. Depois é o momento de estruturar seu modelo de negócio e por fim, os dois últimos passos são fazer o pitch e buscar investimento. No livro eu ainda trago uma pesquisa de como funciona a mente dos investidores, o que eles pensam, o que acham que é importante, o que é bom no pitch e o que não pode acontecer.
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