Por Bruna Galati
Equity, na tradução livre para português, é Patrimônio Líquido. No mundo dos investimentos em startups e empresas é interpretado como um “pedaço” de uma empresa, o direito de propriedade sobre uma empresa, seja ela de capital aberto ou fechado.
As ações das companhias de capital aberto são negociadas na bolsa e quem compra se torna sócio e passa a ter determinados direitos de acordo com o tipo de título. Por exemplo, as ações ordinárias dão o direito do investidor de votar em assembleias de acionistas. Já as ações preferenciais permitem que o investidor receba dividendos.
Já nas empresas de capital fechado, os investidores podem obter participação por três formas: private equity, venture capital ou equity crowdfunding.
Por ser um “pedaço” de uma empresa, o equity é de suma importância, pois explica como o “bolo” está distribuído e quais são as regras de controle da companhia. Martin Lima, VP na Indicator Capital e cofundador da Emerging VC Fellows, explica que nos investimentos de Venture Capital, esse movimento também é conhecido como stage financing, onde existe uma dinâmica de investimentos minoritários ao longo da evolução da empresa.
Em cada um dos estágios de maturação de uma startup – rodada anjo, pre-seed, seed, series A, B, C, etc –, cada novo investidor aporta capital, representando de 10 a 20% da empresa, diluindo os acionistas anteriores. “Uma das regras mais importantes para fundadores é manter controle sobre essa diluição, para não perder o controle da empresa logo na largada”.
Confira aqui o Mídia Kit do Startupi!
Por que calcular o equity durante uma rodada de investimento?
O conceito de uma rodada de investimentos é captar dinheiro em troca de ações da companhia (equity). Para isso, o fundador precisa calcular quanto a empresa vale (100% do valor ou valuation dela) e entender quanto da empresa ele vai vender e por qual valor. Martin dá um exemplo: “Defini que minha empresa vale R$ 50 milhões e vou abrir mão de 10% dela para um investidor que aporte R$ 5 milhões.”
O especialista reforça também que existem formas criativas de aportar dinheiro em uma startup sem definir um valuation e só depois de ter esse investimento convertido em ações, postergando o exercício de valorar a empresa. “É o tal do SAFE que tantas startups usam. Essa modalidade de investimento é bastante comum no early-stage, onde calcular o valor de uma empresa ainda sem receita e com tantos riscos não é tão trivial e muitas vezes nem faz sentido.”
Quem define o equity de uma empresa?
O valuation é o preço de algo e ele se resume ao valor que alguém está disposto a pagar pela startup ou empresa. “Para empresas listadas na bolsa, isso fica bem claro no preço da ação, onde o mercado entra em consenso sobre o valor do equity de uma empresa”, diz Martin.
Ele esclarece que no mercado privado, a definição do valuation vai depender do estágio da empresa: “é muito diferente valorar uma empresa nascente que não gera receita e outra que já está em uma etapa de crescimento acelerado.”
Se a empresa vai seguir o ‘VC track’ e levantar capital com fundos, no começo da jornada existem algumas referências padrão de mercado para valorar a empresa. Lima exemplifica: Quero captar uma rodada seed R$ 5 milhões para executar o meu plano de crescimento dos próximos 2 anos e para isso estou disposto a abrir mão de 20% da minha empresa, consequentemente, minha empresa “vale” R$ 25 milhões.
“Conforme a empresa vai evoluindo, gerando receita e crescendo, cada vez mais você tem outras metodologias para definir o valor do equity: Fluxo de caixa descontado (DCF), múltiplos de receita, de EBITDA, análise de comparáveis (CCA) ou até avaliar os ativos da empresa”, completa.
Qual a diferença entre private equity, venture capital e equity crowdfunding?
Martin explica que apesar dos modelos de negócio de fundos de Private Equity e de Venture Capital serem similares, existem muitas diferenças conceituais entre eles. A começar pela maior similaridade, tanto PEs como VCs fazem dinheiro comprando equity de startups na esperança de que no futuro possam vender essas ações por um preço maior e lucrar nessa diferença de preço.
Agora o tipo de empresa que eles investem e como é sua atuação nas empresas investidas difere bastante. Enquanto VCs na maioria das vezes buscam empresas de base tecnológica com potencial de crescimento exponencial e compram stakes (pedaços de equity) minoritários, os PEs muitas vezes compram fatias de controle ou stakes bem maiores, para que possam ter mais influência nas decisões estratégicas das startups. Sendo assim, buscam empresas bem maiores e bem estabelecidas em tecnologia.
Já equity crowdfundings são ferramentas para pessoas físicas – na maioria das vezes – fazerem investimentos em equity de forma mais organizada e em escala. “Em vez de ter que eu mesmo buscar as oportunidades de investimento, estruturar as regras da rodada, contratar advogado, negociar termos, etc. eu simplesmente entro em uma plataforma que já faz tudo isso para mim”, explica.
Como investir em equity?
O VP da Indicator Capital informa que jeito mais fácil de investir diretamente em equity é comprando ações de empresas listadas, dado que, via corretoras, o investidor consegue ter acesso a centenas de oportunidades de investimento de forma centralizada.
Outra forma fácil de ter exposição ao equity, mas de forma indireta, é via fundos, onde um gestor vai escolher uma cesta de ativos para investimento e dilui o risco de algum desses investimentos não dar retorno. Ele ressalta que nessa modalidade o investidor paga uma taxa de administração para esse gestor.
A forma menos simples de ter acesso a equity é fazendo investimento direto em empresas que ainda não abriram capital. Nessa modalidade, o próprio investidor procura as oportunidades de investimento e negocia termos e condições de entrada. “Quando falamos de investimento em startups, nessa modalidade o investidor é conhecido como ‘anjo’, já que muitas vezes ele também aporta expertise no negócio e ajuda os fundadores durante a sua jornada”.
Como validar se o valuation de entrada do investidor faz sentido?
Se o investidor quer analisar se o valuation de entrada dele faz sentido, Martin explica que um bom caminho é “fechar o gap” entre o presente e o futuro: “Tudo bem, ninguém faz um fluxo de caixa descontado de uma empresa em uma rodada anjo, ou vai fazer um múltiplo de receita de uma startup que ainda nem fatura. Mas o exercício teórico de imaginar rodadas subsequentes dessa empresa, como a empresa vai crescer em termos de receita te ajuda a concluir se o valuation ‘chutado’ do early-stage tem o potencial de evoluir para um valuation racional daqui 2 ou 3 rodadas de investimento.”
Martin completa que por conta de todas as incertezas que investidores de early-stage têm, eles estão bem mais preocupados com a capacidade do time de executar uma visão e o tamanho do mercado que estão atuando do que efetivamente os detalhes de operação da startup.
Acesse aqui e saiba como você e o Startupi podem se tornar parceiros para impulsionar seus esforços de comunicação. Startupi – Jornalismo para quem lidera a inovação.